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Contos-->Uma esperança de felicidade -- 17/03/2005 - 19:43 (Rosario Câmara) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Era uma vez, dois reinos unidos pela paz e pelo tempo.
Certo ano houve uma discórdia entre os reinos. O Rei de Lusitânia não quis dar sua filha ao Rei de MarcLouis, como resultado uma maldição caiu sobre os reinos, eles iriam se afastar até ninguém mais passar de um reino para outro.
O tempo se passou e várias dinastias vieram e governaram. Todas esqueceram da maldição.


O próximo Rei de Lusitânia seria o jovem príncipe Amis. Ele detestava suas obrigações de príncipe, e um acontecimento marcaria sua vida para sempre. Ele conheceria um “Anjo” no Jardim das Flores.

O Jardim das Flores era um lugar fascinante, sendo um marco que separa os reinos, ele era sagrado. Lá se encontravam as flores de todos os cantos do universo, vermelhas, amarelas, verdes, azuis, numa infinidade de cores e de aromas, sempre regadas pelo amor daquele que as protegia. Vivendo numa fonte, no meio do jardim, o ser mágico que nesse jardim habitava tinha como missão separar dois corações. Poucas pessoas sabiam que aquela fonte e aquele solo eram objetos sagrados.


Certo dia o Príncipe Amis saiu do palácio irritado, pois não gostava dos ensinamentos e de como o tratavam. Ele apenas queria ser normal como todos os garotos de sua idade.
Ele montou em seu corcel negro – O Trovão – e saiu cavalgando, ele só queria fugir e esquecer desse mundo que ele odiava. Ele simplesmente não aceitava a idéia de que teria que se casar com uma desconhecida só porque seus pais tinham acertado tudo. Isso era repugnante! Ele ficou cavalgando e quando se deu conta à noite já estava caindo, e ele resolveu ir para o Jardim das Flores, lá dava para ver um pôr-do-sol magnífico.


Daiene, Princesa de MarcLouis, não suportava a idéia de passar o resto de sua vida recebendo ordens de um homem que ela detestava. Odiava viver presa no castelo, portanto de vez em quando ela se vestia de aldeã e saia do castelo. Bem, hoje parecia que a jovem princesa estava mais triste do que de costume e resolveu assistir ao pôr-do-sol no Jardim das Flores.
Creio que ela estava por lá fazia uma hora, ela chorou, sentiu-se sozinha, mas não queria voltar para o castelo, não seria nem um pouco melhor que uma prisão, essa era a idéia que ela tinha do castelo. Ela acabou adormecendo pelo menos lá ela se sentia segura.


Amis desceu do cavalo e caminhou pelas flores e acabou se deparando com um...
-Um anjo!! Mas o que vejo? Só pode ser alucinação. O que um anjo como este faz aqui, Trovão? – Indagou o Príncipe e ouviu-se um relinchar de cavalo.
Daiene era uma garota de olhos e cabelos castanhos, um rosto com tom angelical e de pele clara, dormia tão calmamente, Mas ela assustou-se com o relincho e acordou gritando.
-Calma... Calma... Não lhe farei mal, foi só o meu cavalo, o Trovão. – O Príncipe falou, mostrando o corcel.
-Quem... Quem é você? – Indagou Daiene com voz trêmula.
-Gostaria de ser o sol para poder ser o primeiro a te ver pela manhã. – Respondeu o príncipe suspirando. – E com os raios de sol poder lhe beijar, lhe aquecer e acariciar, meu anjo. – Ele levantou a mão para lhe acariciar o rosto, mas Daiene o fez parar com uma outra pergunta:
-De onde você veio?
-De onde vim não importa. - Respondeu ele brincando. – Lá é muito triste. Precisa de uma luz, que sinceramente, creio que é você. A pergunta é onde você esteve esse tempo todo? Mas acho que você andou chorando, meu anjo, o quê houve?
-Suas lisonjeias não irão lhe levar a lugar algum. – Disse ela com sarcasmo. – Agora, por favor, deixe-me levantar.
-Ainda que um anjo, você parece ter um belo gênio. – Ele disse rindo e se levantando – Mas claro que você pode se levantar.
-Você não tem nada melhor para fazer não? – Disse ela se levantando.
-Calma, só vim aqui para ver o pôr-do-sol, meu anjo do campo. – Disse ele com sarcasmo.
-Mais respeito, meu jovem, você sabe com quem está falando? Hummm! Mas é claro que não! Você é um daqueles príncipes ignorantes. – Disse ela agressivamente, esquecendo que estava com roupas de aldeã. – Fique sabendo que sou a Princesa de MarcLouis, Princesa Daiene. E você?
-Você acha que sou estúpido? Esses trajes pertencem a uma aldeã e não a uma princesa. Sou um príncipe e quero mais respeito com minha pessoa, senhorita! – Respondeu ele com o mesmo tom de voz usado por Daiene.
-Deseja uma prova? – Ela indagou mostrando o anel que só as pessoas pertencentes à realeza de MarcLouis possuíam. – Satisfeito?
Ela girou nos calcanhares e começou a andar de volta ao castelo. Amis, então, em uma tentativa frustrada indagou recebendo a resposta do vento frio da noite que se aproximava:
-Quando lhe verei de novo, meu anjo? Quando?


2º Capítulo
Amis voltou para casa com a luz do luar guiando o caminho, ele repassou a conversa com o “anjo” que tinha visto horas antes e pensou em voz alta: “Mas como sou desafortunado, o meu anjo chama-se Daiene, mas não posso tê-la para mim, pois sou destinado à outra. Maldito destino! Por que fizeste isso comigo? O que será de minha alma sem o meu anjo?”.
-Ainda bem que lhe encontrei, alteza. A Rainha está preocupada. – Disse-lhe Vasco, seu amigo e escudeiro, atrapalhando seus pensamentos. – Mas sobre o que falava, Alteza?
-Nada, meu amigo, nada. – Respondeu Amis. – Vamos para casa.
O resto do caminho foi sem muita conversa, uma ou duas palavras sobre o povoado, e num instante chegaram, antes que pudessem descer do cavalo à Rainha Margô chegou.
-Ah! Meu filho, onde estavas? Deixou-me preocupada, querido. – Disse à Rainha com um caloroso abraço.
-Ora, mamãe! Estou bem. Já estou crescido, não sou mais aquele garotinho que corria para seus braços se algo acontecesse. Já sei me cuidar, minha rainha. – Respondeu o príncipe em tom ríspido.
-O Rei Marcos XVIII, esteve aqui está tarde. Veio nos avisar que dará uma festa para semana, a festa do seu noivado, Amis. – Ela lhe contou em quanto, Amis se dirigia para o seu quarto. – Você deveria ficar contente. Você sempre reclamou que não conhecia a sua noiva. E agora, que vai conhecer, fica com esse rosto desgostoso.
-Mamãe... Mamãe, eu quero casar-me com alguém que eu ame. Isso é pedir de mais?
-Mas, filho, há décadas que funciona assim. Foi assim comigo e com seu pai. Com o tempo você vai aprender a gostar dela tenho certeza, pois Diana é uma moça adorável, sabe fazer tudo, e por sinal muito bem. É calma e carinhosa, ela é ideal para você, querido, aceite, simplesmente aceite. – Ela disse-lhe em um tom severo mais carinhoso.
Nesse instante o Rei Arllintow chegou ao quarto e interrompeu a conversa, falando com uma voz rouca pela idade e em um tom bastante irritado.
-Mais respeito com suas responsabilidades, Amis. Você herdará o meu trono e precisa de uma rainha com antecedentes, você ficará com esse reino e seu irmão herdará o de MarcLouis.
-Eu sei papai, eu sei. – Amis gostaria de se abrir, mas sabia que seus pais nunca o entenderiam, portanto se limitou a dizer. – Eu cumprirei com meu dever, não precisa se preocupar.
-É assim que gosto de ver, meu filho. Minha Rainha será que poderia nos deixar a sós?


-Por mil raios e trovões. – Daiene entrou no palácio furiosa.
-Mas o que houve, Alteza? – Perguntou sua dama de companhia, Priscilla.
-Ajude-me a tirar essas roupas e lhe conto.
-Sim, Alteza.
Elas dirigiram-se para o quarto de Daiene, tomando muito cuidado para não serem vistas.
Quando chegaram ao quarto, Priscilla preparou água para o banho de Daiene, enquanto ela lhe contava o acontecido. Para concluir a história Daiene disse:
-Acredita nisso, Priscilla? Ele disse-me gracinhas, zombou de mim, disse que eu era mentirosa... Ele tinha um porte bonito, cabelos castanhos, o olhar dele tinha um brilho tão intenso, que não sei o que é, mas deixou-me com um pouco de medo. Ele é um jovem. Mas sua atitude foi de criança. Hum! Ele chamava-me de anjo. – Confidenciou Daiene a sua amiga.
-Alteza, acho que ele lhe encantou mais do que pensa. – Disse-lhe Priscilla com ternura.
-De onde tirou essa idéia, Priscilla? É absurda – Falou Daiene rindo.
-Não é não, olhe como você fala dele.
-Talvez você tenha razão, ele era muito... Ah! Priscilla, você faz-me pensar em cada coisa. Eu irei me casar, não posso ficar devaneando como uma jovem que não possui compromisso, e se ele realmente for príncipe, ele já está prometido a alguma princesa.
-Eu acho isso uma bobagem, se ele gostar mesmo de você, ele deixaria a outra e a levaria para algum lugar, longe daqui. Assim vocês viveriam felizes!
-Priscilla! Pare com essas bobagens, eu iria sair do reino e deixar meu pai se afundando em desgraça? Ele me odiaria pelo resto da vida, eu não suportaria viver assim.
-Melhor a felicidade na vida do que a tristeza, Alteza.
Trrriiiimmmm
-O sino, hora do jantar. O Rei não pode esperar, vamos. – Elas dirigiram-se para a sala de jantar, onde o Rei e a Princesa Diana esperavam.
No final do jantar o Rei fez um comunicado:
-Diana e Daiene, minhas filhas, gostaria de lhes comunicar que na próxima semana daremos uma festa. Será a festa de seu noivado Diana. – O Rei se levantou com uma taça de vinho e quase chorando lembrou da sua mulher. – Gostaria de dar um brinde, para o seu noivado Diana. A mãe de vocês ficaria orgulhosa, das duas. Preparem-se, vai ser uma grande festa.




3º Capítulo

A semana foi passando. Amis por mais que tentasse encontrar seu “anjo”, ele nada encontrava. Daiene a cada dia que se passava tornava-se mais atraída pelo desconhecido que a importunara.
A festa séria no solícito de verão e os preparativos iam a cem por hora e Diana parecia muito animada.
Daiene não queria aparecer no Jardim das Flores, pois temia encontrar com o desconhecido, mas o destino havia lhes preparado algo pior.


O dia da festa chegou e a realeza de Lusitânia fez uma curta, mas cansativa viagem ao reino de MarcLouis. Ao chegarem foram recebidos pelo Rei MarcosXVIII, e alojados em seus respectivos cômodos para tomarem um banho e arrumarem-se para a festa.

Os convidados começaram a chegar e uma orquestra começou a tocar assim que o salão começou a encher. A comida e o vinho começaram a serem servidos. Depois que todos haviam chegado, os Rei Marcos XVIII e o Rei Arllintow desceram, logo atrás deles desceram a Rainha Margô, as Princesas Diana e Daiene e os Príncipes Amis e Erllingtow. Como cada família desceu por escada distinta, os olhos de Daiene e Amis cruzaram-se, reconhecendo-se imediatamente.

