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Artigos-->Ex libris -- 08/09/2002 - 00:05 (Cláudia Azevedo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos








Em latim, ex libris significa “dos livros”, ”dentre os livros de”. Ele é uma marca, um título de propriedade que identifica os livros de uma pessoa ou de uma biblioteca.Às vezes a expressão ex Iibris contida na etiqueta é substituída por outras similares, tais como: ex dono, ex museu, da biblioteca de, ou mesmo omitida, como sucede em geral com as marcas inglesas. Com a mesma finalidade que os ex libris adesivos, ou propriamente ditos, usam-se também carimbos (especialmente nas bibliotecas públicas) em branco ou a cores, nos frontispícios dos livros, e marcas estampadas a ouro ou a seco nas pastas das encadernações plenas (super-libros).



A primeira fase do ex libris foi a manuscrita nos livros, com o nome da pessoa ou entidade à qual pertencia a espécie bibliográfica, ou com uma frase mais ou menos extensa, em que se declarava quem era o dono do exemplar, por vezes de forma jocosa ou ameaçadora.



Há ainda aqueles que escrevem "este livro pertence à fulano de tal". Este processo de definir a posse, geralmente em uso entre colegiais é, infelizmente, ainda empregado por numerosos possuidores de livros e bibliotecas, que agindo assim inconscientemente desvalorizam seu patrimônio.



A dúvida sobre a colocação ou não do hífen fica sanada por Carlos Pastorino, citado por Manuel Esteves, quando, no "Boletim da Sociedade de Amadores Brasileiros de Ex Libris" afirma que entre os dois vocábulos não há hífen por serem duas palavras latinas distintas: "ex" (= de, dos) e "libris" (=livros). Se houvesse o hífen, o sentido ficaria alterado como nas expressões ex-alunos, ex-diretor, isto é, "não mais alunos" ou "que já foi diretor", daí "ex- -libris" viria a ser "não são mais livros". E o mais importante: em latim não existe hífen. Em alguns países esta expressão se aculturou, como no Oriente. Esse selo de posse pode aparecer colado na face interna da capa, no rosto ou ante-rosto do livro, ou aposto na parte externa da sua encadernação, tomando, geralmente neste caso, a designação de super libros.





Inicialmente os ex libris, além do nome do dono, sua profissão, cargo ou ordem a que pertencia. Depois, as assinaturas passaram a ser acompanhadas de desenhos realizados na técnica de gravura. Os primeiros ex libris foram gravados em chapas de cobre, passando à várias outras técnicas , como xilogravura, litografia, fotogravura, etc.



A mais antiga referência histórica que se tem de uso de um ex libris remonta ao ano 1400 antes de Cristo e integra o acervo do British Museum, em Londres. Trata-se de uma espécie de placa em cerâmica, aposta em uma caixa de papiros que pertenceram à biblioteca do faraó Amenófis III. Seu uso deve, pois, remontar a mais alta antiguidade. Nas ruínas de Nínive, na Mesopotâmia, encontrou-se, no século passado, um símbolo em cuneiformes repetido em todos os tijolos e placas de argila do mesmo depósito. Seria esse sinal o mais antigo antepassado das atuais marcas de posse bibliográficas?



O ex libris mais antigo, datado e identificado, é atribuído a Albrecht Dürer (1516), embora alguns autores considerem o de Hans Igler, que porém não é datado nem identificado.



Os primeiros ex libris apareceram nos livros dos príncipes e nobres da Idade Média. Provavelmente, vem desta época o costume da expressão latina ex libris, que em alguns países se aculturou e em outros se manteve original.



A história do ex libris está intimamente ligada à da Imprensa, e automaticamente à da gravura, pela sua condição de múltiplo. Artistas renomados como Albrecht Dürer e Lucas Cranach, muito contribuíram para a sua difusão. Com o advento da Imprensa no fim do séc. XV, o hábito da leitura se tornou democrático, a partir de então, a impressão foi muito utilizada na confecção do ex libris. O requinte e a perfeição foram se impondo cada vez mais, tornando os ex libris verdadeiras obras de arte em miniatura.



A partir do séc. XIX são publicados numerosos artigos sobre o assunto. Surgem então as primeiras associações, o que fomenta a difusão do ex librismo por vários países.



O prof. Floriano Bicudo Teixeira - no curso de Iconografia e Cartografia da Biblioteca Nacional - adotou a seguinte classificação quanto à natureza do assunto do ex libris:



· 1a categoria: etiqueta propriamente dita, sejam simples ou ornamentadas, tipográficas ou reproduzidas por qualquer processo artístico. ou mecânico;



· 2 a categoria: Ex Libris Armoriados ou heráldicos, quando o motivo principal constar de brasões ou insígnias de indivíduos, cidades, associações, etc.



· 3 a categoria: Ex Libris Simbólicos, quando traduzirem idéias, aspirações, lemas de vida e de ação, ocupações habituais (quando sem caráter heráldico, bem entendido), etc.



· 4 a categoria: Ex Libris Paisagísticos, quando reproduzirem aspectos e cenas rurais, urbanas, de marinha, etc., ligadas afetivamente ao possuidor dos livros.



Quando o ex libris se enquadrar em mais de uma categoria, admite-se uma outra categoria , a dos ex libris mistos.



