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Cronicas-->Uma Crónica Mal Humorada -- 30/11/2003 - 20:44 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



(Uma Crónica Mal Humorada )
(Por Domingos Oliveira Medeiros)

Cadeias prometidas e não construídas. Cadeias inexistentes. Cadeias de segurança mínima e máxima. Cadeias existentes. Superlotadas por "vítimas" e "agentes", ao mesmo tempo, da violência política, económica e social. Subsistem com a imensa fila de espera para o cumprimento de mandados judiciais. Cresce, em proporções geométricas, o crime organizado - e desorganizado. Ainda bem que, por enquanto, só estão organizados; posto que desunidos e separados. Por facções de toda a sorte. Sorte, inclusive, a nossa. E do Estado.

Cresce, também, em cadeia, o número, a forma e a ousadia dos escàndalos. A grande novidade continua no ar. Não perdeu seu prazo de validade; apesar do "mal" cheiroso odor. Há que haver paciência, diz a voz da experiência. A história do crescimento do bolo se repete. O verbo crescer, não importa para que lado ou direção, está na moda. E as fatias ainda não estão prontas para serem distribuídas. A festa do gueto parece que foi, mais uma vez, adiada.

De repente, bate a sensação de que milhões e milhões de brasileiros, de todas as raças, credos e religiões, de nada sabem. Nada percebem. Gente de todas as convicções políticas; de variada formação profissional: cientistas, religiosos, filósofos em geral. Analfabetos crónicos e digitais. Todos, sem exceção, nada sabem; somos todos iguais. Possuímos um título: com número, zona e seção. Sessões e Seções eleitorais. Já não importa. Fomos seccionados. Enganados. Pela pesquisa de opinião. Que não se cansou de fazer a indagação: e se a eleição fosse hoje? Ou, se fosse hoje a eleição? Em quem você votaria? Nele? Claro que não! Persistir no erro é andar na contramão.

Na concepção de um pequeno e restrito grupo de poder, temos muito que aprender. Aprender a negociar. Aprender a esperar. Frases de efeito. Eu estou convicto. Eu tenho quase certeza. Eu quem? A certeza de quê? Da impunidade ou da imunidade? Já somos maiores e vacinados. Se bem que, por enquanto, nossa serventia se restringe ao calendário das eleições. Somos úteis para dar legitimidade ao pleito. Depois? É outra história. Contada para novos bois dormirem. Novos milagres. Novos patamares. De juros. Para cima e para o alto. E o povo, como sempre, para baixo. Cabisbaixo. Baixa estima e baixos salários.

Depois é assistir de camarote o bombardeio que sobre nós é desferido. Bombardeio de palavras e de ações. Metáforas e parábolas. Lições de conformismo. Abaixo o comunismo. Mísseis grandes e modernos, em busca do aumento da carga tributária. É preciso dinheiro. Muito dinheiro para sustentar a guerra. A guerra dos impostos. A guerra imposta. Pelo jogo financeiro. A guerra que vem do estrangeiro. A guerra que invade nosso terreiro. A guerra de capitais especulativos. Ativos e passivos. A guerra em casa de ferreiro.

A contabilidade social está no vermelho. Vermelho PT. A cor da moda. O novo jeito de governar. A artilharia lança foguetes ao alto. São os juros que abrem espaços para a especulação. Especulação maneira. Financeira. Canhões para destruir a Previdência e acabar com suas ineficiência.

Infantaria e serviço de inteligência. Contra os aposentados. Maiores de noventa anos de idade. Que são obrigados a comprovar que estão vivos. Apesar de tanto bombardeio. O governo não acredita. E tem lá sua razão. Como pode um peixe vivo viver fora da bacia? Da bacia dos proventos de aposentadoria. Quase vazia. Da bacia das pensões e da covardia. Noventa anos sem comer, ainda vivo, até eu duvidaria.

E assim começou a gincana humilhante e revoltante. Em suas várias modalidades. Cadeiras de rodas, muletas e bengalas. Todos em fila, bem cedo, de madrugada. Para quê? Para nada. Para o governo depois de tudo, e de muito relutar, pedir desculpas. E eu pensei na preta velha da Irene. De tão boa, não precisava nem pedir desculpas para entrar no céu. Se fosse a Irene. E se fosse a morte natural. Bem entendido. A morte de quem não come arroz integral. Não aquela morte sem graça. Tipo água mineral. A morte imposta. Que não se arrota. Suposta. Imoral.


E o governo continua com mania de grandeza. Trinta e cinco ministérios e coisa e tal. Para fazer o quê? ninguém sabe: é um mistério. Dar cabeçadas, talvez. E ainda faltam vagas para acomodar gente do PMDB. Uma casa de descanso. Um asilo. Ou um descaso. Tudo isso e mais tudo aquilo.

O rancho fundo, bem pra lá do fim do mundo. Para acomodar todo mundo. Menos eu, que não me chamo Raimundo. Ou seria a casa da moeda? A casa de duas faces. A casa de troca. Um milagre que ainda não se explica. Nem se justifica. Basta pouco para um curto-circuito administrativo. E tudo explodirá pelos ares. Eis o milagre do crescimento. Com semente transgênica; não muito aprovada. De arbustos, por certo, que não crescem nada.

Cresce a curiosidade. Do caixeiro viajante. Que fez sua primeira e única viagem, até então, do nordeste para São Paulo. O menino que gosta da rua. Que não pára em casa. Quer, agora, conhecer o mundo. As viagens estão tomando todo o tempo do nosso presidente. Daqui a pouco, só restará a reeleição para que se comece a governar.

Mas tudo dependerá da gente. Da nossa capacidade de suportar. E, se a mídia colaborar. Deixar de fazer o jogo do deixa estar. Em troca de sei lá o quê. De concordar. Se eu estiver bem, o que é que tem ? O resto deixa pra lá. Afinal de contas, há tempos que tudo se repete. Que sempre se promete. E nada parece mudar. E tudo indica que vai piorar. E ninguém está nem aí. Pois até a esquerda mudou de lugar. E a direita ficou onde está.

30 de novembro de 2003
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