Se dou meu corpo, é pouco...
se dou minha alma, louca...
se dou meu sangue, já morri...
Não sei que faço aqui !
De tudo, um pouco de nada,
um tudo que não significa nada.
Vou pela estrada.
Sei o caminho, cheio de pedras,
cheio de espinhos.
A cada curva uma seta:
FIM DA ESTRADA !
VOLTAR !
E volto sempre esperando que
alguém tente entender, acompanhar.
Preciso tanto de um abraço,
de um carinho, de construir laços,
de encontrar meu lar.
Sei que sou lenta, apática,
acomodada, desatenta...
E a preguiça como lagartixa
enfia-se nas frestas !
Tantas arestas não polidas,
tantas sementes não vingadas,
tantas palavras que
não podem ser faladas,
mas devem descer,
serem engolidas !
Esta é a minha vida mal-começada,
mal-acabada, mal-terminada
é SOBRE-VIDA.
Rio de mim, pois nada faço
e a cada passo se,
um à frente, dois atrás
é o compasso.
Sou uma estranha de mim mesma,
de todos, de alguém....
No fundo, sou de ninguém.
Se estou no mundo,
por qual razão não sei,
talvez à espera do meu rei,
do meu senhor,
do meu príncipe encantado
( já, sapo morto e enterrado ! ).
Quem falou que seria fácil mentiu...
enganou...estraçalhou meu sonho.
Acredita que ainda sonho?
Com flores, árvores,
passarinhos em seus belos lares,
todos vivinhos,
com frutas e filhotinhos...
enquanto, dentro de mim,
só morte há!
Sinto que ela demora,
já fui buscá-la,
mas ela insiste que não é hora !
E, eu, covarde, miserável aguardo...
quem sabe
AGORA?
Cida Piussi
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