A festa estava maravilhosa. Príncipes e princesas, reis e rainhas, condes e condessas, saídos de todos os reinos das redondezas. Roupas enfeitadas com prata e ouro. Na sala tudo reluzia, da taça mais brilhante até ao ultimo fio de cabelo das pessoas. Todos estavam alegres, apenas dois rostos não reluziam a felicidade que o salão mostrava: os de Amis que ainda conservavam um certo brilho e o de Daiene que parecia está perdida. Daiene estava a observar todos os convidados, que estavam dançando, de um canto do salão quando resolveu subir para o seu quarto. Amis que a observava de longe a viu saindo. Terminando sua conversa notou que ela ainda não havia descido e foi atrás dela. No grande corredor que se estendia a sua frente, Amis, ficou um pouco confuso, sem saber para onde ir. Deparou-se com uma forma um pouco estranha e foi ver o que era.
-Quem é você? - Indagou Amis.
-Sou eu quem pergunta, o que a Alteza faz aqui? – Respondeu Priscilla, com todo respeito que lhe foi possível.
-Estou atrás da Princesa Daiene, eu a vi subir. – Ele falou rindo um pouco com a agonia da moça. – Você sabe para onde ela foi?
-Ela está com dor de cabeça, e resolveu deitar um pouco, não quer ser incomodada, Alteza. Mas quem é você? O desconhecido do Jardim?
-É. Eu acho que sim, creio que ela me receberia. Será que pode me dizer onde ela entrou? Este corredor é muito grande.
-Já que é você, naquele ali. – Ela apontou para uma porta entre aberta.

-Será que eu poderia entrar, meu anjo? – Perguntou Amis, e sem esperar por resposta entrou, deslocando-se para perto de um pequeno vulto que se encolhia entre as paredes. – O quê houve? Por que saiu da festa? Está tão bonita, e creio que ela merece alguém com mais brilho do que ela, para que ela não seja o assunto de toda a cidade amanhã, mas sim aquela pequena dama que se vestia como uma fada e pairava como um anjo por cima de todos.
-Vá embora daqui, eu peço, gostaria de ficar sozinha. – Respondeu Daiene um pouco irritada.
-Por que quer ficar sozinha? Já sei! – Deu um salto e de súbito impulso ele chegou mais perto dela e lhe tocou os braços. – Não deixei uma boa impressão da ultima vez que nos vimos, lhe tratei um pouco mal, mas como eu poderia saber? Você estava vestida com trajes de aldeã. Como eu, que sou um pobre príncipe, poderia saber?
-Príncipe ou não, aquela maneira de agir foi muito autoritária, “senhor dono do mundo” – Daiene começou sarcasticamente. – Você acha que pode tratar qualquer pessoa daquela maneira? – Ela colocou-se de pé e continuou um pouco agressivamente. – Pois vou lhe dizer uma coisa: Seja aldeão, ou seja, rei deve-se tratar a todos com respeito, pois viemos todos de um mesmo ser. E se acha que estou assim por sua causa, está muito enganado. Eu estou apenas descansando um pouco, já que estava achando há festa um pouco cansativa.
-Além de bonita é sábia e agressiva. Aprecio isso. Mas só quero ajudar, ou será que não percebeu que desde a primeira vez que te vi gostaria de estar sempre contigo? Desculpe-me, mas não gosto de sua irmã e não sei se um dia poderei amá-la, vai ser difícil encontrar alguém que me encante como você me encantou. Afinal de contas o quê você é, uma aldeã bonita, uma princesa agressiva ou uma feiticeira sábia? – Por alguns instantes, Daiene, abaixou a guarda e se deixou encantar pelo rapaz que parecia ser um grosseiro, e se viu quase tentada a ceder, mas uma súbita lembrança da felicidade da irmã fez voltar sua compostura e pedir novamente que Amis se retirasse.
-Eu irei descer, mas desça primeiro ou acabarão por dá a nosso falta, e seria desagradável se nos vissem juntos, por favor, volte ao salão. Descerei em seguida prometo.
-É disso que você tem medo? Deles? Eu sei que você também se sente atraída por mim. Mas, tudo bem, não irei resistir, farei o que me pediu. Mas digo, se mudar de idéia e quiser viver comigo, enfrentaremos a eles, e se você não me aceitar, irei embora com muita dor e pesar, mas não a farei sofrer.
Amis retirou-se do quarto, e desceu para o salão, indo sentar-se na mesa real. Diana já estava lá. Quando o Rei Marcos XVIII notou a presença dos dois, fez um gesto e a música parou. Todos que dançavam pararam, todos que conversavam se calaram, o salão ficou no mais completo silêncio, onde apenas se ouvia a respiração de todos os presentes, e se prestássemos bastante atenção daria para escutar os batimentos cardíacos de todos, batendo compassadamente, como em uma orquestra.
O rei falou:
-Meus queridos convidados, reuni-os aqui está noite para que pudéssemos comemorar a união de dois reinos e dois corações: Minha filha Diana casará em breve com o Príncipe Amis de Lusitânia, e desça união de sangue real, nascerá um reino unido por laços de sangue. – O rei pegou no braço de sua filha e no de Amis e colocou a mão deles em cima de um cálice. O rei tinha passado a festa tossindo e neste momento onde tinha gastado bastante a voz, a tosse tinha piorado e o rei Arllintow, ao notar, continuou:
-Vamos, então, brindar a esse momento. – Bebendo o seu cálice de vinho, todos fizeram o mesmo. Apenas os noivos beberam do mesmo cálice.
O rei deu um sinal e a música continuou, porém foi abafada pelas vozes dos convidados que pediam que os noivos dançassem.
-Você aceita, princesa Diana? – Indagou Amis, estendendo-lhe a mão.
-Aceito. – Disse ela levantando. - Mas vamos deixar de formalidades, me chame apenas de Diana.
Eles começaram a rodopiar, e em pouco tempo o quadro estava novamente como antes, a reluzir-se em cores. Com o tempo, chegou um jovem e pediu para dançar com Diana, Amis aproveitou e foi falar com Daiene.
-Meu querido irmão, será que você me concederia uma dança com essa jovem, que em breve será minha cunhada? Precisamos nos conhecer um pouco não acha? – Perguntou Amis ao irmão.
-Mas claro, ela é toda sua. – Erlligtow respondeu e retirou-se.
-Amis? Pensei que tínhamos combinado de que você me deixaria em paz. – Disse ela um pouco sarcasticamente, escondendo por trás da máscara agressiva uma criança aterrorizada com a possibilidade de ser enfeitiçada.
-Antes de tudo, vamos ser da mesma família, então, de qualquer modo você vai ter que me ver, não adianta fugir. Vim por uma causa justa. – Ele disse e sussurrou ao ouvido dela. – Fuja comigo, meu anjo. Ninguém saberá. Temos o direito de sermos felizes.
-Você é tão tolo, se me entrego a você, quem cuidará do meu reino? Seria uma desgraça para minha família, meu pai nunca me perdoaria. – Ela falava, enquanto Amis fitava-a tentando desesperadamente saber o quê de verdade ocorria no coração de seu anjo. Ela pensou: “Como é tolo o Erllingtow, será que não vê que está me entregando muito facilmente para o seu irmão? Quem me salvará desse feitiço? Vou acabar por morrer envenenada com esse doce veneno, que este feiticeiro me lança. Como uma mosca na teia de aranha, eu estarei perdida, sem ter como me libertar”.
-Você ganhou, pode ir, mas não pense que irei desistir tão facilmente. – Disse ele se retirando.

Daiene avisou que iria se retirar e com isso a família real foi retirando-se por completo. As semanas seguintes seriam arrasadoras e todos precisavam estar dispostos. Os convidados, com o tempo, retiraram-se. Uma tempestade vinha a caminho e ninguém notara.

4ºCapítulo

As felicidades da festa haviam acabado, e agora a preocupação era o casamento em si, que seria uma festa mais elegante e muito mais esperada. Contudo, algo inesperado ocorreu, uma epidemia se alastrou sobre o Reino de MarcLouis, morrendo várias pessoas. Ninguém sabia de onde a doença tinha surgido ou como cura-la. O problema foi que a doença também afetou as classes altas, fazendo com que o terror se espalhasse sobre todo o Reino.
O rei não sabia mais o que fazer, e suas tosses haviam piorado, até que certo dia de cama ele amanheceu e o palácio entrou em alvoroço.

-Diana, minha irmã, o quê vamos fazer agora? Papai adoeceu, acho que ela está com a doença, e se ele nos deixar? O quê vamos fazer? –Indagava Daiene, que já não dizia nada com nada, e estava morta de preocupação. Diana, enquanto ouvia a irmã, escrevia para o Rei Arllintow solicitando sua presença imediatamente.
- Calma, Daiene, também estou nervosa, mas o quê posso fazer? Por isso chamarei o Rei Arllintow, ele vai nos ajudar. Você vai ver. Calma. Vá vê o papai, ele acordou hoje chamando por você.
-Está bem, irei lá. – Daiene saiu do quarto da irmã, e dirigiu-se aos aposentos de seu pai.

Bateu na porta e esperou permissão.
-Sim? Oh! Daiene, entre, entre. Finalmente apareceu, seu pai não para de chamá-la. Vá Vê-lo, ficarei aqui fora, entre, e se algo acontecer me chame.
Daiene entrou silenciosamente no aposento em penumbra, e dirigiu-se bastante devagar para o leito de seu pai. A lareira estava acesa irradiando um pouco de luz.
-Papai, estava me chamando? O quê deseja? Ah! Papai, o senhor está bem? Parece tão abatido.
-Sim, querida, estou apenas cansado... Não se preocupe... Acho que o seu velho pai finalmente, vai poder juntar-se a sua mãe. – O rei falava com tanta convicção, que fez Daiene estremecer e uma lágrima sair de seu rosto, mas ela precisava ser forte. Ele falava pausadamente, para não cansar, ele pegou a mão dela, levou-a ao peito e continuou. – Minha garotinha, sinto que estou indo, não estarei aqui no dia do seu casamento e nem no da sua irmã... Ah! Como eu sinto por isso, querida. Lembre-se esse reino você governará, sei que vai conseguir, cuide bem dele, e de sua irmã, ela vai precisar muito de você, queri... ...da, eu estou indo, sempre estarei com você, que Deus proteja-a, espero que seu futuro rei, trate a minha filha com muito amor e cuide bem desse reino. Adeus Daie...
Daiene, não agüentou começou a chorar, e a gritar, estava fora de si, seu pai, tinha-a escolhido como a última pessoa que ele veria. Ao ouvirem os gritos, os criados entraram correndo no quarto, Daiene se encolheu em um canto escuro, Priscilla ao chegar e ver o estado de Daiene tirou-a dali com a rapidez de um raio. Diana vinha chegando e quase tombou ao deparar-se com a cena que via em sua frente: Daiene, com um rosto estampando terror, e seu pai estirado na cama sem vida.

Daiene passou vários dias de cama, e sua irmã resolveu dar um tempo em seu casamento.

Assim que o Rei Arllintow recebeu a carta, mandou chamar Amis, e os dois dirigiram-se para MarcLouis. Ao chegarem não havia mais nada a fazer. Encontraram Daiene em estado de choque, e Diana segurando tudo, o Rei já morto e enterrado. O que eles podiam fazer era organizarem tudo e um deles ficar e dar força às princesas.
-Meu filho, acho que temos aqui uma situação desagradável, sua noiva acaba de perder o pai e tem a irmã de cama, preciso voltar para Lusitânia e acho que Diana não agüentará ficar cuidando do reino, além do mais, ela não tem experiência, estive pensando, o que você acha de ficar por aqui, e cuidar de sua futura família?
-Acho uma ótima idéia, meu pai. – Amis viu uma oportunidade de ouro para aproximar-se de Daiene.

