Ó vida, ó alma!
Ó castelos, alvoradas!
Não tenho mais beijos
Nem abraços nos leitos
Estou só, nos medos...
Ó vida, ó alma!
Ó castelos, alvoradas!
Fiz um breve estudo
Na ilusão que invade
A fumaça, o cheiro!
Impune...
Ó vida, ó alma!
Ó castelos, alvoradas!
As alegrias estão presas
Soltemo-nos da agonia
De ver o planeta esquentando
A água acabando
O petróleo jorrando, matando!
Ó vida, ó alma!
Ó castelos, alvoradas!
A liberdade voando
O capitalismo gozando
Gozando a nossa cara...
Ó vida, ó alma!
Ó castelos, alvoradas!
O acaso não ilude
A consciência nos falta
Foge da memória
Ao romper da aurora
Nada é imune
Punição, não chega a hora...
Ó vida, ó alma!
Ó castelos, alvoradas!
A morte é notória
Me eleve os pensamentos
Antes que a morte se apresente
Resplandece nos momentos
Assolando os desejos
Da alma que é pura
Na razão do desuso
Da vida que entreguei
Depois de imensos esforços
Ó vida, ó alma.
Ó castelos, alvoradas!
Traga de novo a beleza
De sentir o corpo
No êxtase de um grande desejo
Ó vida, ó alma.
Ó castelos, alvoradas!
Devolve-me os prazeres
Antes que o fim me leve
Sem a mordida de uma boca
Na loucura dos beijos
Sem pudor, sem receios...
Ó vida, ó alma!
Ó castelos, alvoradas!
Quero um amanhecer
Nos braços do sol, do amante!
E depois de tudo, do gozo!
Morrer...
Sabe que tenho esperança? |