Usina de Letras
Usina de Letras
178 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62272 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22539)

Discursos (3239)

Ensaios - (10381)

Erótico (13573)

Frases (50662)

Humor (20039)

Infantil (5452)

Infanto Juvenil (4778)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140816)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6204)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->CAFÉ PRA SEMANA TODA -- 19/12/2000 - 14:17 (Carlos ALberto Ferraiuolo Jr) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
"Não sei onde eu tô com a cabeça que não te acerto uma porrada na fuça."
"Por que você não vai tomar no cú?"
"Vai você!"
"Vai você!"
Tem essa textura de casa de bonecas. Tem dias que não estou pra casamento.

Ela me largou no centro. Peguei a Comendador e segui até o café do coreano. Café com queijo quente, foi o que pedi. "Quezo quante?", perguntou o coreano. Isso mesmo.

Tomei um gole do café. Quente pra caralho. Eles te entregam o café assim, bem quente, pra você não sentir o gosto direito. Tem café da semana inteira ali no meio. Tudo bem, já estou acostumado. Sou um rato de esgoto. Um filho da cidade. Não posso fazer nada. Gosto de toda essa sujeira. Gosto das vilanias nos cantos do concreto. Alguns lutam para que não existam caras como eu, ou para que, pelo menos, se não tiver outro jeito, respeitemos um pouco mais a vida dos que gostam de viver bem e limpo. Mas não sei mentir. É demais pra mim. Me furto um monte de coisas. Ninguém mexe com minhas verdades, só eu.
Mais um gole daquele café pelando e de repente chega essa dona e encosta do meu lado no balcão. Pediu um pingado e ficou me olhando de cima abaixo.
"Me paga esse pingado e uma carteira de Derby que faço uma chupeta que você vai ficar sem nariz."
Os dentes. A mulher tinha três dentes do lado e nenhum na frente em cima em baixo.
"Você não acha que tá caro não?"
"Porra. Um pingado e uma carteirinha de cigarro? Não é nada prum cara como você."
Às vezes a cidade me dá a sensação de que todos que vivem aqui são velhos conhecidos. Estamos tão condicionados, tão amontoados, tão enraizados no concreto, que nosso hábitos, manias, paranóias são os mesmos. Somos uma grande irmandade numa igreja cheia de altares: chafariz de praça. De vez em quando um ou outro irmão se falam e até estendem as mãos. Com medo, mas estendem. É bem certo de que em noventa por cento dos casos nossas mãos estão apontadas para o bolso de quem vai a frente. É uma celebração imensa ao nosso Deus mais próximo: Sr. Caos.
"Deixa pra lá meu anjo. Não tô afim de boquete."
"Então paga o pingado."
"Meu cacete, você não desiste?"
Aqueles três dentes virados pra mim.
"Tá. Eu pago essa merda."
"Paga um pão também?"
"Agora você me deve três boquetes!"
"Você quer ficar sem as orelhas também?"
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui