Volta ao Aconchego.
E volta para o ninho a primeira pomba adormecida
Certa que não é bela e nem tão pouco fera
Não é princesa e nem plebéia.
Apenas alguém que num ataque de idiotia
Adormeceu, quase morreu, a si mentia.
Esqueceu que Quasemodo, o monstro de Notre Dame,
Não ficou com Esmeralda, a cigana.
Ela ficou com o lindo soldado.
Deixando o pobre aleijo desolado.
O feio aleijo serviu-lhe de estrada,
Instrumento de exercer a sua gana.
Salvar-se, perder-se, encontrar-se.
E ela que não era Esmeralda, a cigana
Não era Quasemodo, era só uma doidivana.
Não foi a malvada branca de neve
Nem a simpática madrasta ,
Nem a bruxa que voa leve,
Nem luz maravilhosa, sempre defensável,
Com presença interminavelmente breve.
Pra ele, foi só uma vilã que não sabia de nada.
Calculou um amor errado.
Foi alguém facilmente afastável,
Como copo de papel, ao final da festa, descartável.
Por montanhas e serras ela fez sua cavalgada,
Voltou arrasada.
Mas descontaminada,
Consciente que deu um grande salto,
Terminou o seu percurso sem sobressalto
Encerrou aquele circulo lastimável.
Série: Fera ferida, ou um mar que espera.
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