UMA IMAGEM RECORRENTE
Eliane Guaraldo
19-03-06
Diante da beleza do cenário,
repleto de cores e sons e gente,
lancei-me a nado.
Quanto mais braçadas eu dava,
mais longe porém mais atraente
me parecia o destino.
Gastei longos anos nesta empreitada.
Meus braços perderam a força,
meus cabelos negros, níveos ficaram.
Olhos sem brilho trancaram a alma
para sempre no peito.
Não havia jeito,
eu me petrificara na esperança,
enquanto chegar tornara-se obsessão.
Criança, ceguei meu medo.
Quando enfim cheguei,
vi músculos no lugar da carne,
que mais nados travariam,
meu corpo feito de aço,
caso mais houvesse onde chegar.
Quando cheguei, ao querer tocar o solo,
rasguei, com meus pés molhados
e exaustos, uma fotografia. |