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cronicas-->NEUROSE CARIOCA -- 06/12/2003 - 13:50 (Edson Campolina) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
NEUROSE CARIOCA


Descia, em companhia da Silvia, a Avenida Afonso Pena em Belo Horizonte. Já na esquina com a Avenida Santos Dumont, ouvimos os tiros em nossa direção. Corremos assustados pela avenida Santos Dumont, sem saber o motivo de sermos alvos de um marmanjo alto e magro. As balas zuniam ao nosso lado. Por aquele instante a cidade ficou vazia. Somente nós e nosso algoz.
Dobramos a esquina da rua São Paulo e, para nossa surpresa e alívio, uma delegacia estava aberta. Suas paredes frontais eram de vidro. Uma sala-aquário no canto esquerdo, nos fundos, um salão com mesas e seus respectivos inspetores instalados.
Com a sofreguidão e a agitação do incidente, sem pausa para respiração, gritava para um inspetor da polícia que se levantou atónito - Estão atirando em nós. Olha lá na rua, é aquele ali. Faz alguma coisa. Vocês têm que prendê-lo! O marginal passava tranquilamente à frente da delegacia, como se nada tivesse feito.
No aquário, a Silvia era interrogada por um homem baixo, gordo, barbudo e vestindo um terno claro. Dizia-se o filho do delegado, pois o pai não estava. Faria a sua vez. Dizia que não nos preocupassem, nos faria uma visita depois.
Saímos desacreditados, sem esperança alguma, sentindo-nos mais inseguros que antes. Decididos formalizar uma denúncia à corregedoria. Subíamos a rua São Paulo quando avistamos num degrau da entrada de um edifício, na descida de uma ladeira transversal, uma turma de marginais liderada pelo nosso algoz. Estavam nos aguardando. Retornamos com o peito em disparada, olhos esbugalhados de medo e trópegos.
Novamente na delegacia, recebidos pelos inspetores já de pé, entramos e agitávamos os braços em direção a avenida - Agora é uma turma, estão atrás da gente. Façam alguma coisa! O inspetor mais próximo limitava-se a nos convidar a sentar. Queria pegar nosso depoimento. Não nos conformávamos e continuávamos a apontar a rua. Eis que avistamos o filho do delegado amistosamente, com uma das mãos apoiada no ombro do rapaz, conversando com nosso algoz. Pareciam íntimos.
Estávamos perdidos. Concluía em pensamento. Saímos após a turma deixar a rua. Retornávamos pela avenida quando surge nosso compadre com a esposa. Deduzi que a Silvia havia ligado e chamado o casal. O Waldyr sacou do bolso uma càmera fotográfica digital minúscula e se prontificou a registrar a turma. Serviria para a denúncia. Propós dar a volta no quarteirão e, da esquina, fotografar nosso algoz com o filho do delegado e sua turma.
Neste instante sinto um impacto nas costas. Acordo, viro para o lado e vejo que a Laura dormia entre nós. Ela me acordara com um chute no rim. Vejo que falta pouco para o relógio despertar. Levanto-me e vou para o chuveiro ainda assustado e refazendo-me da agonia. Aos poucos votei à realidade do Rio de Janeiro.


Por: Edson Campolina
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