5º Capítulo

Daiene passou dias sem querer se levantar, não adiantava, ainda não tinha chegado uma criatura que tirasse a princesa de seu desejo de morte. Por outro lado, Amis estava trabalhando feito maluco, tentando colocar o reino em ordem, agora que a epidemia havia sido controlada. Sua noiva havia lhe pedido para lhe dar um tempo, ela não estava muito bem para casar, o seu emocional ainda estava muito abalado, e disse-lhe que ele seria livre para fazer o que quisesse, já que o compromisso havia sido cancelado por tempo indeterminado.

Alguns dias depois, encontravam-se Diana e Amis a mesa, já era tarde e o dia tinha sido frustrante para os dois, Diana passara mais um dia com tentativas de tirar a irmã do quarto. Amis havia andando por todo o reino, procurando ver se tudo estava bem. Eles conversavam como dois jovens, que apenas eram amigos:
-E como foi aqui no castelo? Pois acho que o que acontece além das muralhas você não vai querer saber, mas assim mesmo saiba que está tudo em ordem. Graças a Deus!
-Por aqui tudo está em paz, se bem que Priscilla acha que estão roubando as galinhas. O que me preocupa é minha irmã, ela não quer se alimentar, não quer se levantar, fica no quarto, deitada na cama, ela está lastimável. Quem um dia a conheceu radiosa e com toda sua beleza, não a reconheceria agora, não mais... Se tivéssemos, pelo menos um bom argumento, acho que ela não estaria assim.
-Bem, quanto às galinhas, dou uma olhada amanhã. Mas a sua irmã será que eu poderia ver como ela está? Falar com ela? Quem sabe alguém de fora ela escute?
-Acho que você pode vê-la depois do jantar. Quem sabe você a faz comer, você tem jeito com crianças.
-Sua irmã não é criança. Ela, apenas, ficou abalada com a morte do pai, você também deve estar, mas não teve tempo para chorar.
-Tudo bem. Já que você diz, não vou discutir, eu estou com sono, irei me retirar, pode ir lá quando lhe convir, ela está sem dormir mesmo. Boa noite! – Diana retirou-se e Amis ficou a pensar, na grande sala iluminada por pequenas velas, postas em lugares estratégicos para iluminarem o tanto possível.

-Boa noite! – Amis cumprimentou a sentinela que estava à porta dos aposentos de Daiene, e entrou, batendo na porta. –Boa noite, Princesa Daiene, está acordada? Será que eu poderia falar com a senhorita, Vossa Alteza?
-Quem está aí? Quero ficar sozinha. – Disse ela secamente e continuou no canto onde estava sentada, à beira da janela a olhar o luar. – Já disse mil vezes, "quero ficar sozinha”, ficou claro? Se veio me trazer o jantar, pode mandar de volta, e diga a minha irmã, que não irei comer. Prefiro morrer, já disse, e vá embora antes que... Antes que eu faça uma loucura.
-Ora, ora, como a vida é! Se não me engano foi você mesma quem disse: “Pois vou dizer-lhe uma coisa: Seja aldeão, ou seja, rei deve-se tratar a todos com respeito, pois viemos todos de um mesmo ser.”. Lembra-se disso, Princesa?
- Quem é você? Vá embora. E como sabe disso? Só eu e mais uma pessoa sabemos disso, você andou escutando minhas conversas? Quem pensa que é?
-Muito bem! Se só você e mais uma pessoa sabem disso, como eu poderia saber? A não ser que eu seja essa pessoa, não concorda? Viu como anda desinformada! – Amis não havia saído de perto da porta, e por isso seu rosto não foi reconhecido. Sem notar o olhar de espanto do seu anjo, continuou. –Há alguns dias lhe vi cheia de vida. – Ele saindo das sombras, aproximou-se dela e a puxou para junto do espelho, levando ela enlaçada em seu braço e uma vela na outra mão, e como não notou relutância da parte dela, também não hesitou. – Veja! Olhe para você. Onde está aquele brilho que me encantou? Onde foi parar aquela voz e aquela firmeza que tanto me enfeitiçaram? Onde está a bela princesa decidida a cuidar do seu reino, com tanta vontade e sinceridade, quem me prenderam a você? Lute, viva, se você se for o que acontecerá com o reino? Ou com sua irmã? Sei que você é mais forte que ela, se você continuar sem deixá-la descansar, não sei o que irá acontecer. Eu não passei por isso, mas sei que é muito difícil, porém temos que lutar. Se você se for levará um monte com você. Eu serei o primeiro a te seguir, acredite, só estou aqui porque sabia que iria te ver, se não, se eu soubesse que você não estaria aqui, lutando pelo reino, eu me entregaria ao doce veneno da morte.
-Largue-me, saia daqui. Por favor, não estou bem. Eu vi o meu pai morrer, você não entende isso? Fora daqui! – Ela disse agressivamente, com lágrimas nos olhos e empurrando-o para longe. Daiene estava gritando como uma louca. – Fora, fora, saia daqui, sua presença não me agrada, eu irei chamar os guardas fora. Você não tem o direito de entrar nos meus aposentos e muito menos de estar nesse castelo! Fora!
-Isso mesmo, jogue sua raiva para fora. Daiene escute-me. -Falou ele segurando-a com mais força- Eu quero o seu bem, estou aqui porque sua irmã pediu para que eu cuidasse do reino, e vim aqui lhe ver para tentar ajudar, Diana está desesperada dê uma chance a ela, vamos você ainda tem muita força de vontade... – Ele foi interrompido por Daiene que se soltou e recomeçou com lagrimas nos olhos.
-Amis, eu peço-lhe novamente para retirar-se, eu estou bem, só quero que parem de preocupar-se, eu vi o meu pai morrer, não consigo tirar essa cena da cabeça, por favor, retire-se. Eu, eu...
-Não sabe o quê fazer, porque o que eu estou sentindo por você, você também sente por mim. Sua irmã pediu um tempo, desmanchou o noivado, por algum tempo. Dê-me uma chance, é o que peço, não ira se arrepender. – Quanto mais falava, mais ele se aproximava, e por um momento ele pensou que teria seu anjo em seus braços.
-Talvez você tenha um pouco de razão, não se preocupe, amanhã irei tomar o desjejum com vocês, e acho que está na hora de você ir, afinal, já é tarde e não fica bem para uma donzela ser encontrada com um cavalheiro em seus aposentos. – E afastou-se antes que Amis pudesse dizer algo.
-Já que é assim que prefere, até manhã. Talvez... Deixe. Boa noite! Até amanhã! – E com isso saiu do quarto, pensando: “Ela não vai fazer isso comigo, sei que ela é valente, mas vai sucumbir, eu sei que ela sente o mesmo. Mas sua vontade de manter a paz parece ser maior. O que eu irei fazer, sem esse anjo, que os céus me mandou? Talvez isso seja uma lição que eu deva aprender.”.

Daiene foi a primeira a acordar na manhã seguinte. Ajeitou sua cama, vestiu-se sozinha, e saiu para dar uma volta em sua égua, a Relâmpago, o dia estava lindo, o sol ainda estava nascendo e um brilho dourado espalhava-se pelo campo, ela via os camponeses indo para os seus trabalhos e curvarem-se a sua passagem. Ela foi para longe e parou em um campo todo florido e onde o capim a cobria, deitou-se e ficou a olhar o céu.
“Ah! Papai, por que você se foi? Por quê? Estou tão só, o que eu irei fazer? Você deixou-me esse reino, e vou lutar por ele, aquele idiota do Amis, não estragará o nosso lar, papai não mesmo. Mas e seu eu sucumbir ao Amis? O que será da minha irmã ou do reino? Não isso não pode acontecer. O que eu irei fazer? O quê?” – Subitamente seus pensamentos foram cortados por um chamado ao seu nome.
-Daiene, Princesa Daiene. Onde essa garota se meteu? – Praguejava Amis.
-Príncipe Amis, veja, acho que é a égua da princesa, ela deve estar por ali.
-Eu irei lá. Você fica aqui para se algum de nossos homens aparecerem, e reze para que ela esteja viva. – Ordenou Amis.
-Sim, senhor.
Amis aproximou-se da égua, procurando por algum indício de que Daiene estivesse por ali, ao chegar mais perto ele viu um lago e chamou:
-Daiene, você está aqui? Está bem? Daiene. Misericórdia, o que farei se o meu anjo não aparecer?
-Já pedi para que não me chame assim, Príncipe Amis. Será que não poderia fazer isso, pelo bem de sua futura esposa? – Daiene respondeu e riu da reação de Amis.
-Você é maluca? Passa dias deitada sem sair do quarto e de repente some! Sua irmã só falta enlouquecer. E vamos esclarecer algo, aproveitando que estamos sós, sua irmã já disse que estou livre, ela quer recuperar-se antes...
-Não deviam perder tempo. – Interrompeu Daiene.
-Não me interrompa. E você, pequena? Sei que não gosta do meu irmão, e se não gostasse de mim, não teria se recuperado assim, com tanta rapidez.
-Vá para o inferno, Amis. Você só ajudou-me a perceber que mais alguém precisava de mim e que eu estava sendo egoísta. –Respondeu ela irritadamente.
-E precisa jogar sua felicidade pro alto para isso?
-Sim, preciso. Trate da sua vida, porque eu sei me cuidar e cuidarei sozinha de minha vida.
-Se é assim que quer, assim será, mas não pense que vai ser fácil.
-Princesa Daiene. Oh! Princesa, que susto nós deu. –Gritou um guarda do palácio, aproximando-se deles.
-Não se preocupe eu estou bem. Para falar a verdade, não sei o por quê de tanto espanto, sempre saio para dar algumas voltas com a relâmpago. – Disse Daiene e todos se dirigiram para o palácio.



6º Capítulo

-Abram os portões. – Ordenou Amis. Eles já estavam entrando no palácio quando Priscilla veio correndo e disse:
- Ah! Altezas ainda bem que chegaram, a Princesa Daiana, ela está de cama, não se levantou para tomar o desjejum e não quer nada, está queimando de febre e tossindo, acho que ela está doente e é grave, muito grave.
-Mas o que houve? Ela vinha tão forte, tratando de tudo. – Indagou Daiene.
-Foi quando ela soube do seu sumiço, Princesa.
-Eu irei vê-la, precisamos agir muito rápido. Quanto a você Príncipe Amis, faça-me o favor de ir até as ruas do reino, procurar por Cachinho, vá rápido, o povo lhe indicará o caminho, diga que sou eu que o estou convocando. Agora vá. – Falou Daiene com autoridade na voz.
-Nada disso, eu irei ver Diana e mandarei um dos guardas chamar o médico, e quanto a você, você tem que se alimentar, ainda não está em condições de cuidar de um doente, ou esqueceu que passou dias sem comer, sem sair do quarto? – Disse Amis. Um dos criados disse a outro à parte: “-Marcos, agora a coisa vai esquentar. O Príncipe Amis comprou uma briga com a pessoa errada”.
-Quem você pensa que é? Está aqui de favor, o meu pai deixou o reino para que eu cuidasse dele, você é um visitante e um forasteiro por aqui, porque você ainda não faz parte desta família, no dia em que você fizer, aí sim, escutarei sua opinião, mas por hora, ou você faz o que pedi, ou pode retirar-se, espero que não me leve a mal, mas você não tem o mínimo poder sobre essas terras. Você é quem escolhe Príncipe Amis, agora com licença que tenho mais o que fazer. Marcos se o Príncipe for embora o acompanhe até ele estiver longe do reino, ouvi dizer que existem saqueadores pelos arredores, e você. – Apontando para um outro guarda. – Vá buscar o Cachinho. Com sua licença, Alteza.
-Espere, eu ficarei, mas depois gostaria que me desse um pouco de sua preciosa atenção, Princesa, gostaria de falar-lhe. Marcos acompanhe-me, por favor, não quero demorar.

