Usina de Letras
Usina de Letras
120 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62186 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10351)

Erótico (13567)

Frases (50586)

Humor (20028)

Infantil (5426)

Infanto Juvenil (4759)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cordel-->HÁ MALES QUE VÊM PARA BEM -- 13/06/2010 - 13:42 (JOAQUIM FURTADO DA SILVA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
HÁ MALES QUE VÊM PRA BEM

ou O FILHO INESPERADO



HÁ MALES QUE VÊM PARA BEM
( ou UM FILHO INESPERADO)

1. Damiana era feliz
Com seu marido, Caetano,
Mas faltava- lhes um filho
E de tê-lo, tinham plano.
Mas filho não cai do céu
E a natureza – cruel...
Lhes trazia desengano.

2- Ia ano, vinha ano,
Sem visita da cegonha.
Damiana acreditando.
Trocava lençol e fronha
Numa vontade tamanha
Mas sem usar artimanha
Disso até tinha vergonha.

3- Quando a gente muito sonha
A ansiedade atrapalha
Quando algo se deseja
Para isso se trabalha.
Não adianta querer
Fazer o fogo acender
Usando somente palha.

4- Se uma madeira falha
Troque por outra madeira;
Se não der certo dum jeito,
Tente de outra maneira,
Até que o fogo pegue.
Quem sabe você consegue
Até mesmo uma fogueira.

5- Não tome por brincadeira
A busca do objetivo
Peça ajuda, busque apoio
Nunca pense negativo.
Se Deus ajudar, melhor.
Não conseguiu fazer só...?
Talvez houvesse um motivo.

6- Um companheiro ativo
Pode ajudar nessa hora.
Seja um membro da família
Ou seja um membro de fora
Que lhe fale e aconselhe
Talvez mais ajuda dê-lhe
Procure-o sem demora.

7- Voltemos de novo agora
À aflição do casal
Caetano e Damiana,
Que de filho nem sinal.
Casados mais de 10 anos
Um dia viram seus planos
Terem êxito, afinal.

8. Foi preciso que um mal
Inesperado, tirano,
Um AVC repentino
Acometesse Caetano.
Deixou-o preso num leito.
Porém surtiu o efeito
De tirar seu desengano.

9. O AVC trouxe um dano
De afastá-lo do emprego,
Sem mais poder trabalhar
À mulher não dá sossego
E ela, triste por vê-lo
Sofrendo, trata-o com zelo
E aceita seu chamego.

10. Como ficar no aconchego
Do lar, como uma princesa?
Ela volta a trabalhar
Pra fazer frente à despesa
Não pode ser enfermeira,
Se é preciso fazer feira,
Trazer comida pra mesa.

11. O patrão, por gentileza
Além do vale-transporte
Oferece um motorista
Seu Robervan, homem forte,
Que vai buscá-la em casa
E nunca, nunca se atrasa
A não ser caso de morte.

12. Um homem de belo porte
É o chauffeur Robervan.
Mora distante, contudo
Seis e meia da manhã
Já vai buscar Damiana
Às vezes em um Santana,
Outras vezes numa Van.

13. Só Deus sabe do amanhã,
Conhece o que nos convém.
Sabendo que Damiana
E seu marido também
Tanto um filho desejavam
E há anos o esperavam,
Em socorro deles vem.

14. Há males que vêm pra bem
Reza o dito popular
Não é que o mal de Caetano
Faz a esposa engravidar?
Percebe que a regra atrasa
E um dia, ao voltar pra casa
Ela se sente enjoar...

15. Quase vem a desmaiar
Sem conhecer a razão
Não cai porque Robervan
A ampara com a mão.
Logo após se recupera
Ele a segue e espera
Até passar do portão.

16. Com a mente em confusão
Entra em casa, ligeiro
Sentindo náusea de novo
Rápida, corre ao banheiro
Vomita muito na pia
Sem saber o que teria
Quase entra em desespero.

17. Demora-se no chuveiro
Sem querer sair dali
Mas a ducha de água fria
Fez com que caísse em si
Podia ser gravidez
Não sangrava há mais de mês..
E então, começa a rir.

18. Mas tinha que conferir,
Confirmar com um exame
No outro dia, bem cedo,
Pediria à madame
Karine, sua patroa,
Para não falar à toa
E passar por um vexame.

19. O resultado do exame
Confirmou sua suspeita
Ela falou a Caetano
Como esposa direita
Ele disse: “-Finalmente!
Faz pena eu estar doente
Sem a saúde perfeita.

