Acordei-me nessa tranqüila tarde de domingo e me surpreendí com toda família sentada em cadeiras postas na calçada. Alí passavam conhecidos, paravam, sentavam e participavam de um papo como se estivessem, "ainda", em uma cidadezinha do interior. Fiquei alheio entre a preocupação e a interessante surpresa. Como se sabe, a violência está muito grande. Todo cuidado é pouco. De repente pode surgir o inesperado. Fui até a calçada e percebí a alegria de todos. Até parecia uma confraternização de visinhos. Ali fiquei e passei tambem a participar da conversa. Assuntos variados, tratavam das últimas do cotidiano do bairro, incluindo a política.
A partir do momento em que passei a ouvir e a falar, fui ficando mais tranqüilo, descontraído, mais seguro e até mais satisfeito com a vida. Ao contrário da televisão que não apenas degenera a juventude e, sobretudo, isola a família, aquele reencontro familiar e contatos com visinhos que vivem isolados entre elevadas paredes de muros, procurava resgatar a comunicação e a saudável convivência harmoniosa e solidária que devem destingüir o homem dos demais animais.
Em meio a tudo isso, eu fui tomado de uma reflexão que me deixou bastante interrogativo. É que tenho 60 anos, e sempre que é preciso eu desço e subo escadarias até mesmo correndo se se fizer necessário. E sempre que concluo a minha tarefa, invariavelmente, eu me pergunto: até quando? Humildemente, ainda que seja devagar, desejo-me uma boa distância. Não terei pressa em alcançar esse dia.
Entretanto, uma lembrança me levou a estabelecer esse comparativo, qual seja, a pergunta; até quando? Vale também para o bate-papo, com cadeiras na calçada, ainda que se dê sob o sol calorento de uma tarde de domingo: até quando? |