Enquanto Amis procurava por Cachinho, Daiene foi até o quarto da irmã, para ver o real estado em que ela se encontrava, mas ao chegar à porta ela sentiu uma pequena tontura e parou um pouco.
-Alteza, sente-se bem? – Perguntou Priscilla.
-Estou. Foi uma pequena tontura. Guardas abram à porta. – Os guardas abriram à porta e Priscilla e Daiene entraram. – Minha irmã, você está bem? O que houve? Você vinha tão bem, tem que se recuperar para poder casar-se logo com o Príncipe Amis. Minha querida, eu estou bem, não deveria preocupar-se comigo.
-Minha irmã, nunca mais suma assim, está entendendo? Agora vá ficar a par sobre o que está acontecendo no reino com o Príncipe Amis, ele andou cuidando de tudo enquanto você estava doente, minha irmã ele é tão prestativo, deixe ele te ajudar, está bem?
-Certo, mas no momento ele não está no palácio, eu pedi para que ele fosse chamar o Cachinho, lembra dele?
-Como eu esqueceria dele? Ele foi tão bom para conosco. Ele é um anjo, mas eu acho que... Não precisava incomodá-lo.
-Eu não quero saber sua opinião, simplesmente o Cachinho virá aqui e verá como você está, e não discuta comigo, está entendendo? Depois eu deixo você e o Amis conversarem um pouco. Priscilla fique aqui com minha irmã, eu irei dá uma volta pelos arredores do palácio, para saber do povo, quando o Príncipe Amis chegar com o Cachinho, deixe apenas que o Cachinho entre, e peça para que ele espere por mim, eu quero falar com ele.
-Sim, Alteza.

Quando Daiene voltou ao palácio Amis estava a sua espera.
-Princesa, será que poderíamos conversar agora? – Indagou Amis.
-Ah! Amis é você? Que susto você me deu. Mas é claro, podemos conversar agora, vamos para o salão de guerra. – Daiene respondeu e guiou-o para o salão. – Sim, Amis o que deseja?
-Daiene, por favor, por que me trata desse jeito? Sei que isto é uma forma de afastar-me de você, quantas vezes vou ter que lhe dizer: não irá conseguir. Estou apaixonado por você, e isso não vai mudar, você sente o mesmo por mim. Daiene pare de machucar-se e de me machucar. - Ele estava bem perto dela, podendo sentir o seu hálito, e ela não parecia nada satisfeita com a ousadia dele.
-Ora, Príncipe Amis, quantas vezes vou ter que lhe dizer, não adianta, não estragarei a felicidade de minha irmã. Por mais que eu lhe queira, é impossível. Não adianta.
-Então, você admite? – Indagou Amis.
-Por um momento, eu pensei que estivesse, mas não estou. Essa sua cara de desanimo é muito boa, por que não desi... -Amis não esperou por resposta ou desaforos de Daiene, ele simplesmente tomou-a em seus braços e deu-lhe um beijo. Daiene esqueceu de tudo e apenas deixou-se levar pela ousadia de Amis.
-Viu só, meu anjo, você também sente o mesmo, ou já teria me dado um murro, você é muito agressiva. – Amis soltou-a e Daiene ficou furiosa, ele havia finalmente conseguido a prova de que precisava.
-Amis você é um tolo. – Ela saiu batendo a porta. Amis ficou na sala a pensar em tudo que havia ocorrido com ele. E delirando no doce sabor que tinha a boca de seu anjo.

No dia seguinte logo cedo, Daiene mandou chamar Amis ao salão de guerra, disse que precisava conversar com ele.
-Princesa Daiene, mandou chamar-me?
-Lógico, não é Amis.
-E por que tão cedo?
-Porque só os guardas estão acordados há essa hora. Pra falar a verdade, pensei em chamar de madrugada, mas isso atrapalharia o meu sono e não o seu. - Amis deu uma risada.
-E então o que você quer? Posso sentar-me?
-Mas é claro fique a vontade. O assunto é o seguinte, seu pai, resolveu mudar os planos e casar você com minha irmã e deixar vocês aqui, tornando então você o rei e assumindo o poder. Mas...
-Mas você não deixará isso ocorrer. É uma ameaça de pôr-me para fora? Daiene, eu tenho lhe ajudado esses dias, eu não quero o poder. Quero você... Não quero o seu reino... Quero apenas o seu amor. Será que isso é tão difícil de entender?
-É uma ameaça, sim. Espero que o seu pai continue com essa história, assim me livro de você de uma vez por todas. – Daiene levantou-se e foi para perto dele. Sussurrou em seu ouvido. – Eu poderia matá-lo se quisesse pelo que me fez ontem... É uma outra ameaça da próxima eu mando caça-lo e você não vai gostar nem um pouco do que irei fazer quando for parar na câmara de tortura.
-Daiene... Daiene... Não negue o que sente. Sei que você me ama e provei isso para você ontem.
-Não me provou nada. Aquilo foi uma afronta direta, não devia ter mexido comigo. Não sou uma das camponesas que você derruba no campo.
-Ora, Daiene, poupe-me nunca fiz isso, mas o seu futuro marido sim, aquela cara de santo, meu irmão é um pervertido, porém idiota, ele podia ser mais inteligente. Creio que ele representa o tipo exato de nobres que você tem em mente. Quer que eu prove novamente?
Daiene não respondeu, e como quem cala consente, Amis não esperou. Levantou-se e chegou bem perto dela, Daiene não esperou por mais, levantou a perna e Amis recontorceu-se de dor.
-Daiene, você jogou muito sujo... Maldição! Você vai ver...
Daiene ria e se divertia com a situação, mas não esperava por uma reação tão rápida dele. Ele puxou-a pelo braço e novamente seus corpos se colaram, Amis podia sentir o coração de sua amada batendo mais ligeiro... Seu hálito... – Guardas... Guardas... – Os guardas entraram correndo... Amis havia soltado Daiene e estava confuso, a ordem de Daiene foi direta. – Prendam o Príncipe Amis! Ele está maluco, não fala coisa com coisa... Chamem o Cachinho para dar uma olhada nele, mas antes peça para que ele venha aqui, preciso falar com ele.
-Daiene! Você está maluca... Soltem-me... Daiene. – Amis gritava e contorcia-se, mas não deram ouvidos a ele.


Daiene deixou Amis preso durante uma noite e por ela deixaria mais, só que sua irmã poderia perguntar o por quê dele estar preso.
Dois dias depois do ocorrido entre Amis e Daiene o rei Arllintow chegou a MarcLouis.
-Seja bem vindo, Majestade. – Disse Daiene ao receber o Rei nos portões do reino.
-Como vai, Princesa Daiene? Você deve estar contente por não precisar mais tomar conta do reino, afinal, falta apenas uma lua para o casamento.
-Estou bem, majestade, mas creio que teremos que conversar sobre esse assunto antes. Bem, agora não é a hora, você deve estar cansado e precisa descansar a viagem é muito longa.
Amis vinha chegando de sua ronda ao avistar o pai e Daiene dirijindo-se para o castelo.
-Papai, o senhor chegou. Como está mamãe? – Alcanço-os dentro do castelo. – Conte-me como está tudo por lá.
-Amis, você deveria perguntar-me como anda os preparativos do casamento, afinal, sua noiva é bem atraente. – Arllintow não ligou para a presença de Daiene, que começou a ri.
-Ora, papai, você sabe que este casamento não é do meu agrado. – Para testar Daiene, ele completou. - Mas Daiana é muito bonita sim, será um belo casamento. – Daiene sentiu uma pontada de ciúme que não deixou transparecer.
-Irei deixar vocês a pôr a conversa em dia, irei ver os criados.


-Majestade, entendo a sua preocupação comigo, mas o reino está seguro. Meu pai deixou-o pra mim. E o trato foi que eu e meu marido ficaríamos aqui e que Daiana e o marido ficariam em Lusitânia. Portanto, não queira mudar as regras, você combinou isso com meu pai, ele sabia o que fazer, e eu aprendi com ele, se o senhor ainda insistir nessa idéia não me casarei com o Arllintow e pedirei para que Daiana volte com você e Amis para o reino. Não irei ceder e espero que o senhor entenda.
-Daiene, eu sei que você é muito prendada, mas convenhamos que a realidade é que você é uma mulher, não sabe como dirigir um reino, principalmente um reino deste tamanho. Você quer perde tudo o que o seu pai deixou? Acredite em mim, Amis cuidará bem da sua terra.
-Majestade, isso para mim é uma ofensa, eu sei como governar e não abrirei mão do meu reino. Pergunte ao povo, se não sei governar? Isso me faz pensar que o senhor desde o começo queria ter os dois reinos sobre o seu governo, sobre o poder da sua família. Pois, fique sabendo que meu pai escolheu-me por eu ser forte e muito pouco inclinada aos caprichos do Deus Eros e que eu saberia ficar de olho no meu senhor para que ele não acabasse com o reino. Quando meu pai morreu, ele chamou-me para deixar o reino em minhas mãos. Foi o ultimo desejo dele e irei cumprir.
Amis observava a tudo do canto da sala, resolveu se meter, já que conhecia o gênio dos dois negociantes.
-Papai, esses dias que estive aqui eu observei Daiene e ela sabe cuidar do reino, creio que não terá problema de ficarmos em Lusitânia, ou então, poderíamos ficar aqui até Daiene casar-se com Erllingtow.
-Viu, majestade, até o Amis sabe disso. O quê custa entender e aceitar?
-Custa muito, mas vou procurar pensar no assunto.
O Rei Arllintow retirou-se para seus aposentos e deixou Daiene apreensiva, ela não gostaria de entrar em uma guerra, pois sabia os perigos e os tormentos que causavam um combate. Amis tentou acalma-la.
-Fique tranqüila, meu anjo, ele irá aceitar a proposta que eu fiz, e pode apostar que irá conversar com Daiana para que você case-se logo com Erllingtow.
-Eu sei Amis, eu sei... Ah! Por que o seu pai é tão teimoso? Acho que às vezes eu sei a quem você puxou. – Daiene deixou-se cair na cadeira, fez uma pausa e Amis atentamente observava o seu anjo, achava que talvez pudesse ter uma chance, mas ela era tão impossível, tão dona de si, que às vezes ficava difícil até de saber como trata-la. Daiene era um misto de vigor masculino com o mistério sedutor das mulheres que assustava ao Amis, mas que também lhe causava um grande magnetismo. Depois de um silêncio prolongado, Daiene continuou com voz de desabafo. –Sabe, às vezes eu penso que teria sido melhor se eu fosse como a Daiana, ou então que eu fosse um homem. Assim eu aceitaria melhor o que o seu pai propôs ou até mesmo pensaria na hipótese de fugir com você. – Daiene deu uma gargalhada e Amis sorriu um pouco se sentando na cadeira que a pouco seu pai estava. – Amis... Por que meu pai teve que ir tão cedo? Por quê? Papai, que falta eu sinto do senhor.
-Você ainda não superou a morte dele, não foi Daiene? – Ela concordou com um levo movimento da cabeça. – Você sabe que ele está aqui com você. Ele não se foi, Daiene, porque ele vive em você, nos seus olhos, nos seus gestos, nas suas atitudes, em fim, no seu coração. E por favor, nunca mais diga que não queria ser a pessoa que você é. Daiene, você é maravilhosa. Nunca vi nenhuma mulher como você, por favor, isso é um pecado. Um insulto à criação dos Deuses. Tenho certeza que os céus estremeceram diante de tal absurdo.
Daiene sorriu e levou Amis a o delírio por saber que tinha conseguido surtir algum efeito nos pensamentos de sua amada.
-Ah! Amis só você e seus galanteios para me fazer ri, com todos esses problemas.
-Pelo menos sirvo para alguma coisa.
Daiene riu novamente.
-Sabe, às vezes, eu acho que estou mais apaixonada do que imagino por você. – Daiene levantou-se e saiu da sala, deixando Amis completamente atônito.

