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Cronicas-->Arrependimentos -- 25/09/2000 - 12:36 (Luís Augusto Marcelino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Todo mundo já se arrependeu de alguma coisa um dia. Tem gente, por exemplo, arrependida de ter nascido. De ter casado, então... E de ir ao estádio em plena quarta-feira à noite, mesmo sabendo que o seu time anda mal das pernas e que a meteorologia previa fortes chuvas no período?...

O bom do arrependimento é que ele é um dos poucos sentimentos que revelam nossa capacidade de reconhecer nossos erros. Nunca ouvi dizer que alguém estivesse arrependido de ter ficado rico ou de ter saído com aquela loira monumental do escritório. Então, se fulano se arrependeu é porque teve a humildade de assumir suas culpas.

Meu pai vivia dizendo que a maior cagada que tinha feito na vida foi ter casado jovem. "Deixei de fazer tanta coisa..." - repetia, em voz baixa. Mamãe rebatia lembrando o Augusto Fidélis, contemporàneo de ambos que arrastava uma asa para a jovem Dirce e que se tornou um comerciante milionário.

- Ah, se eu tivesse casado com o Gugu... - suspirava.

Frase mais manjada é dizer que só se arrependeu das coisas que não fez. Mentira! Quem afirma isso provavelmente carrega no peito arrependimentos monstruosos de coisas que fez, como por exemplo ter comprado um carro a álcool acreditando que o preço do litro ficaria abaixo dos cinquenta centavos para o resto da vida. São os típicos caras que nunca dão o braço a torcer. Marco Aurélio é um exemplo clássico. Vive querendo vender o apartamento da Casa Verde, no fundo porque embarcou numa roubada, coisa de prestação atrasada, de altos índices de correção. Mas se justifica alegando que quer comprar uma casa térrea. "Não me adaptei à altura" - diz na roda de amigos. Eu mesmo não sou lá de confessar arrependimentos. E sofro do pior tipo de arrependimento que existe: o premeditado.

- Tenho certeza de que vou me arrepender! - comentei com minha mulher antes de descermos para o litoral.

Minha experiência com a praia não é nada favorável. Chuvas, filas de supermercados, racionamento de água, engarrafamentos homéricos, tudo o que possa acontecer para estragar meu humor. E vivo me perguntando: se sei que vou me arrepender, porque insisto em viajar?

Deve ser porque, no fundo, gosto de me arrepender para ter histórias pra contar.

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