BENGALAS PENDURADAS
Tinha vergonha
Gabriela,
da sua bunda
magrela.
Tinha vergonha
também ela,
das suas pernas
branquelas.
Que fazer
prá namorar?
Melhor nem
se aventurar.
A janela era
sua amiga.;
com a cortina,
eterna briga.
E envergonhada,
Gabi tristeza,
era prantos.
Mal sabia
no entanto,
que escondido
num canto,
olhava Tancredo,
cheio de neuras,
cheio de medo.
Envergonhados,
nunca foram falas.
E já velhos,
penduradas bengalas,
asilados,
consolam-se
exilados
na velhice.
Ambos chorando
a burrice,
da juventude
que se foi
e os deixou
na magreza,
na timidez
e na saudade
do tanto
que não se fêz!
Riva
10/04/06 |