7º Capítulo



O Rei Arlingtonw com a sua ambição queria de qualquer jeito que Amis casasse logo e que cuidasse do reino de MarcLouis, ele tinha medo de Daiene, sabia que ela era um inimigo a altura e que ela não deixaria Erlingtonw governar sobre as idéias do seu pai, o dedo dela e a sua impertinência estariam em todas as ações feitas no reino, e para piorar ela tinha o apoio dos plebeus.
Daiene foi inflexível, não sairia do reino, e o rei notou que Amis não iria ajudar muito, pois já estava sob o efeito fascinante que Daiene exercia, afinal seu filho Erlingtow estava do mesmo jeito. Por fim achou melhor fazer os dois casamentos no mesmo dia. O que Daiene aceitou com muita relutância, mas o rei lembrou-a do trato que o seu pai tinha feito assim como ela fez no dia em que conversaram no salão de guerra.
Daiene cada vez mais evitava estar na presença de Amis, e ele sentia que ela se escondia entre palavras e gestos agressivos, normalmente evitando olha-lo nos olhos. Ele não sabia se isso faria bem ou mal.

Naquela noite, a mesa do jantar Amis achou Daiene mais estranha que o normal dos últimos dias, ela estava agitada, falava rápido sem esperar por respostas, como se falasse consigo mesma. Entre um e outro monólogo de Daiene, Amis a escutou dizendo: “Tem que ser essa noite, só pode ser, a situação está insustentável. Preciso falar com...”, ela parou e lembrou-se que não estava só, revirou os olhos pela mesa para certificar-se que ninguém havia escutado. Amis fora bastante discreto e não deixou transparecer, levantando-se logo depois do pequeno incidente. Um pensamento que até então não havia passado pela sua cabeça, despertou-lhe uma sensação desagradável.

O vento frio da noite fez Amis encolher-se e piorou o vazio que sentia em sua alma desde a hora do jantar. Relembrou de tudo que vinha ocorrendo: “A recusa de Daiene, toda sua força para afastar-me, suas desculpas, suas idéias. Minha nossa, como sou tolo! Como não percebi antes... Pelos céus e a sua frase – A voz de Daiene ressoava no ouvido de Amis – “Acho que estou mais apaixonada por você do que imagino” - Não... Não pode ser. Isso chega a ser absurdo. E se for verdade? E se realmente ela gostar de outro? Por Afrodite! Como fui tolo! Que os céus caiam sobre minha cabeça se o coração do meu anjo pertencer a outro. - O ciúme súbito que havia possuído Amis, deixou-o assustado. – Pelos céus! Do que estou falando? É melhor ir deitar-me.”. Amis voltou ao castelo e foi para seu aposento, tomando cuidado para não ser visto.

Daiene estava com insônia, não conseguia pregar o olho, ou resolvia logo seu problema ou enlouqueceria. Tudo lhe parecia bem complicado, porque seja lá qual das alternativas escolhesse correria o mesmo risco. Pensou... E pensou, acabou optando por resolver o problema.

Não bateu na porta, Não queria fazer barulho. No quarto tudo estava no mais completo silêncio, a luz do luar irradiava um pouco de claridade pelo quarto. Amis dormia profundamente, Daiene aproximou-se do leito e ficou a observar o seu amado. Ele precisava voltar para Lusitânia, pelo bem de ambos. Ela sentou-se e um impulso irrefreável de tocá-lo sem agressões veio à tona. Aproximou a mão bem devagar e assim que o tocou no rosto, Amis acordou e segurou-lhe a mão. Ao toque percebeu que a mão era de uma mulher e mais sobressaltado ainda virou-se para ver de quem era e para o seu espanto, viu o rosto de Daiene iluminado pela luz da lua.
-O que você está fazendo aqui? Está louca? Pensei que fosse alguém querendo me matar, Daiene. Aconteceu alguma coisa?
Daiene quis levantar-se para poder explicar, mas Amis não soltou a sua mão.
-Bem certo, poderia eu matar-te, não seria má idéia, mas o quê acontece é que... – ela parou um pouco e respirou, não sabia como falar, ou continuar a conversa, não conseguiu fitá-lo econtinuou depois que ele pressionou um pouco sua mão a fim de que ela falasse. – É que eu não suporto mais te ver, vim pedir para que voltes ao reino de Lusitânia.
-Continuo sem entender. Por que não deixou para falar comigo de manhã? – Perguntou Amis ainda assombrado.
-Amis! Você é tão tolo! Pelos céus! Não suporto mais te ver justamente por não conseguir esconder por mais tempo o que sinto.
-Quer dizer que você me ama? É verdade? O teu coração não pertence a outro?
-Lógico que não! Pertence a ti, a tua arrogância, somente a. -Amis não deixou que ela terminasse a frase, selando o momento com um beijo ardente como se fosse a primeira e última vez.
Ao sentir Daiene em seus braços, uma felicidade súbita invadiu-o, mas ao mesmo tempo um temor também rondou o seu coração.
-Daiene... Meu anjo, o que iremos fazer com o casamento?
-É muito simples: Você irá casar com Daiana e eu com Erllingtow. Não podemos impedir.
-Que infortúnio. Prefiro a morte.
-Não fale uma tolice dessas, a morte é por demais cruel.
Beijaram-se novamente e passaram um bom tempo deitados juntos, apenas sentindo a energia da magia que os envolvia.
-Preciso ir, Amis, daqui a pouco o dia raia.
-Eu sei... Eu sei... Não sei por que Eros lançou-nos essa maldição. Meu Anjo que farei sem ti lá em Lusitânia. Deixe -me ficar, faltam poucos dias para o casamento e depois nos veremos tão pouco. Deixe-me ficar.
-Irei pensar, dê-me dois dias para pensar, e então, vá para o Jardim das Flores ao pôr-do-sol do segundo dia dar-te-ei uma resposta.
Daiene saiu do quarto e do castelo, precisava de ar puro.
Os últimos acontecimentos mudariam tudo, ela não conseguiu resistir sucumbindo ao charme de Amis e talvez levando consigo todo o reino para a beira de um abismo, todavia, ela ainda não sabia disso.


8º Capítulo

Os dias que se passaram foram angustiantes para Amis, conviver, sentir, ouvir e ver, sem tocar, sem se aproximar, depois de saber que seus temores eram infundados, que o seu “Anjo” o amava?
-Dois dias, Amis. Dois dias. Foi só isso que ela pediu. Será que você não consegue esperar? Essa sua ansiedade ainda vai fazer perde-la! Droga! Por que tínhamos que ser prometidos? Tudo seria bem mais simples se mudassem essa regra idiota! – Amis esbravejava, lutando contra si mesmo em seu quarto. Já era tarde, e ainda faltava um dia e meio. Daiene não lhe saia da cabeça.

Em seu quarto, Daiene, num sono profundo, sonhava inquietamente com Amis. Mesmo em sonhos sua presença atordoante não há deixava um minuto se quer.
“Amis... Amis, eu não posso. -Mas ele a beijava. E seu desejo se perdia, sua vontade se esvaia- Amis...” Era apenas um sussurro invadindo o quarto, um chamado mudo que nunca seria respondido, ou que não permitiram ser respondido.

Amis esperava impacientemente no Jardim das Flores. Daiene estava atrasado. Será que havia desistido? Mudado de idéia. Um suor frio lhe escorria pelo rosto e foi nervosamente que se virou pra fitar, Daiene:
-Amis...
Ele a interrompeu.
-Você está... está tão bela, meu anjo.
-Amis, você é tão bobo. Sempre foi.
-Diga-me qual a resposta, eu não agüento mais.
-Amis, pelo nosso bem, como você poderia ficar?
-Eu andaria sobre o mar se fosse preciso pra ficar perto de ti, Daiene. Não entendes?-Ele aproximou-se e segurou sua mão. – Sei que não é simples, nem fácil. Mas longe de ti completamente, é uma tortura. E depois te ver no dia do casamento, linda em seu vestido de noiva, linda e sem ser para mim. Seria o inferno. Antes eu me mataria.
-Suas promessas, são tolas e infundadas, Amis.
-Não se esconda atrás dessa frieza, Daiene! Não comigo! Sei que você sente o mesmo. Você disse.
-Amis, foi um erro, você não entende?
-Não! Não, não consigo entender. Poderíamos fugir, Daiene, meu anjo. Eu te faria feliz.
-Longe da minha vida, Amis? Longe de tudo que é importante pra mim? Mesmo assim você acha que eu seria feliz, só por causa do nosso amor?
-Daiene... – Mas a palavra morreu em sua boca... Ele se deixou levar pela impassividade, sentou-se na beirada da fonte, e não percebeu que um pequeno ser os observava. Daiene vendo o sofrimento no rosto de Amis não se conteve e sentou-se ao seu lado. Pegou em sua mão, numa tentativa de conforto, acariciou os seus cabelos e ele virou-se para fita-la. Como esquecer esse amor, se ele sempre estaria presente? – Meu anjo... – e dessa vez ela deixou se levar pelo doce inebriante que o beijo de Amis lhe deixava na boca. Enquanto, Daiene resistisse, ele não interferiria, mas...
-Amis...
-Shiii... – Amis pousou dois dedos sobre os lábios de Daiene, e a observou. - Não quero nunca esquecer esse momento, esses seus olhos, esse seu olhar.
-Amis, você é um tolo! – Daiene riu, e ele se entreabriu num sorriso. – E se eu aceitasse ir embora com você?
-Eu seria o homem mais feliz da face da terra. – E ele a beijou novamente, rápido e intenso, longo e suave.
Contudo, algo se entre pôs entre eles, os separando. Daiene levantou assustada com o que viu surgir da fonte, nunca imaginou que um ser dos que ouvia falar nos livros pudesse realmente existir. Amis em atitude protetora se levantou e se postou na frente de Daiene. Era um ser feito da água, com a aparência de um velho rei. Com sua coroa de água e sua barba de espuma. Um velho rei dos mares, para lembrar o que há muito havia sido esquecido.
-Eu me chamo Iamem. – Ele em seu tom solene de falar, começou a explicar aos jovens porque estava ali, impedindo um grande amor. - Um velho ser mitológico, duende das águas. Tritão, um ser do mar, tanto faz. Diriam que eu sou um elemental dá água. Sou herdeiro de tronos antigos. E vim aqui para contar uma longa história a vocês e explicar por que vocês não podem concretizar o que se passa nessas cabecinhas. – Era um tom paternal, que Daiene conhecia e respeitava. - Já é hora de lembrar o que todos esqueceram. Há alguns anos atrás, dois jovens, como vocês, juraram um amor eterno aqui nessa mesma fonte, diante dos meus próprios olhos. Prometeram ser um do outro pelo resto da eternidade. E por sorte estavam prometidos. Ah! Como é bonito um amor puro, quando não é corrompido pelas mãos impiedosas desses reis gananciosos!- Alterou a voz, fazendo-a parecer com um trovão. –Mas pela fatalidade, ou ignorância, como prefiro acreditar. Seus pais começaram uma rixa. Uma discussão tola, por um tesouro que não valia mais do que a vida de seus filhos. Mas eles não perceberam isso e muito menos, perceberam a infelicidade que causaram aos seus filhos. Distanciaram-se, desfizeram o contrato. E os dois jovens, sem terem como lutar foram obrigados a se afastar. Um ódio mortal crescerá. A Rainha das águas, a madrinha desses jovens, jurou vingança entre lágrimas de sangue: “Como Rainha, mãe e irmã, este absurdo será lavado com a mesma moeda. Juro vingança em nome de meus protegidos. Rogo uma praga para esses reis desunidos. Outros pagarão pelos seus erros, mas que sirva de lembrança para os que trilharem o mesmo caminho. Lusitânia e MarcLouis irão se separar por toda a eternidade, como fizeram com o amor desses dois jovens. E, apenas se, um jovem casal que vejo no futuro por vontade própria renunciarem a seu amor para lavar a honra dos reinos que herdarão, a maldição será quebrada.”. Eles se amavam, e aquilo que os seus pais fizeram era um grande pecado. Ela estava furiosa. E suas palavras teriam que ser cumpridas. Meu dever é apenas contar a história de vocês. E esperarem que decidam.

