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Erotico-->Uma Maravilhosa Decepção -- 03/12/2003 - 22:52 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Romances quotidianos

UMA MARAVILHOSA DECEPÇÃO

Parte I


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Acordei eufórico para a manhã de um dos sábados mais ansiados da minha vida. Desde o sábado transacto que o projecto de um previsto e marcado reencontro me incendiava o cérebro sem dar lugar a mais coisa alguma. A Cândida, um portento de mulher fora do comum, prometera-me que saíria comigo e afirmou aceitar sob concupiscente sorriso um jantar-ceia que lhe propus num primoroso e bem frequentado restaurante nocturno na ribeira de Gaia, o Solar das Caves, recinto típico com estupendas sessões de fado castiço, local onde usufruo de tratamento assaz familiar.

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Tinha passado a semana inteira em absorta e enlevante suspensão. O magnífico rosto da Cândida, os seios solenamente fartos, as ancas em concha e suas esbeltas pernas, constituíam um todo que me preenchia o raciocínio por completo. Não cessava de me imaginar na posse total daquele fascinante e espledoroso corpo de mulher trintona, pleno de intensa sensualidade. A sua voz, melodia susurrante que me incendiava o ouvido, parecia permanecer em redor da minha audição, tal como espécie de sensação que ondulava entre extremo gozo e insustentável martírio.

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As horas arrastavam-se em pesada ansiedade. O ponteiro dos minutos no meu relógio de pulso recusava-se rodar até aos momentos que antecediam a satisfação de descontraída tranquílidade. Passei toda a manhã a empurrar o tempo para diante, mas a ambiência da espera mais me dava a impressão de manter-se no mesmo sítio. Almocei por almoçar, comi e não comi. Tomei dois cafés consecutivos entre o sabor de uma aguardente de 1920 e a leitura das notícias do dia, que sequer me interesseram ou assimilei como habitualmente. Além da visão da mulher que me tomava o espírito, nada me dizia absolutamente mais nada. Sem dar por isso fumei um maço de cigarros.


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De repente surgiu-me a ideia de comprar uma lembrança para a Cândida, mas o que haveria de ser? Seria porventura próprio que eu tentasse empreender atitude que impusesse uma condição de intimidade que deveras não existia? A lembrança do sorriso maroto dela inundava-me o pensamento e impulsionou-me a decisão. Passavam uns minutos das três horas da tarde e encaminhei-me para a Rua das Flores, artéria onde existiam várias ourivesarias. Logo na primeira montra um minúsculo relógio platinado com mostrador azul atraíu-me o olhar. A etiqueta que se lhe prendia marcava 355 euros. Comprei o interessante relogiozinho em troca de meio mês de trabalho. O ourives depositou-o numa excelente embalagem aveludada com finíssimos rebordos dourados.

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Fui de seguida cuidar do corpo. Estive sob o chuveiro cerca de uma hora. Ensaboei-me várias vezes e reguei-me por inteiro a água de colónia com discreto e fresco cheiro a alfazema. Pensando permanentemente na Candi - seria assim que iria tratá-la - estive quase a passar-me da medida acariciado pela deliciosa água quentinha. Sustive-me em firme propósito, pois de forma alguma queria perder um só milésimo do ímpeto que me animava.


Salvo a camisa branca e os sapatos pretos, vesti-me todo de azul. Eram quase sete horas, a noite caía abrupta e pus-me airosamente a caminho. A ansiedade avolumava-se cada vez mais, intensificada pela desesperada espera que mantive ao longo dos seis antecedentes dias que mais me pareceram meses. A Cândida tinha-me dito que apareceria por volta das sete e trinta e as oito menos um quarto no café Imperial, mesmo no centro da baixa portuense. O trânsito enchia por completo a Praça e tardei bastante a encontrar um local de estacionamento. Tive de optar pelo Parque da Trindade, pelo que me vi obrigado a percorrer a pé, de alto a baixo, a Avenida da Liberdade.

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Quando entrei no Imperial as badaladas das oito ouviam-se na Câmara. A Cândida estava sentada numa das mesas laterais do recinto, distraída a ver uma revista de moda. Trajava casaco e saia azul claro e uma franjada blusinha mais azul ainda. O baton, encarnado muito vivo e finamente passado nos lábios, sobressaía em toque que mais irradiante lhe tornava o apaixonante rosto. Beijámo-nos nas faces. Cheirava a rosas, um aroma muito leve que me acicatou desde logo a vontade de mordiscá-la toda, todinha. Tive de fazer um esforço enorme para não dar a perceber o galope da pulsação que me tomava da cabeça aos pés. Até as primeiras palavras me saíram hesitantes, sem convicção alguma e trémulas. Que gostoso é um homem sentir-se assim. Voa-se no chão...

A Parte II seguirá dentro de dias.

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Torre da Guia = Portus Calle
SPA - DA 1.4153
















































































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