Ao ver no site da Usina de Letras a divulgação da crónica do Alexandre Medeiros "Minha primeira crónica" resolvi escrever minha segunda crónica. A primeira escrevi em 21 de agosto de 1999, com o título de "A primeira chuva a gente nunca esquece", também divulgada neste site.
É interessante este gênero crónica. Para nós, que escrevemos por simples prazer, podemos nos dar ao luxo de escrever a primeira ou a segunda crónica quando bem entendermos, quando tivermos vontade ou quando tivermos assunto interessante para abordar. Mas, coitados dos cronistas oficiais, aqueles que têm a obrigação de diariamente escrever uma crónica para um jornal, chova ou faça sol, estejam ou não estejam inspirados, tenham ou não tenham assunto.
Outro dia, li uma crónica do Luis Fernando Veríssimo sobre o Natal (O Globo, 19.12.99), em que ele diz que o "Natal é uma época difícil para os cronistas",... pois "não há mais nada a escrever sobre o Natal". Aliás, não é novidade nenhuma os cronistas, na falta de assunto, escreverem sobre a falta de assunto. Joel Silveira na sua crónica "As palavras" escreve: "Agora tenho que despertá-las (as palavras), lá no fundo, como quem acutila um bicho acuado que não quer deixar a jaula". Vinícius de Moraes (Para viver um grande amor) diz "Coloque-se porém o leitor, o ingrato leitor, no papel do cronista. Dias há em que, positivamente, a crónica "não baixa". O cronista levanta-se, senta-se, lava as mãos, levanta-se de novo, chega à janela, dá uma telefonada a um amigo, põe um disco na vitrola, relê cronicas passadas em busca de inspiração - e nada".
Esses dois últimos exemplos extraí do livro "Crónica", de Flora Bender e Ilka Laurito, mas, já vi outros semelhantes, que agora não me recordo para citar. Bem, mas também não estou escrevendo uma tese, em que precisaria fazer uma pesquisa exaustiva sobre o assunto, para confirmar o que estou escrevendo. É apenas uma crónica. Epa! Será que é apenas uma crónica? Uma crónica sobre crónica é crónica ou é ensaio?
Na dúvida, vou incluir este texto nas duas categorias.
Até Ã terceira crónica, amigo leitor. Quando, não sei.