Amis soube na mesma hora que havia perdido a batalha. Daiene faria de tudo para que seu reino não sofresse. Sabia que precisava de Lusitânia. Se o seu amado reino estivesse em paz, ela partiria. Mas não agora. Tudo mudava. Iamem continua imóvel, esperando uma resposta. Amis virou para fitar Daiene.
-Meu anjo... – Seu olhar era desolado, e Daiene entedia o porquê. Sabia que agora ele aceitaria.
-Me faça uma promessa aqui e agora, Amis. Prometa que nosso amor será eterno, que você nunca se entregará para minha irmã. Guardaremos-nos até o dia em que poderemos desfrutar do nosso amor.
Amis segurou o rosto de Daiene em suas mãos
-Como te esquecer? Como não amar só a você?- Ele passou da resignação a fúria. Virando-se para Iamem. – Por quê? Eu poderia amá-la faze-la feliz. Mas agora...
-Amis. – Falou Iemem- Eu não disse para você desistir de tudo. Ainda espero uma resposta. O que decidirem agora, valerá pela eternidade, e eu serei encarregado para que cumpram essa promessa.
Daiene deu um passo à frente.
-Você já conhece a resposta, Iemem. Honrarei o nome dos meus ancestrais. Amis... – E desolada, com os olhos cheios de lágrimas. – Me desculpe.
-Seja o que você quiser, Daiene. Mas sempre conte comigo, mesmo que seja para sermos apenas amigos. – Segurando em sua mão, continuou. – Eu prometo. Eu te amarei para sempre e não irei me entregar a ninguém, nem a sua irmã.
-Você já tem a minha palavra.
E eles se beijaram mais uma vez, numa tentativa de selar o que antes fora dito. Mas Iemem os separou e disse para eles voltarem e não vacilassem. Se eles errassem. Um castigo pior viria.

Enquanto voltavam para o castelo de Daiene, suas mãos entrelaçadas,ela lhe falou:
-Amis, eu acho que no fundo eu sempre tive uma certeza que não ficaríamos juntos, você entende o que quero dizer?
-Sim, Daiene, toda essa sua relutância, todo o meu esforço, tudo em vão.
-Não, Amis. Não é isso...
-É. E sempre foi. Um desejo maior de proteger pessoas. O seu encanto de sempre envolver, sempre proteger. Como tirar isso de você?
Já estavam perto do castelo, pararam. Os olhos de Daiene ainda úmidos, Amis a segurava com força. Enlaçou em seus braços, e para um último adeus, um último beijo, aquela última vez que sentiria o suave doce da felicidade em sua boca. Eles foram ao espaço e se esqueceram de tudo... Só existiam eles, num beijo longo e doce como a primavera... “Amis... Amis...” uma voz distante chamava. Daiene abriu os olhos. Diana. Um último olhar para seu amado, o último que revelaria o seu amor, de agora em diante eles estaria lacrado para o bem de ambos, ela seria fria e impassível. Soltou-se de seu abraço e correu para o abrigo seguro do seu quarto, para os braços de sua amiga Priscilla, que lhe confortariam.
Amis voltou-se para Diana. Uma nova vida que não sabia se resistiria. Segurou em sua mão e esboçou uma tentativa de explicação, mas:
-Não se preocupe, Amis. Soube o que houve entre você e minha irmã. Você estava livre. Eu tinha te dado à liberdade. Mas agora compromissos são compromissos.- Falou Diana em um tom firme, mas sabia que nunca perdoaria a irmã por ter lhe roubado um pedaço do céu.




9º Capítulo

Finalmente chegou o grande dia. O rei Arllingtown estava radiante ao lado da rainha Margô. Erllingtown em um sorriso bobo sem ver a hora onde poderia desfrutar de sua rainha, Daiene. Diana possuía um sorriso de superioridade como se soubesse que estava esmagando o coração da irmã e que essa seria sua vingança. Amis e Daiene estavam desolados.
A cerimônia fora uma das mais belas que se teve notícia. As pessoas estavam radiantes e todas esperavam o futuro melhor que os novos reis prometiam. O banquete correu até tarde da noite, os aldeões caíram pelas ruas e por ali dormiam, enquanto outros eram arrastados até suas casas por amigos.
Diana puxando Amis pelo braço toda radiante só via a hora de se deitar e desfrutar dos braços do seu marido, porém, Amis não estava nessa radiação toda e pelo menos pra essa primeira noite ele tinha um plano...
-Ah! Amis, nós vamos ser tão felizes juntos... Você não acha? – Perguntava Diana com a voz meio embriagada.
-Claro que vamos, minha querida. Tomemos mais uma taça de vinho pra celebrarmos o nosso amor.- E assim, Amis conseguiu que ela dormisse, algumas doses de vinho e um pouco de carinho em seu rosto e ela apagou na cama sem sentir o gosto do que tanto esperava.

Já com Daiene e Erllingtown foi mais diferente. Erllingtown não via a hora de se deitar com Daiene e desfrutar do seu corpo. Ao chegarem ao quarto porém, teve uma surpresa. O quarto possuía mais uma porta ao lado, onda Daiene amavelmente lhe explicou que seria o quarto dela, enquanto ele ficaria no recinto em que eles estavam.
-E por que essa divisão, minha rainha? Prefiro você na minha cama toda noite... – Falou Erllingtown tentando abraça-la.
Daiene esquivando-se disse.
-Eu acho melhor você entender de uma vez por todas, pra não termos problemas futuramente. Fui casada com você a força, mas nada me obriga a deitar com você também. Faremos um papel pra sociedade. Mas aqui nesse reino quem governará serei eu e aqui nesse quarto você passará suas noites, se quiser trazer algumas mulheres, traga. Contanto que não seja visto. Seja discreto. E se tentar algo comigo, os meus guardas irão me defender. Pense bem. Pode me ter como amiga ou me ter como inimiga.
Erllingtown começou a rir, fazendo Daiene se assustar.
-Você acha mesmo que eu cumprirei ordens suas? Venha cá, querida, deixe-me leva-la ao paraíso e não se preocupe com o reino, ele estará em boas mãos comigo. – E com uma força violenta que pegou Daiene de surpresa, agarrou-a e jogou-a na cama. Ela ficou atônita durante alguns segundos enquanto sentia aquele corpo suado e bruto em cima dela, beijando o seu rosto, violentando os seus desejos. Então, ela gritou... E gritou até que os guardas entraram e tirarem ele de cima dela, segurando-o e esperando por ordens.
Daiene não teve muitas dúvidas. Erllingtown merecia um bom castigo. E ela mandou tranca-lo na masmorra. O pai dele já havia voltado pras suas terras junto com Amis e Diana, então, ela não precisaria explicar a ninguém porque seu marido dormiu na masmorra em sua própria noite de núpcias.

Daiene deixou Erllingtown na masmorra durante uma semana. Então, pediu aos seus dois guardas de confiança que fossem com ela até a masmorra e que se ele tentasse algo, eles poderiam agir como agiriam com qualquer outro que atacasse sua rainha.
-Erllingtown. Eu lhe avisei, você não escutou, lhe darei uma nova chance agora.
-Você é uma tola. Mas reconheço que aqui tem poder. Qual é mesmo o trato. – Falou ele sarcasticamente. – Eu posso ter qualquer mulher que você não irá me importunar?
-Claro, contanto que não tente me tocar novamente. E o reino, na verdade, quem governa sou eu. Entendido?
-E quanto ao tesouro real?
-Você terá o que precisar, Erllingtown, apenas não abuse demais.
-Então, temos um trato, minha rainha. Não se preocupe comigo, não lhe darei trabalho algum.

O tempo passou e Erllingtown vivia entre mulheres e bebidas, Daiene não se importava, desde que não houvesse escândalos. Às vezes, apareciam mulheres dizendo que o filho era dele. Mas Daiene abava o caso com uma boa dose de paciência e uma boa bolsa de moedas. Erllingtown não ligava, achava que ela tinha pedido isso. E não perdoava ter ficado trancado na masmorra durante uma semana. Era humilhante ouvir o seu pai lhe chamando de incompetente por não ter domado Daiene, ou por ainda não ter filhos com ela. Mas seria mais humilhante ainda lhe contar a verdade. Daiene facilitava a vida dele e se tornava uma boa esposa enquanto os pais de Erllingtown estavam por pertos.

Amis, no entanto, não podia lhe dar com a situação de não se deitar com Diana, como Daiene fez. Pra ele era praticamente impossível, havia a pressão do seu pai todo dia, pedindo um herdeiro para o trono. Um neto que pudesse perpetuar a sua linhagem. Além do mais como dizer a Diana que não poderia se deitar com ela. Nos primeiros dias, ele até conseguiu evitar, disfarçando com uma dor de cabeça e algumas dores e Diana como sua rainha, cuidava dele, sem nada desconfiar. Mas ela sentia o calor da ação chamando por ela, e o incitava a deitar-se com ela. E ele não pode evitar mais... Porque até os encantos de Diana estavam começando a acordar seu corpo. E toda vez que ele deitava com ela, ele sonhava e via Daiene.
Até que um dia veio à notícia:
-Amis... Meu querido, Meu rei, meu amor... Eu estou esperando um filho seu, um herdeiro para o nosso trono. – Dizia Diana radiante.
Contudo a notícia deixou Amis atônito. Dessa forma, não teria como esconder de Daiene que ele havia quebrado a promessa que havia feito a ela. Diana não entendeu, porque Amis havia ficado tão frio, tão mudo, tão branco com a notícia...
-Amis... Amis... Meu querido, você está bem? Não gostou da notícia? – Perguntando ela, baixando a voz e se sentindo infeliz... Então, ele percebeu e levantou-se para abraçá-la.
-Não, minha querida, é claro que isso me deixa muito feliz. Apenas estava pensando em uma outra coisa, e o choque entre um assunto e outro levou algum tempo, mas estou muito feliz. Eu vou ser pai. – E ele esqueceu a preocupação e abraçou-a, levantando-a no ar. E eles se uniram e formaram um só ser de felicidade.
-Amis, eu quero ir pra Marclouis. Eu quero passar o tempo da gravidez com a minha irmã. Não vejo isso sem ela.
Então, ele voltou à realidade...
-Como? Mas eu quero você aqui. Deixe sua irmã, ela tem coisas a resolver.
-Não, Amis, ela ainda é minha família. E eu quero contar a ela pessoalmente.



