Primeiro dia de aula.
Escola novinha em folha.
Vinte salas e um laboratório.
Laboratórios de escolas públicas são só para enfeite. Jamais são usados.
Alunos de conjuntos de habitação, favelas e chácaras.
O professor com a lista na mão chama aluno por aluno de sua turma. Mães afobadas querem saber quem será o professor de seu filho. Uma delas, falante e direta, comenta com a amiga: - Graças a Deus, agora vou ter um pouco de sossego. Não aguentava mais as artes do Juninho lá em casa.
Distante do grupo, a diretora, fala à secretaria: esta mãe está encaminhando uma ferinha para a escola. Anote o nome dela que vamos precisar de gente para o voluntariado da unidade escolar.
De repente, um grito de dor. Todos olhando em direção ao banheiro dos meninos. O que será? Um menino gritando desesperadamente no dia de inauguração da Glória?
O mestre já socorria o garoto, quando chega a direção.
- Deixe ver professor, deixe ver, estou acostumada com isto. Não é a primeira vez que encontro um garoto sem cueca com o prepúcio preso no zíper da calça. Depois disso, sem susto, todo mundo batendo papo e animando a inauguração do primeiro dia de aula da escola pública do jardim Paraíso.