ASMÁTICA
Um dia, te respirei
de forma aflita.
Era você, meu ar,
respiração bendita.
Te suguei, aspirei
tão sôfrego, carente.
Guardei-te cá dentro,
prá te sorver sempre.
E não reparei que fugias
pelas frestas de mim.;
não notei a diferença
do ar, aos poucos ruim.
Um dia, então acordei.;
faltou-me o ar sagrado.
Procurei em todo canto,
infeliz, desesperado.
Percorri aflito o corpo,
veias, ossos, coração.;
dei por mim, respirando
os gases da solidão.
Procuro agora migalhas,
por piedade deixadas.
A alma asmática chora,
cansa à toa, abandonada.
Riva
22/05/06 |