10º Capítulo

Amis acompanhou Diana até Marclouis, ficaria lá alguns dias e voltaria pra Lusitânia.
Diana entrou no castelo radiante. Daiene não estava. Tinha ido resolver algumas coisas que estavam acontecendo no campo. Eles encontraram Erllingtown caído em cima da mesa de jantar com uma garrafa de vinho na mão, dormindo.
Finalmente, Daiene chegou e ficou surpresa ao saber que sua irmã estava lá, sem ter avisado nada, chegar assim de surpresa, era estranho. Ao entrar no palácio, a encontrou lá, conversando com Priscilla, muito animada, contando como era sua vida em seu novo lar.
-Mas que surpresa, minha querida irmã. O que lhe trás aqui?
-Ah! Daiene! Que saudades! – E correu a abraçar a irmã. – Ah! Daiene, deixe-me olha-la. Você parece mais madura. –E voltando-se pra Priscilla. – Agora, eu posso contar o que me trouxe até aqui.
-Pois, então, ande a contar logo que estou curiosa. – Interpelou Daiene.
- Eu vou ser mãe, Daiene! Eu estou grávida.
Daiene quedou paralisada. Seu rosto expressava um sorriso, mas em seus olhos se formou um vazio. Ela apenas viu, Amis entrando no recinto, e o olhar de sua irmã de puro contentamento. E quando deu por si, já estava respondendo.
-Ah! Que maravilha! Minha irmã. Que essa criança seja abençoada pelos nossos ancestrais e que seja muito feliz.
-Eu quero ficar aqui. Durante minha gravidez. Você me aceita, não aceita?
-Mas é claro, minha irmã, essa também é sua casa. Agora eu preciso ir, tenho alguns assuntos a resolver. Guardas! – E um guarda entrou na sala- Mande chamar meu conselheiro por favor. Estou muito feliz por você. Fique o tempo que desejar. Priscilla, ajude minha irmã no que ela precisar. Amis, seja bem vindo. – E se retirou com lágrimas nos olhos. Mas manteve a postura.
-Ela está mais madura, você não achou, Amis?
-Eu não sei, acho que sim.
-Ah! Priscilla. Venha, me conte tudo que anda acontecendo por aqui. E as duas saíram.

Amis ficou aguardando. Quando o conselheiro saiu do salão de guerra ele entrou, encontrando Daiene desarmada, sentada em seu trono, onde anos antes ela havia travado uma batalha com seu pai. Talvez se ele tivesse sido mais duro tivesse conseguido convencer seu pai a trocar os casais. Mas agora era tarde...
-Daiene...
-O que você quer aqui?
-Daiene... por favor, me escute... Deixe, eu explicar.
-Não há o que explicar, Amis. Você quebrou sua palavra, em favor do seu reino. Eu teria feito a mesma coisa.
-Você não fez... Olhe pra mim, por favor.
E ela olhou, mas nos seus olhos só havia magoa, e ele estremeceu, dentre todos os sentimentos que já haviam visto e todos os olhares de fúria que já haviam trocado, aquele foi o único que o feriu.
-Eu não queria fazer isso, mas meu pai me obrigava, e eu não tinha como explicar a ela, porque não deitar com ela. Eu não tive escolha.
-Você não teve escolha? Você poderia ter feito o que quisesse, assim como eu fiz. Você apenas não quis. Mas o que esperávamos? Precisávamos seguir nossa vida mesmo assim. Você fez o certo.
-Ele lhe tocou?
-Ele tentou. Bem, Amis, seja feliz e divirta-se com seu herdeiro. Irei me retirar, com licença. – O que ela não viu ou notou, foi que Erllingtown havia escutado a conversa.

Daiene foi se deitar. O seu coração doía e ela se sentia traída, ela queria se isolar e esquecer da dor. Ver sua irmã ali com o filho do homem que ela amava em seu ventre era por demais cruel. Deitou na cama e fechou os olhos, querendo que tudo fosse um sonho. Então, escutou:
-Que dizer que foi por causa do meu irmão que você nunca quis se entregar a mim?
Com um sobressalto sentou na cama e ficou alerta.
-Não, Erllingtown, eu não teria deitado com você de qualquer jeito.
-Você não me engana. Agora, você não quer se vingar dele, não? E carregar no seu ventre um filho meu.- E ele se aproximou mais da cama.
-Se você se aproximar mais eu grito. E lhe tranco novamente.
-Pode tentar... – E ele avançou pra cima dela, e ela gritou. Ele tapou-lhe a boca e começou a tirar as roupas dela, ela se debatia, mas ele a segurava com muita força.

Amis estava do outro lado da porta, decidindo se entrava ou não pra falar com ela. Diana já havia dormido, ele havia se certificado disso. Quando ouviu o grito ele voou pra porta do quarto de Daiene e sua indecisão sumiu. Agarrando Erllingtown pelo pescoço tirou-o de cima de Daiene, que se encolheu em um canto da cama. Deu um murro que o fez cair no canto do quarto. Passando a mão pelo sangue que lhe escorria pelos lábios, Erllingtown perguntou:
-Sua rainha sabe disso, meu querido irmão? Você não deveria se meter em assuntos que não são da sua conta.- E voou pra cima dele. Que desviando de alguns golpes conseguiu joga-lo novamente pro canto do quarto. Então, Amis ameaçou:
-Não seja tolo, Erllingtown, não tente isso novamente. Agora saia daqui, ou mandarei prende-lo por ordens da rainha desse castelo.
Erllingtown levantou e encarando-o falou:
-Isso não vai ficar assim, Amis. – E retirou-se fechando com estrondo a porta do seu quarto.
-Você está bem? – Perguntou Amis, olhando pra Daiene. Mas ela não respondeu. Ela olhava pro canto da parede, como se não visse mais nada. – Daiene? – Chamou ele, chegando mais perto, sentou-se perto dela, e tocando seu rosto perguntou novamente. – Você está bem?
Então, ela olhou pra ele, e sentiu aquela dor, e sentiu o alívio por ele estar ali. E o abraçou. Essa noite ele passou aí, nos braços de sua amada. Consolando-a de toda a dor pelo qual eles haviam passado.











11º Capítulo

Antes de o dia raiar, Daiene se levantou sobressaltada: “Não era pra isso ter acontecido! Ah! Como fui idiota! Isso vai me causar uma tremenda confusão. Preciso afastá-lo do meu coração. Pelo meu bem e pelo dele.”.
-Amis! Amis! Acorde...
Amis abriu os olhos ainda sonolento. Tentou puxa-la pra perto de si, mas ela deu um pulo da cama.
-Levante. Você precisa ir embora. Isso foi um erro. Não era pra ter acontecido.
Então, ele levantou aperreado:
-Então, quer dizer que você preferia que o meu irmão tivesse te violentado? Você sabe que era isso que ocorreria se eu não tivesse entrado, não sabe?
-Amis, eu sei me cuidar. E se tivesse ocorrido algo, não seria nada mais além do que deveria ocorrer entre duas pessoas unidas pelo sagrado matrimônio.
-Você é louca. O que você quer que faça? Eu te amo. Eu não quero deixar nada de mal te acontecer. Ah! Daiene! Por favor!
-Você já me causou o mal que deveria causar. Agora, eu quero que você saia por aquela porta, e vá pra perto de sua esposa, cuide dela e do seu filho. Que isso já será o suficiente pra que nada de mal novamente me aconteça.
-Você tem certeza? Por que então eu sairei da sua vida agora. – Os olhos dele estavam frios. Ela nunca tinha sentido congelada por um olhar. Ela nunca mais sentiria dor maior do que a daquela separação.
Ela não falou nada, apenas olhou pra ele e dele pra janela. Ele entenderia a resposta.
Enquanto saia do quarto, Amis sentiu sua vista escurecer e o teto rodar, o chão sumiu de seus pés. Sem o seu “anjo” nada mais faria sentido.

Depois, que o dia realmente raiou, Amis explicou pra Diana que precisaria voltar pra Lusitânia, mas que se ela precisasse dele, mandasse chama-lo. E partiu sem olhar pra trás. Do seu quarto, Daiene observou ele atravessar os muros do castelo e sair de sua vida.

-Priscilla! Alguma coisa está errada. Eu estou com medo. –Disse-lhe Daiene, enquanto Priscilla ajudava-a a se vestir.
-O que houve, Majestade?
-O sangue não veio. Eu estou sem apetite. Será que eu estou grávida também?
-Mas, Majestade, você e o rei Erllingtown dormiram juntos? – Perguntou Priscilla atônita.
-Não... Priscilla... Não...
-Então, como você estaria grávida? – Perguntou ela mais perplexa ainda.
-E se for do Amis?
-AH! MEU DEUS! E Como foi?? – Esquecendo completamente do perigo da situação.
-PRISCILLA!! Você não vê que isso não era pra acontecer?
-Ah! Majestade... É tão triste...
-Vá chamar o Cachinho, agora. Preciso ter certeza.






-Ah! Minha irmã, mas que notícia adorável. Você já havia imaginado isso? Nós duas grávidas ao mesmo tempo? Vai ser maravilhoso.
-Com certeza... – Concordava Daiene com os pensamentos longe dali. Amis nunca poderia saber que aquele filho era seu. Como esconder isso? Só havia uma solução...

Então, naquela noite, Daiene mandou chamar Erllingtown e explicou a ele que estava finalmente pronta pra se entregar a ele. E fez mais um sacrifício pelo bem de sua família. Porque uma vez aberta à porta, não haveria como trancá-la novamente. Quando Erllingtown soube da notícia ficou radiante, finalmente poderia dizer ao seu pai, que ele era melhor do que os pensamentos do seu pai sobre ele. Finalmente, ele demonstrava o seu valor. Amis ficou lívido, aquela idéia nunca havia passado pela cabeça dele e ele morria de ciúmes toda noite ao imaginar o seu irmão procurando Daiene em seu leito. E a cada dia mais, rejeitava a bela donzela que também carregava um filho seu.


As crianças nasceram, Daiene teve um menino que não se parecia em nada com o pai, mas sim com o irmão e todos falavam disso e Diana teve uma menina que era a sua cara.
A criança cresceu e Erllingtown a cada dia que passava notava mais e mais semelhanças entre ela e Amis. Um sentimento de ódio começou a crescer em seu peito.
No aniversário de cinco anos das crianças, fez-se uma grande festa no castelo de Daiene. Todos estavam lá e o castelo estava cheio. Daiene se retirou pro seu quarto depois de algumas horas de festa. Deitou na cama e adormeceu.
Amis conversava com Erllingtown, enquanto ele se embebedava. Até chegar o momento em que Erllingtown sem agüentar mais, olhou pra seu irmão com os olhos vermelhos de cólera e lhe disse bem baixinho pra que só ele pudesse ouvir.
- Você é um infeliz, meu irmão. Toda noite eu me deito com ela, e ela é só minha, você nunca mais irá tocar nela. Nunca mais quero ver você perto dela. E ela vai pagar caro, por criar em meu lar, sujando a minha honra um filho bastardo do meu irmão. - E se levantou cambaleando subindo as escadas. Deixando Amis completamente atordoado. Nunca havia lhe passado pela cabeça, então, ele procurou o filho de Daiene na multidão dos convidados. E pela primeira vez pode observá-lo e sentir novamente uma luz jorrar no seu coração. Só aí ele se tocou: “Daiene, corre perigo!” E subiu as escadas correndo.


