Então mais uma vez a pena
volta a chorar meu sangue sobre o papel
por olhos cujo esplendor se equipara ao céu
e pelo toque da mão que, se me vê, não acena
O sono vem trazer consolo temporário
exibindo cenas de luxúria e beleza
onde eu te invado com incrível destreza
até o despertar, que se iguala ao mortuário
Passa então o tempo, impiedoso e realista
e independente de eu lhe dar passagem
volta a me dar notícias da sua ausência
Ela, por sua vez, cresce dia após dia
me devorando ferozmente a alma
e dividindo seu prato com a demência
09 de março de 2006 |