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Cordel-->A roupa nova do imperador -- 19/05/2011 - 11:35 (Carlos Alê) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Havia um imperador
que era vaidoso demais
Só amigo do espelho
e dos seus trajes reais
No quesito elegância
não aceitava rivais

Tinha um traje garboso
pra cada hora do dia
Gastava muito dinheiro
com as roupas que vestia
Aumentar seu guarda-roupa
era sua primazia

Pra torneios ou teatro
atenção ele não dava
Por passeios ou festejos
ele não se interessava
a não ser que desfilasse
com as roupas que usava

Nunca estava no seu trono
nem reunia o conselho
Só tomava as decisões
na frente do seu espelho
Tão vaidoso como ele
não havia um rei parelho

Mas vamos deixar o rei
com a sua vaidade
e também os cortesãos
bajulando a majestade
pra falar dos forasteiros
que chegavam na cidade

Era o povo deste reino
de usos hospitaleiros
Sempre amistosamente
recebia os forasteiros
Mas um dia ali chegaram
dois sujeitos estradeiros

Eles afirmaram ser
cada qual um tecelão
e para fazer os trajes
da sua confecção
só teciam um tecido
de formidável padrão

Um tecido que os tolos
e orgulhosos do lugar
ou os desqualificados
pra um cargo ocupar
sua textura e cores
não podiam enxergar

- Os trajes que eles fazem
(pensou o imperador)
pra avaliar os outros
serão de grande valor
Dos tolos e inteligentes
eu serei descobridor

E até dos orgulhosos
que estão no meu reinado
Vou ver em cada função
quem não é qualificado
Mas quem merecer ficar
continua do meu lado

Convencido que o traje
teria grande valia
foi pagando adiantado
uma enorme quantia
para eles trabalharem
já naquele mesmo dia

E aqueles vigaristas
pra fazerem o tecido
pediram linha de seda
e fio de ouro comprido
mas tudo que receberam
foi por eles escondido

Porque o trabalho deles
era tudo fingimento
Num tear todo vazio
em pleno funcionamento
acionavam os pedais
simulando movimento

Os dias foram passando
e o rei já ansioso
para ver aquele traje
que o deixaria garboso
quis saber como andava
o trabalho engenhoso

- Para não correr o risco
de enviar algum bobão
vai o primeiro ministro
lá fazer a inspeção
pois ele sabe exercer
muito bem sua função

E assim foi o ministro
para ver a tecelagem
e contar ao soberano
se essa nova roupagem
estaria na altura
de sua nobre linhagem

Mas ele ficou surpreso
com o trabalho que viu
Os impostores tecendo
num tear todo vazio
com lançadeira puxando
de um novelo sem fio

E para o velho ministro
pediram os tecedores
que falasse do desenho
e das variadas cores
no tecido estupendo
do qual eram criadores

Como não estava vendo
nem as linhas nem o pano
ficou com medo que os dois
delatassem ao soberano
pois poderia perder
o seu cargo palaciano

Pra não ser questionado
sobre o seu desempenho
mentiu aos teceladores
que era lindo o desenho
e nas cores do tecido
mostravam o seu engenho

Então eles explicaram
os detalhes do tramado
com as cores muito vivas
e o desenho complicado
Da costura que faziam
pelos dois foi informado

Tudo que eles disseram
ele ouviu com atenção
depois repetiu ao rei
toda aquela explicação
pra não ser considerado
orgulhoso nem bobão

Para apressar o serviço
aqueles dois estradeiros
pediram para o monarca
mais linhas, fios e dinheiro
pelo tempo empenhando
no trabalho o dia inteiro

Atendendo ao pedido
de cada um tecelão
enviou pra oficina
outro fiel cortesão
ordenando que fizesse
uma nova inspeção

Os impostores porém
já haviam escondido
todo aquele material
que haviam recebido
pra poder continuar
o seu trabalho fingido

E aquele cortesão
não vendo tecido algum
naquele tear vazio
pensou sem pejo nenhum
que orgulhoso ou bobão
poderia até ser um

Ali um tecelador
fazendo a encenação
pegou parte do tecido
pra mostrar ao cortesão
que só viu uma agulha
e a tesoura em sua mão

Pra não ser denunciado
elogiou a costura
depois foi dizer ao rei
que sua roupa futura
seria algo sem par
em requinte e formosura

Ali o imperador
já bastante entusiasmado
também foi ver o tecido
pela corte acompanhado
e saber se o serviço
era mesmo o esperado

Chegando lá no tear
espantado viu somente
o tecido que pagou
invisível num batente
que se movia depressa
sem ter nada em cada pente

Ali o velho ministro
com o outro cortesão
que pela ordem do rei
tinham feito a inspeção
agora em sua presença
repetiram a gabação

E como o imperador
no tear não via nada
nem o pano costurado
nem o fio nem a meada
decidiu mentir também
pra sair da enrascada

Pensando que eles viam
a fazenda que não viu
para não ser acusado
também fez um elogio
sem saber que tudo ali
não passava de ardil

Ali toda a sua corte
pra não o contrariar
a fazenda invisível
que não viam no tear
suas cores e desenhos
pegou a elogiar

Aqueles teceladores
foram muito elogiados
e nos dias que seguiram
pelo serviços prestados
no salão palaciano
foram até condecorados

Foi decidido que o rei
na primeira ocasião
mostraria a roupa nova
numa grande procissão
matando a curiosidade
de cada um aldeão

E o traje ficou pronto
no dia que foi previsto
pelos cortesãos do rei
pra no desfile ser visto
pois em todo o seu reino
todos só falavam nisto

Os falsos teceladores
levaram o traje novo
para o desfile do rei
diante de todo povo
que o veria elegante
e daria o seu aprovo

- Na roupa que nós fizemos
não se vê nenhuma falha
É leve como a teia
que uma aranha faz na galha
porém com a resistência
de uma cota de malha

E pediram ao monarca
que já ficasse despido
pois com a ajuda deles
ele seria vestido
- A nossa satisfação
é ver o traje servido

E foram vestindo nele
a calça e o camisão
o colete e o casaco
e com o manto na mão
terminaram o teatro
da sua simulação

Diante do seu espelho
o monarca se mirava
A imagem refletida
sua roupa não mostrava
Mas não quis reconhecer
que a roupa não enxergava

E o mestre de cerimônias
chegou com uma mensagem
Que lá fora esperando
já estava a carruagem
onde o rei desfilaria
com sua nova roupagem

O monarca iludido
foi fazer a procissão
Sua calda os camaristas
recolheram ali do chão
carregando para ele
sem ter nada em cada mão

Nas ruas já aguardavam
os mancebos e donzelas
e o povo em geral
nas calçadas e janelas
curiosos pra saber
se as roupas eram belas

Quando o cortejo passou
com o monarca despido
ninguém quis reconhecer
que não via o tecido
e gritando exclamavam
que estava bem vestido

O monarca ia fazendo
um sucesso sem igual
As donzelas e mancebos
e o povo em geral
só faziam elogios
para seu traje real

Mas enquanto o cortejo
passava entusiasmado
um menino que estava
do seu pai acompanhado
gritou inocentemente
que o rei estava pelado

E ouvindo aquela frase
pelo menino gritada
todo aquele que estava
na janela ou na calçada
pegou a gritar também
que o rei não vestia nada

O monarca ali voltou
ao castelo envergonhado
reconhecendo que ele
tinha sido enganado
pela dupla que fugiu
com o dinheiro tomado

Foi uma grande lição
que aprendeu a majestade
Deixou de perder o tempo
com sua excentricidade
e nunca mais se vestiu
com a roupa da vaidade

FIM

 

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