Erllingtown entrou nos aposentos de Daiene sorrateiramente, chegou bem perto dela e falou baixinho com a voz roca pela raiva e bebida:
-Você vai pagar caro pelo que fez a mim, Daiene.
-Erllingtown? O que você está... – Ele tapou a boca dela com uma mão e com a outra fez um sinal negativo.
-Dessa vez, você não vai falar nada... Apenas vai escutar... –Daiene ficou aterrorizada. Notou rapidamente que ele estava preso e que ela não tinha como sair dali. Olhou a sua volta procurando por algo que pudesse usar como arma. – Você achou que eu nunca fosse descobrir? Que o filho era dele? Como você pode ser tão tola... A criança é a cara do Amis... Você vai sofrer como eu sofri... Ninguém me engana por tanto tempo. – Daiene começou a se debater, querendo se soltar.
-Não, por favor, meu filho não. Ele não tem culpa de um erro meu. Não faça nada com ele, por favor, Erllingtown...
-Shiii... – Falou ele, sorrindo. – Você vai ver ele morrer e não vai poder fazer nada. –Ela começou a chorar e a pedir que não... Mas ele estava está cego e queria se divertir com o pânico que causava nela e continuou a falar coisas sem nexos. Daiene, então, fixou o olhar num candelabro que ficava ao lado da cama e não pensou duas vezes. Enquanto ele falava, ela arrastou o braço cuidadosamente e agarrou o candelabro. Ele não viu, apenas, sentiu o sangue quente escorrendo pelo corpo e a dor lacinante que o acompanhava. Ele se afastou dela, e pôs a mão na cabeça, quando a retirou a mão estava vermelha e ele pulou em cima da cama, dessa vez com a intenção de estrangular o pescoço da sua presa. Daiene saiu da cama correndo, e tentou chegar à porta, mas ele foi mais rápido e puxou os seus cabelos por trás. – Você nunca deveria ter feito isso, agora você vai pagar muito mais caro.
-Me solte! Quem vai pagar caro é você! Não nota que está assinando a sua sentença de morte? –Ele puxou com mais força e pressionou o seu corpo contra o dela.
-A única louca aqui é você. – Fez com que ela olhasse pra ele e sentisse toda a dor que ele estava sentindo. E deu um beijo nela, ardente como uma paixão sem sentidos e com o gosto do sangue que lhe escorria, ela sentiu o calor de uma vida que se esvaia.
Foi aí, que Amis entrou e viu a cena grotesca. Fechou a porta atrás de si e interrompendo o beijo falou:
-Solte-a, Erllingtown. É o melhor que você tem a fazer.
Erllingtown olhou pra Amis com olhos vazios e retornou sarcasticamente.
-Finalmente, você veio salvar o amor da sua vida. Mas devo informá-lo irmãozinho, chegou tarde demais. – E foi se afastando com Daiene pra perto da janela. – Se você não sair daqui agora, eu vou jogá-la sacada abaixo.
-Você não faria isso. - Disse Amis assustado. Daiene chorava e não podia fazer nada. Amis aproximou-se. – Deixe de besteira isso é passado. O filho é seu e não meu. Eu não creio que ele tenha a minha cara.
-Não tente me enganar, Amis. Você sabe muito bem que ele é seu. Vamos, Daiene, diga pra ele. Ele só vai acreditar se você disser. – Daiene balançou a cabeça num gesto afirmativo. – Vamos, diga... Eu quero ouvir.
-O filho é seu Amis. – Ela falou baixinho, quase num sussurro como se fosse algo proibido.
-Erllingtown, por favor, solte-a. Isso não vai resolver nada. Eu não quero usar minha espada contra você.
Erllingtown riu e Daiene aproveitou o descuido dele, mordendo-o no braço e dando uma cotovelada em seu diafragma, e conseguiu correr pra longe do alcance dele, indo postar-se atrás de Amis.
-Você é realmente muito esperta, Princesa. Mas ainda não vai ser dessa vez que você vai escapar.
Amis empunhou sua espada.
-Você não passará daqui, Erllingtown, enquanto não se acalmar. Eu não vou deixar.
Erllingtown, sentindo-se cansado, sentou no parapeito da sacada e falou:
-Sabe, Amis... Você sempre teve o amor dos nossos pais, e até o da minha esposa você conseguiu. O filho que era pra ser meu, você roubou de mim. Eu não possuo valor ou honra, porque sempre estive na sua sombra. Papai nunca acreditou em mim. – E se desequilibrou um pouco.
-Vamos, Erllingtown, venha pra cá e vamos resolver tudo calmamente. Sai daí. – Falou Amis preocupado com que o irmão caísse.
-Não podemos resolver nada. Há não ser que você morra. Porque você sempre será melhor do que eu. Então, já que eu não posso fazer nada, nem ser melhor do que você, nem ter o amor da minha esposa... – E jogou-se pra trás, abrindo os braços pro infinito que o aguardava.
12º Capítulo

Daiene caiu no choro. Como explicar toda essa confusão. Como suportar sentir a culpa da morte do seu marido pelo resto da vida? Amis voltou-se pra ela e abraçou-a, deixando-a cair num choro compulsivo.
-Vamos, acalme-se. Nós não podíamos fazer nada. Ele se matou. Você não teve culpa. Vá limpar esse sangue, antes que alguém chegue aqui. Eu vou sair daqui agora, pra que nada seja descoberto. Se acalme. Você estava dormindo e não viu nada. Deixe que a chamem. Vá, agora. Seja rápida. Vai ficar tudo bem. Eu prometo.
Daiene olhou pra ele, ainda vazia, mas fez o que ele mandava.
Amis saiu do quarto, e foi pro salão de festa. Alguém havia o visto subir as escadas? O que ele diria? Então, ele teve uma idéia.
Cumprimentou os guardas, dizendo que ia tomar um pouco de ar e saiu pra ver onde seu irmão havia caído. Ninguém tinha visto nada.

O palácio inteiro entrou em alvoroço. Por que ele havia feito isso? Como tinha acontecido? Onde estava Daiene?
Priscilla correu pro quarto de sua senhora para avisar, e encontrou-a deitada na cama, como se estivesse dormindo num anjo. Atrás dela entrou o rei Arllingtown e a rainha Margô chorando. O rei estava fora de si. E a rainha inconsolável. Daiene abriu os olhos atordoadas e perguntou:
-O que está havendo aqui?
O rei adiantando-se disse:
-Você não viu nada, nem está sabendo de nada?
-Majestade, ela estava dormindo quando entrei no quarto. -Falou Priscilla tentando ajudar sua senhora.
-Eu não sei de nada. – Balbuciou Daiene. – Eu exijo saber o que está acontecendo aqui!
-O seu senhor se matou, minha querida. –Respondeu o rei fora de si.
Daiene gritou e entregou-se novamente ao seu choro compulsivo.


Passado a confusão da descoberta. Seguiu-se o período de luto. Erllingtown foi enterrado, com uma glória que nunca tinha visto em vida. Diana resolveu ficar um tempo com a irmã, pois, Daiene contrariando tudo que as pessoas pensavam, passou dias chorando pela morte de seu esposo. Só ela e Amis saberiam o real motivo. Amis ficou ao lado de Diana. Conseguindo assim uma chance de ficar perto do seu filho que nunca seria seu realmente e poder conversar com Daiene calmamente.
Daiene estava sentada na semi-escuridão do seu salão de guerra. Lágrimas escorriam pelo rosto silenciosamente. Observando o nada, ela se culpava pela morte do Erllingtown.
-Daiene... – Mas ela nada escutava. Ele chamou novamente se aproximando de onde ela estava sentada. - Daiene...
-Saia daqui, Amis. – Falou ela em uma voz rouca e fria. – Saia daqui, suma desse castelo e da minha vida para sempre. Ele era um tolo, mas estava sob minha responsabilidade. Eu não o amava, mas aprendi a respeitá-lo. Nós não temos o que conversar, nem o que acertar. Apenas suma.
-Mas, Daiene... Por favor... – O choque pela frieza de Daiene, pegou Amis de surpresa. Ela apenas balançou a cabeça, como quem diz que não existe mais nada. – Se é assim que você quer... –Ele baixou a cabeça e mais uma vez obedeceu ao seu anjo.

O tempo passou e o pesar que havia se instalado no coração de Daiene foi esquecido. Seu reino prosperou e seu filho cresceu, assumiu o trono e casou-se com a princesa que o seu coração escolheu. Daiene agora cuidava dos netos e era conselheira do seu filho.
Até o dia em que recebeu um mensageiro vindo de MarcLouis. Amis estava muito doente a beira da morte e pedia a presença dela. Ninguém no castelo entendeu porquê. Mas assim mesmo o seu desejo seria atendido.
Daiene pensou duas vezes antes de aceitar ir até MarcLouis, e enquanto pensava sentiu crescer novamente em seu peito todo o amor que um dia havia sentido pelo jovem príncipe Amis.

Ao chegar foi recebida friamente pela irmã.
-Você sempre teve o amor dele. E até na hora de sua morte, ele ainda chama por você que sempre o tratou mal. – Disse-lhe Diana secamente.
-Eu não darei ouvidos a você, minha irmã. E julgarei o quê você acabou de falar por ser algo ligado ao período confuso que você está passando no momento. Ver o marido morrendo, creio eu, não é nada fácil. Por favor, acabemos logo com isso. Chame alguém pra me levar até ele.
Daiene foi guiada até Amis. Ao vê-lo deitado na cama, lembrou do momento em que viu seu pai morrendo. Parecia que tudo sempre se repetia. Uma lágrima escorreu pelos seus olhos, e agora depois de tanto tempo, ninguém mais ligaria para o que dois velhos fariam. Ela dispensou os guardas e correu pra beira da cama do amor da sua vida.
-Amis...
Ele abriu os olhos, e um relampejo de vida brilhou em seus olhos ao ver novamente o seu Anjo, e notar novamente o amor que um dia ela deixou vivenciar inteiramente.
- Meu anjo... – E segurou a mão dela, ela sorriu ao lembrar-se de como ele sempre a chamou. - Meu anjo... Que bom que você veio me ver... Me acompanhar nesses últimos momentos.
As lágrimas começaram a cair dos olhos de Daiene sem que ela pudesse controlar.
-Não diga isso, Amis, não diga isso...
-Foi uma pena não podermos ter posto em prática todo esse amor. Teríamos feito nascer tantas flores.
-Não, meu querido. Salvamos tanto fazendo esse sacrifício.
-E o nosso filho? Ouvi falar que ele era um bom soberano para o seu povo. Acho que aprendeu muito bem com você.
-Ele também puxou a sua insistência. Ele sempre consegue o que quer. E sempre convence a quem quer.
Amis puxou-a pra junto de si. E acariciou o seu rosto.
-Você continua linda, como um Anjo. Você lembra de quando nos conhecemos? Naquele dia você levou consigo todo o meu coração. Eu sempre pertenci a você, meu anjo. Sempre. Toda vez que eu estava com sua irmã. Eu via você. Eu imaginava você, porque pra mim era muito cruel estar com outra pessoa que não fosse você. Eu sempre fui seu, e sempre serei. Cometi muitos erros e gostaria que você pudesse esquecê-los.
Daiene chorava.
-Ah! Amis. Como eu senti sua falta. Com toda a sua impertinência e todo o seu brilho, eu nunca perdi você de vista. Foi tão difícil, ver o nosso filho crescendo, sem poder saber quem era o seu pai realmente, e em tudo se assemelhando a você, cada gesto e cada palavra dele, me lembravam você e meu coração doía. Chorei tantas noites, por não poder estar com você. Por não poder ser feliz com você e contar com o calor do seu abraço e do seu beijo. Eu sempre ti pertenci também, meu amor...
-Ah! Meu anjo... Meu anjo... Acho que no fim, nunca quebramos nossa promessa... Venha, deite-se comigo, aqui do meu lado.
Daiene aninhou-se nos braços do seu amado e ficou ali sentindo o seu amor, e vendo o resto de vida que ele tinha ir embora. Ao amanhecer, Daiene, reclinou-se sobre ele, já sem vida, beijou-a pela última vez. E viu o sorrindo pela última vez. Avisou a sua irmã que o seu marido havia finalmente morrido, e que havia morrido em paz. E voltou para o seu reino, pro frio do seu quarto e as lembranças do seu amado.
Daiene ainda viveu muitos anos depois da morte de Amis, e viu seu reino prosperar e se unir ao de MarcLouis. A maldição havia sido quebrada. Pela última vez um amor foi proibido, fazendo dois corações se separem. Porque nas terras que um dia ela guiou, ela fez que prometessem que todos os amores seguiriam seu curso normal e que todos os amantes poderiam vivenciar a maior de todas as alegrias. Num amor puro e belo. Iemem continuou vivendo no Jardim das Flores, e passou a proteger cada casal de jovens amantes que realmente se amavam.

FIM
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