Os ex libris pertencentes às duas primeiras classes são os mais antigos, sendo que a primeira espécie conhecida é alemã, e foi encontrada colada à pasta de um incunábulo de 1496. Os das duas últimas entraram em voga a partir do século XVIII na França, estendendo-se rapidamente seu uso pelos demais paises da Europa. Os das categorias anteriores continuaram, contudo, com a primazia até o século XIX. Aqui na América parece que o mais antigo é o de Guilherme Penn, fundador da Pennsilvania, de que possui um exemplar, adquirido por várias vezes seu peso em ouro. o colecionador patrício Nuno Lopo Smith Vasconcelos. Sua coleção é a segunda do mundo, e indubitavelmente a primeira de ex libris brasileiros, de que conta cerca de setecentas espécies diferentes. O acervo internacional vai além de 7.000 peças, algumas delas de valor elevado pela fatura ou pela raridade.



No Brasil desde fins do século passado é que tomou certa expansão o costume de assinalar por ex libris as bibliotecas. Anteriores aos de Salvador de Mendonça, Joaquim Nabuco, Barão do Rio Branco, Eduardo Prado, Conselheiro Candido de Oliveira e Barão Homem de Melo (fins do século XIX), só sabemos da existência dos seguintes: Conde de Iguassú (etiqueta tipográfica), Visconde de Rio Branco (armoriado), 1." Barão de Vasconcelos (armoriado), Barão de Ourém (etiqueta armoriada litografada), José Maria do Amaral (Pará. 1860, etiqueta tipográfica), Conselheiro Antônio de Menezes Vasconcelos de Drumond de 1824, de que possui um exemplar o sr. José Attico Leite, armoriado e primorosamente gravado a buril, e Marwel de Abreu Guimarães, de Sabará, do tipo simbólico, gravado em fins do século XVIII ou começos de imediato. Parece que o nosso 2 ° Imperador, apesar do grande amor que tinha aos livros e às coisas do espírito, jamais utilizou o ex libris, o que é, aliás, fácil de compreender, desde que consideremos que suas peças bibliográficas de interesse possuíam todas encadernações plena em couro com a coroa ou as armas imperiais estampadas a ouro sobre a sigla P. II.



Entre os ex libris brasileiros antigos podemos também incluir, pelo muito que fizeram por nosso país, ou por aqui terem passado grande parte de sua existência, os do padre Joaquim Damazo, primeiro conservador da Biblioteca Real, hoje Nacional (etiqueta tipográfica), Conde da Barca, ministro de D. João VI (gravado a buril, duas variedades), e, no século XVIII, os de Diogo Barboza Machado, abade de S. Adrião de Sever, fundador da bibliografia portuguesa, cuja coleção ainda atualmente constitui o mais valioso núcleo da Biblioteca Nacional, com quatro variedades em dois formatos, todas da autoria do célebre gravador flamengo F. Harrewyn, um dos mestres chamados por D. João V afim de ensinar aos portugueses sua arte; e finalmente, o do Conde de Povolide, Luiz da Cunha Grã de Atahyde e Lencastre, governador de Pernambuco de 1766 a 1769, também gravado a buril.



Apesar de muito disseminado o gosto pelos livros é ainda bem pequeno no Brasil o número de possuidores de ex libris. Não possui a Biblioteca Nacional na sua coleção, mais de uns quinhentos exemplares diferentes de ex libris brasileiros, incluindo variedade de tipo e formato de cada possuidor, enquanto que, só de Portugueses, sem falar dos demais europeus, possui outros tantos, e esses obtidos por uma rápida atividade de permuta ha poucos anos iniciada pela chefia da 3a. secção.



Alguns bibliófilos componentes da "Arca dos Jacarandás", por sugestão do sr. Oldemar Alvernaz de Oliveira Cunha, fundaram no dia 13 de agosto de 1940, a "Sociedade dos Amadores Brasileiros de Ex libris", objetivando promover o gosto pelo seu uso e facilitar permutas entre os colecionadores brasileiros. Excederam a todas as expectativas os resultados alcançados por essa campanha de bom gosto; numerosos bibliófilos, graças à propaganda, resolveram adotar ex libris em suas bibliotecas, e as coleções se ampliaram consideravelmente.



Para que se possa fazer uma idéia de quão pouco generalizado encontramos o conhecimento da significação e do emprego do ex libris nos dias de hoje, bastará dizer que muitas pessoas, mesmo de cultura acima da elementar não sabem do que se trata o ex libris, homens de letras e escritores bastante conhecidos, não os possuem para marcar a propriedade dos seus livros e bibliotecas.



É lamentável tal descaso e ignorância, já que o ex libris é uma espécie de brasão enobrecedor da peça bibliográfica, e pela sucessão deles podemos reconstituir o pedigree de um livro.



A ordem de colocação dos ex libris no mesmo livro varia: ha quem os cole sobre as marcas anteriores, outros abaixo delas; outros, ainda, os vão, pela ordem, colando no retro e no verso das sucessivas folhas de guarda. Parece-me essa a prática mais racional: não oculta as marcas anteriores, e permite conhecer a série cronológica dos proprietários.



O ex libris contribuiu para a formação de uma arte inimitável, acompanhando tendências artísticas de cada época. Ele vale muito mais do que podemos imaginar à primeira vista, pois constitui um emblema sintético da expressão psicológica individual e interessantes particularidades do caráter de seu possuidor, associada à concepção estética do desenhista que lhe dá forma, expressão e decoração artística.



O ex libris contribui para a formação de uma arte inimitável.Ao mesmo tempo que servem para identificar o livro, sintetizam tendências intelectuais, morais, literárias, científicas, enfim, os traços culturais e artísticos de uma época.





Cláudia Azevedo





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Você pode conferir meus ex-libris em: http://www.arteepoesia.kit.net/exlibris/exlibris_principal.htm







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