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Poesias-->POEMAS DOS AÇORES -- 23/03/2006 - 14:46 (José J Serpa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O PENDÃO



O azul

É céu e mar

Dossel e leito

Onde dormitam

Nove estrelas de ouro...



O branco,

Rendas de espuma

Com que os franjou

O Criador...



Pairando,

De olhar terrível,

Fixo,

Irreversível,

Livre,

Protege as nove irmãs

Prístino Açor.



































O INFANTE



Contempla...

Este, de cujo sonho

Que imanece,

O olhar transcende

E apetece,

Erecto,

Viril

Potente...

A desvendar os longes

Da distância

E a fecundá-los.



Se fosse grego

Teria sido um deus

De homéricos talentos

E Lavores...

Nosso,

Que seja só

E sumamente,

O Pai que nos legou

A Pátria Açoriana,

O mito que nos una e o valor!

























A INFANTA



Beatriz foi teu nome

E tua sina,

Que te chamou assim,

Desde menina,

A ser senhora e dama

Da trágico-feliz linha ducal...

E a ser da lusa chama,

A ara e a vestal.



Nos teus joelhos,

Brincaram dois impérios...

Sorriram dois destinos

Pequeninos

Com que quiseste unir

Dois hemisférios...



O teu seio fecundo concebeu

A um que, por ventura,

Herdou meio mundo,

E a outro que o perdeu,

Por desventura.



Mas foi no coração que te nasceu

Todo o amor de mãe

Com que velaste

A infância da Pátria Açoriana...

Que nos criaste

E nos legaste...

















O MAREANTE



E de ti, Gonçalo Velho,

Que lhes digo?



Que foste tu que rompeste,

Ao singrar da caravela,

Aquele silêncio antigo,

Qual manto primordial

Feito dossel nupcial

Da minha Pátria donzela...



Que foste tu que fizeste

Ser

Esse sonho que te fez

Lídimo tronco lusíada

Deste Povo

Teu e meu.



Que foste tu que vieste

E que trouxeste,

Vindo

Na esteira do Sol,

Comendador de Almourol,

Monge guerreiro de escol,

Servindo,

Deus e o nosso destino...















O HERÓI



Eis outro que o céu assinalou

Com nome ilhéu

Para que o destino no-lo trouxesse,

Trazendo

A chama agonizante

Da Pártia Lusitana,

E a confiasse

À guarda filial dos nossos lares...



E assim,

A mui nobre e leal cidade de Angra

Veio a ser capital de Portugal

E dos seus feitos...



E a voz de Ciprião de Figueiredo

O eco deste Povo que, sem medo,

Gritava ao espanhol,

Usurpador,

E ao mundo inteiro:

Antes morrer livres

Do que em paz sujeitos!



























O BERÇO



Oh terra açoriana,

Mãe doce, mãos de espuma

E carícias de sal,

Ninguém te pode amar como eu te amo,

Que só amor de filho é filial...



Chamem-te muito embora Portugal...

Eu que nasci de ti

E te conheço

Sei muito bem

Qual a distância do meu berço

Ao pátrio domicílio

Original.











































O CONTINENTE



Oculto na palavra existe um mito

Que traz cativo o povo açoriano...

Há que rasgar este grilhão maldito

E resgatar o sonho

E a verdade.



Não nos oprime a glória do que fomos

Nem a honra de sermos o que somos

Oprime, sim, esta tutela antiga

Que não nos deixa ser em dignidade

Aquilo que nós somos de verdade.



Contente-se em conter-se o “continente”

Contendo cada qual o que contém

Liberte-se a palavra deste engano,

Que o nosso continente é o Oceano!





































O FAIAL



O Faial fê-lo Deus terra de pão,

Talhou-lhe lombas de festivo porte,

Imensos milheirais—chão fundo e forte...

E parar o fazer feliz, fê-lo varão.



Deu-lhe depois por noiva e por brasão

A Horta, princesinha que do norte

Lhe trouxe para ser sua consorte,

O pai flamengo e nobre capitão.



E em seu amor fecundo e varonil,

Ela cresceu em graça senhoril...

Fez-se mulher, foi mãe e até foi monja...



Enleio de poetas que a cortejam,

De aventureiros nautas que a desejam

E tudo sem desdoiro e sem lisonja..



































AS FLORES



Depois de todas feitas, no final,

Num gesto de ternura e nostalgia,

Deus fez as Flores ao cair do dia...

E, ao vê-la tão formosa e divinal,



Encheu-se Deus de enlevo paternal,

E num sorrir travesso que antevia

Ditoso namorado que viria,

Bordou-lhe a ponto-cruz, por enxoval,



Dossel de hidrângeas em que a reclinou,

Adormecida em trajes de noivar,

Para aguardar seu príncipe cortês...



E bela adormecida assim passou

Das mãos, de Deus num sono milenar,

Para os braços dum marujo português.



































O CORVO



Dum nadinha de barro que restou

Na palminha da mão do Criador

Modelou dele o Corvo, com amor,

E, de mansinho, a mão no mar baixou...



De pequenino que era, flutuou...

Então, com o seu dedo indicador,

O mergulhou nas ondas o Senhor,

E a marca da dedada lá ficou...



E disse Deus: vou deixar esculpido

Em rocha, um cavaleiro, o braço erguido

Apontando para o Oeste o Novo Mundo.



Há-de esperar aqui Côrte-Real

Para lhe dar de mim certo sinal

Do meu desígnio grande e profundo...



































A PEDRA DE DIGHTON



Eu tenho um outro amor que me nasceu

Dum sonho que sonhou Corte- Real

E se esbateu nos longes da distância

Por onde transcendia Portugal...



Desta mensagem que encerra

Miguel

O teu nome impresso

Nesta pedra sem regresso

Marco padrão seputura

Epitáfio assinatura

Princípio fim limiar

Deste vai-vem secular

Do teu povo meu

Ilhéu...



Terra de Corte Reais,

Décima Ilha encontrada

No tempo espaço dispersa

Um tempo feito destino

Destino da nossa gente

Um espaço desfeito em ânsia

Destino da nossa errância


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