Escrevo. Escrevo... E nem sei bem porque escrevo tanto. Por vêzes coisas fúteis, por vezes inútil, Escrevo repentinamente em meu pensamento e foge-me das mãos posto que não há meios de faze-la criação. Procuro papeis. Caneta. Lápis. Corro... Numa correria de marotona para não perder-me em palavras e disassociá-las da minha memória que sem encontrar pousada, escoam do sentimento e não encontram onde desaguar suas letras acopladas.
Se vão como ondas e estouram em espumas na beira do mar. Minhas palavras que escrevo... Por vêzes alegria, ora nostalgia, ora fantasia, ora alegoria. Coisas da vida. Do dia-a-dia. Multidões de mim, que acabam totalmente embaralhadas.
Continuo formando palavras que emolduram-se no quadro da minha cabeça. Repleta de neurônios alucinados e agitados. Dedos angustiados. Daqui a pouco as perco e... não lembro mais. Não voltam. Não retrocedem, Não esperam meu arquivo mental salva-las e deleta-se em tempo “record”, deixando apenas um leve esboço do que haveria de ser.
Escrevo palavras... É uma “maldição” , não no sentido exato da palavra. Não... não é maldição de maldita. É de esquisita. É de diferente. É uma contração. Um espasmo.
Onde está? A caneta, o papel, algo que escreva... Onde anotá-las, minhas palavras?
Tinha tanta coisa pra dizer. As minhas palavras... Agora que consigo achar os meios, some-sem os fins. Saem atores, figurantes, ajudantes. Saem todos. Vão-se e deixam-se nesse triste abondono e vazia na curva perdida do vento e do temporal.
Há tanta coisa a dizer. Há tantas palavras prá falar. Muito prá explicar. Mais um tanto pra esclarecer. Há momentos em que preciso travar uma batalha pra derrubar meu muro de Berlim para que elas aconteçam, e quando expandem-se nitidamente: onde anotar as tais palavras?