VERSÍCULO XIII(amor erva daninha)
Tereza da Praia
Meu amor é como erva daninha,
Nasce em lugar inóspito
Cresce por teimosia.
Se alimenta com poesia.
Vive no descrédito.
Podado, adquire mais força.
Mas não floresce na hipocrisia,
Nem frutifica na mentira.
VERSÍCULO XIV (agonizante)
Tereza da Praia
Como erva daninha foi o meu amor,
Nasceu e cresceu na ingratidão,
De um frívolo coração
Quanto mais podado,
mais crescia.
Alimentado pela fantasia,
pelo sonho, pela ilusão.
Hoje, morre de inanição.
Tereza da Praia
Série: 45 Versículos para o ocaso de um caso.
Versículo XI (cântico do fim)
Tereza da Praia
Versos lúdicos, versos tristes.
Canto tudo que não existe
Cantei até a tua amizade,
Que não passou de uma piada,
Brincadeiras da madrugada.
Cantei um coração generoso, mas não cantei o homem vaidoso.
Cantei o meu amor, mas não cantei o falso sedutor...
Cantei flores que não plantastes em meu jardim.
Hoje, canto melancolica o que não teve começo, nem meio, mas está tendo um fim!
VERSÍCULO XXII (falácia)
Tereza da Praia
Liberdade, Liberdade
Ai de ti,
bem ti vi.
Voas, Voas
Teces loas.
Liberdade é o que não tens!
Vives preso na gaiola
Na gaiola de alguém
VERSICULO III (covardia)
Estranho o terreno da covardia,
Mata-se à noite, beija-se ao dia.
Na mesa, comia o banquete
Que a louca de amor oferecia,
Já certo que a abandonaria,
Sem o menor gesto de cortesia.
(Tereza da Praia)
Série: 45 Versículos para o ocaso de um caso
VERSÍCULO VII (sentimento partido)
Tereza da Praia
Mal amigo, mal amante,
Anel nem de vidro, nem de brilhante.
Algo por dentro se partiu, quebrou
Na constatação que nunca houve amor
Por fim a ave se desencantou,
Pôs os pés nos chão, sangrou.
Morreu.
O sonho acabou.
Só restou o breu.
Tereza da Praia
Série: 45 Versículos para o ocaso de um caso.
VERSÍCULO VII (sem liga e sem briga)
Tereza da Praia
Nada nos liga,
Nossos corpos já não têm liga.
Este caso não merece mais nem briga.
VERSÍCULO XVI (requién solitário)
Tereza da Praia.
Tão cedo pra acabar,
O que não devia ter começado.
Tão tarde para chorar
O que morto já estava
Vivia artificialmente
Na UTI da minha mente.
XVIII (cinzas do nada)
Junta todos os teus sentimentos por mim
Incinera-os. Lança-os ao fogo!
Espalha as cinzas por algum jardim
Pergunto-me :há algum sentimento, enfim
Para alimentar a chama,
Alguma cinza resultará?
Ou nada será incinerado
Nesta incrível trama?
Tanto amor
Tanta dor,
Tanto tempo desperdiçado.
versiculo XX (perdido)
Tereza da Praia
Não te invejo a vida
Errante, cigana,
Sem ponto de chegada
Sem lugar de partida.
Feita de uma falsa paz,
de alegria fingida,
Com que encobres o desamor
e toda tua carência
Enganando tua dor
e o sentimento de insignificância.
Buscas fora de ti,
O que não encontras dentro,
Perdestes teu centro
Andas perdido,
Desperdiçando a vida.
Tereza da Praia
série: 45 Versículos para o ocaso de um caso
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