Faz tempo
Que não uso a caneta
Com tanto amor,
Com tamanha força
Querendo acertar as palavras
No íntimo do coração.
Um vazio de luxo
Construiu muralhas
E deixou o mundo sem espaços.
Faz tempo
Que não tenho um motivo,
Uma razão, um desejo
Para tirar de mim
O que não cabe na vida.
Hoje, tudo mudou,
Vi lojas cheias
De produtos vazios,
uma certa ansiedade
em cada rosto,
e, só poderia ser por ela.
Por isso, volto ao papel
Para abrir uma porta
No meu universo
E, sem presente objeto,
Sou eu o objeto do presente.
Faz tempo
Que não me sinto
Tão filho da mãe.
“Filho da Mãe”
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