Há algo de muito estranho com o tempo. O ligeirinho está cada vez mais apressado. Acabou 2003 quase num piscar de olhos de Cronos! Quem cumpriu à risca as próprias expectativas ou metas que planejou no início do ano: parabéns. Percebo, entretanto, que grande parte das pessoas ficaram apenas no campo da idéia, ou sequer caminharam nesse sentido.
Nesse céu cinzento, durante a nostalgia do pór do sol - na barra multicor do horizonte néon - há um certo clima de que a vida é uma viagem, o nosso ser é o avião e o tempo é o vóo constante até a aterrissagem no chão da morte. A tempestade e turbulência parecem atribular quase todos os aviões. Ainda há o mito do Triàngulo das Bermudas (uma área no Oceano Atlàntico, próximo à Florida, onde muitos navios, aviões e pessoas desapareceram). Muitos temem viver o presente e se perdem nas densas celas do passado, deixando de usufruir desse nosso curto momento, pois a vida, por si só, não é o bastante, é preciso sentir, agradecer, dizer o que merece ser dito, para não ter que se fazer elogios póstumos, expressar o melhor sentimento de amor e paz, eliminar as raivas imperdoáveis que sempre atormentam o motor desse avião.
Se afirmo que o tempo já está abreviado e acelerado, o faço com respaldo científico, salvo engano, do cientista Alfred Bowlnus, da Universidade de Oxford, dizendo num extenso artigo, que "o tempo não é mais o mesmo... a rotação da Terra dura cerca de 19 horas tomando-se como padrão a medida temporal de dez anos atrás... O eixo de rotação e translação está com um diferencial negativo, propiciando a duração mais curta de um dia". Resta provar ainda se este tempo reduzido também redunda em brevidade da vida. O cientista está quase certo que sim, e que as atribulações constantes são sinais de que o mundo descaminha em um ciclo que está se fechando.
O microbiólogo português João Pedro de Magalhães, da Universidade de Namur (Bélgica), sugere que a juventude só não ficou abalada nos répteis, porque que há fortes indícios de que as alterações temporais causaram envelhecimento precoce em diversos animais, principalmente os mamíferos.
Stephen Hawking, físico e cientista da Universidade de Cambridge, diz que "a fronteira da física se deslocou... há mudança de estado da matéria. É possível que o universo primitivo tenha passado pelo que chamamos de uma fase de transição".
Para quem não quer saber de papo ficcionista de escritor, está aqui ilustrado este breve relato, gabaritado por brilhantes cientistas, cientes de que não há muita explicação para tudo. Penso que uma resposta de reticências vale mais que uma conclusão precipitada no abismo da ignorància. Espero que você tenha mais tempo, ou que o tempo lhe dê mais espaço até mesmo para conhecer as grandes verdades da vida.
Termino com a curiosa Lei de Murphy: "tudo leva mais tempo do que todo o tempo que você tem disponível".