20. Ainda bem satisfeita
Relatou da gravidez
Para os patrões e o chofer.
Robervan, por sua vez,
Espalhou logo a notícia
E os colegas, com malícia
Perguntaram: “E quem fez?”

21. “Quem será o pai, talvez,
Se Caetano está doente?
Ele não ficou de cama,
Sem se mexer, impotente?
Quando ele era esperto,
Tentou tanto e não deu certo
E, agora, assim, de repente...”

22. Ela se disse inocente
Ao ver que duvidavam
Do seu proceder honesto;
Disse que a caluniavam
Ao falar em “caso inédito”.
A ela não davam crédito
Nem mesmo os que a cercavam.

23. A amigos que ousavam
Brincar com os tais boatos
Ela, com seus modos simples
Só os tachava de chatos.
Depois deixou o emprego,
Pois não lhe davam sossego,
Com uns ditos insensatos .

24. Nem sei dizer se tais fatos
Ela contou ao marido.
Não podia ele ajudá-la,
Pois numa cama estendido
Desde o infarto agudo,
Inválido pra quase tudo,
Ficaria mais sofrido.

25. Mas se o deixasse iludido
Não seria até pior?
Viu-se ela num dilema
Devia suportar só
Todos aqueles boatos?
Melhor enfrentar os fatos
Mesmo dele tendo dó.

26. Sem amigas ao redor
Passou a sofrer bastante.
Robervan, o motorista
Também ficara distante
Pois também falavam dele
Dizendo que fora ele
Que a fizera gestante.

27. Em estado interessante
Quatro meses sem salário.
Como sustentar a casa
Com o pouco numerário
Das parcas economias?
Em casa, a mesa vazia
Quase vazio o armário.

28. Ah, que sujeito ordinário
Esse Saulo do SINAI!
Espalhar pra todo mundo
Que Robervan é o pai
Desse filho que espero.
Eu até o considero
Mas em casa ele nem vai...

29. Mulher que ama, não trai
E eu sou mulher honesta.
Será que pra ser direita
Precisa escrever na testa
“-Sou fiel a meu marido.
Não faço nada escondido.”
Nem mesmo frequento festa?..

30. Esse seu Saulo não presta -
Esse dos computador
Amigo de Robervan,
Mas não dá nenhum valor
A amizade que tem.
Tou sabendo muito bem
Foi ele quem inventou...

31. Mas quem foi que lhe contou
Que depois do AVC,
Caetano ficou estéril?
Inventaram isso porque
Não tive um filho antes,
Cambada de ignorantes.
Eu que tenho de sofrer...

32. Pois eles têm de saber
Que o meu marido tem cacho...
Não é porque o destino
Aplicou-lhe um golpe baixo
Que ele deixou de ser gente;
Não ficou nem impotente
E nem deixou de ser macho.

33. Eu vou lá e esculacho
Esse bando de nojentos.
Vão ter que pedir desculpa
Por me causar sofrimento.
Vou voltar pro meu emprego
Tenho que pedir arreglo
Senão depois não agüento.

34. E com esse pensamento
Voltou ela a trabalhar
A patroa a aceitou
Queria mesmo ajudar.
Pois dona Karine Moura
Pessoalmente até fora
Pedir pra ela voltar.

35. Uns foram se desculpar
Reataram a amizade.
Disseram ser brincadeira,
Não falavam por maldade
E a vida de Damiana
Se não chega a ser bacana,
Voltou à normalidade.

36. Mas longe dela, em verdade,
Os amigos, a seu jeito,
Continuam as pilhérias
Falando a seu respeito
Um diz que não faz sentido
Que o pai seja o marido
Paralisado num leito.

37. Apesar de ser suspeito
Robervan também opina:
“O filho é de Caetano;
Foi Providência Divina!”
Podia ocorrer um dia
Afinal ninguém previa
A doença repentina.

38. -Você pensa que ensina
O Pai-nosso a vigário.
Aqui não tem ninguém cego,
Nenhum de nós é otário!
Mas pra não fazer briga
Deixa aquela rapariga
Lutar pelo seu salário.

39. E houve todo um rosário
De fuxicos e boatos,
Mas perto de Damiana
Deixavam de ser gaiatos.
Robervan, sendo casado
Permanecia calado
Pra não piorar os fatos.

J- Julgo não serem sensatos
O- Os tais boatos também
A- Acerca de Damiana,
Q- Que um filho agora tem.
U- Uma coisa vou falar:
I- Importante é ver que HÁ
M- MALES QUE VÊM PARA BEM.

-----
SEM CONSULTAS



Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui