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Poesias-->O RAPA -- 22/02/2006 - 08:46 (JOAQUIM FURTADO DA SILVA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


O RAPA © by Escrivão Joaquim, 2.426.741, São Paulo, julho de 2004





Lourdes filha de Julita,

Deixou o seu Juazeiro

Do Norte, pra ir morar

Noutro rincão brasileiro,

Na formosa São Caetano –

Setor metropolitano

Da capital paulistana.;

Achou bonito o lugar

E decidiu-se a ficar

Desde a primeira semana.



Levou consigo os dois filhos

Do primeiro casamento.;

Gostou muito da cidade

Desde o primeiro momento.

Esqueceu o sofrimento

Do casamento falido,

O que já tinha vivido

Resolveu deixar pra trás,

Juntou-se a um belo rapaz,

Fez da vida outro sentido.



Bem cedo, ela acostumou-se

Aos barulhos da cidade.

O que era desconhecido

Deixou de ser novidade.

Já nem sentia saudade

Com menos de um ano ali...

Se precisava sair

Para qualquer loja, ou praça,

De ônibus, quase de graça,

Bastava só querer ir



Arranjou colocação

Num prédio da Capital.;

Começou a trabalhar logo

Como profissional.

O trabalho era legal -

Empresa de segurança,

De gente de confiança,

Respeito e honestidade...

Lourdes viu que, na verdade,

O futuro era esperança.



Já tinha quase dois anos,

Que se encontrava no Sul -

Seu céu não tinha fumaça,

O mundo seu era azul -

Quando o caçula, seu mano,

Foi morar em São Caetano,

Fazer companhia a ela.

Foi também pra trabalhar,

Em São Paulo, a Capitá,

A pedido da mãe dela.



José Branco, irmão de Lourdes,

Queria juntar dinheiro,

Depois voltar pr’o Sertão,

Pra viver em Juazeiro.

Chegou no dia primeiro

De julho de oitenta e seis,

Quando foi no dia seis

Conseguiu logo um emprego,

Na bodega d’um galego,

Passou o primeiro mês.



Depois, passou a trabalhar

Numa panificadora,

Perto do bairro Utinga,

Que Lourdes era moradora.

O dono era um português,

Ele atendia aos fregueses

Com muita dedicação.;

Queria crescer na vida,

Passar os dias na lida,

Não desgostava ao patrão.



Passados dois ou três meses,

José disse a sua irmã:

“-Eu preciso comprar roupas.

Vamos a São Paulo amanhã.”

Lourdes atendeu ao pedido -

Poucas vezes tinha ido

Ao Centro da Capital,

Mas conhecia o caminho,

No outro dia, cedinho,

Foram direto ao local.



Dentro do Parque Dom Pedro,

Desceram do lotação.

Lourdes levava as crianças

Segurando pela mão.

E sempre ao lado, José,

Admirando o que via.

A irmã era seu guia...

Pela General Carneiro

Subiam a passo maneiro,

Por entre as mercadorias.



Lá na General Carneiro

Tem sempre, em todo momento,

Dezenas de camelôs,

Um enorme movimento.

Gente pra lá e pra cá,

Uma enorme multidão

De passantes, compradores,

Mercadorias no chão -

Calçados, confecção,

Roupas de todas as cores...



Na metade da subida,

Vinha gente apressada.

Muitos descendo a ladeira

Em rápidas e largas passadas.

Ouvia-se de muitas bocas

Um murmúrio: “-Olha o rapa!”

Um fiscal deu uma tapa

Num homem que estava em pé.

Lourdes gritou: “-Corre, Zé!”

Vamos ver se a gente escapa.



Voltaram os dois na carreira,

Pra dentro do terminal,

Quase arrastando as crianças.;

Uma delas passando mal.

Entraram no mesmo ônibus

Que os tinha deixado ali.

E o motorista, a sorrir,

Perguntou: “-Que foi, senhora?”

Ela explicou, sem demora.

Quase ele morreu de rir.







Escrivão Joaquim
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