Abandonado (*)
Doce bem, fico chorando
E remoendo a dor de quando
Me partiste o coração.
Decisiva aquela hora
Em que, fera, foste embora.;
Para mim, foi tudo vão!
Quis falar: fica comigo,
Sou mais do que teu amigo,
Planejo um sonho de amor.;
A vida findar não vai,
Serei esposo e até pai...
Sê minha, seja o que for!
Preferiste outro caminho,
Deixate-me tão sozinho
Lamentando a perda e mais...
Nem te referiste aos bens.;
De certo, uns poucos vinténs
Que não te importam jamais.
Sem nenhum jeito, fico
Solitário a pagar mico,
Como se fosse culpado.
Realmente, é desolador
Ter perdido imane amor
E viver abandonado!
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(*) Brasília, DF, 19/08/1974.
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