DOR COLADA
Perdido no meio
de tantos carros,
pisando em lama,
em escarros,
és tu, menino.
Perdido na vida
de tantas dores,
sofrendo tanto,
sem ter amores,
és tu, criança.
Perdido no mundo
de tanta pobreza
herdada dos pais,
cruel natureza
és tu agora.
Estende a mão
para pedir,
ou para roubar,
que tens barriga
à reclamar.
E na falta do pão,
engana a fome
na cola cheirada.
E dorme tranquilo,
alma abandonada,
corpo esquecido.
Riva
31/05/06 |