Lugar para um amigo...
Tereza da praia
Amigo é coisa pra se guardar
Do lado esquerdo do peito
Já dizia a canção,
Que na América se ouviu..
Guardar no coração... para amar.
Mas por que não em outro lugar?
Há amigos e amigos neste mundo vil.
Guardo amigos no corpo inteiro.
Há amigos que guardo no cérebro.
Penso neles todo o tempo.
Com eles não me envergo e nem me quebro.
Outros há, que guardo-os na boca.
Sempre neles estou falando.
Há aqueles que guardo nos meus olhos,
Vejo-os até quando me olho no espelho.
Esses não existem aos molhos,
Com eles me quebro, me aconselho.
Há aqueles que guardo em meus ouvidos
Ouço-lhes o falar, o chamar, o conversar...
O que dizem, sempre faz sentido,
Suas vozes têm a sonoridade dos pássaros.
Suas presenças, uma doce canção.
Há amigos mais que irmãos,
Estes, guardo-os no meu coração.
Como sangue, são vermelhos,
são vitais.
Pelo meu corpo, circulam sem medo.
A eles me assemelho,
Entendem todos os meus sinais.
Passam por minhas veias e artérias
Estão sempre limpos e renovados,
Pelo oxigênio dos pulmões.
Transcendem à matéria.
Estão no campo das emoções.
Há aqueles amigos perfumados,
Que sempre tem flores na mão,
Guardo estes no nariz,
Pelo doce perfume que espalham
E só sentir seu aroma, vêem-me a lembrança,
Mesmo quando distante em minhas andanças.
Há amigos muito,muito especiais,
Permeiam a minha vida como seres angelicais.
Estes, guardo-o em todos os lugares,
Nos olhar, no sentir,
no falar, no pensar...
até mesmo no meu agir.
Habitam todos os meus sentidos
As vezes, até mesmo o sexto...
São amigos sem cabresto,
Sem o perigo do tempo,
Sem medo dos ventos...
Estão sempre presentes.
Mas há, ainda, amigos do tipo diferente.
Aquele protótipo do especial,
Entra em sua vida sem você chamar
Não importa o plano astral.
É amigo por engano,
Se instala feito sanguessuga
Causa tremendo dano,
Ulcera, gastrite, colite,
E todos os ites da medicina...
Quando quer, te aluga,
te usa e te abusa
Tira a luz que ilumina,
É uma alucinação.
Quando não quer sai em fuga,
feito ave de arribação.
Estes, feita a digestão,
Deixo-os no intestino grosso.
Depois com uma descarga,
acabam no esgoto,
sem deixar qualquer marca,
sem fazer alvoroço.
Tereza da Praia
Série: Vadiação da Alma indecente.
|