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Cronicas-->Pit Zoião, o rei do espeto -- 22/09/2000 - 00:29 (Mastrô Figueyra de Athayde) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

"Hoje é Domingo, pé de cachimbo. O cachimbo é de ouro, que cai no touro. O touro é valente e chifra a gente..." É cantarolando as suas lembranças de infància, que António, o Pit Zoião, acorda aos domingos, esfregando os seus olhos inchados e remelentos, depois de uma "balada" na noite sumareense.
Pit Zoião, taquarense de coração tem um prazer descomunal sobre o dia de domingo, principalmente por ser o dia que costuma se deliciar ao prazer de um bom churrasco com carne maturada. Mas o churrasco na casa de Pit Zoião só está completo se a carne maturada for preparada com o melhor sal que temos no Brasil. O sal da Costa Hock. Este sal tem uma propriedade básica inconfundível: é salgada ao ponto cruz do escaravelho de gama menor. Talvez você não tenha entendido, mas Pit Zoião entende como ninguém. Quando Pit Zoião tinha dois anos de idade, o garotão costumava usar fraudas e a sua mãe que não costumava enxergar bem, acabou trocando as suas fraudas em um jardim, onde estava sendo realizado um churrasco entre família e como havia muitos parentes na casa, Dona Bete acabou trocando o frasco de talco pelo de sal, que são bem parecidos e jogou o produto no "fio da navalha". Pit como era carinhosamente chamado teve um grande revertério e se lembra até hoje: os seus olhos cresceram em tamanho desproporcional vindo o apelido de Zoião que acabou "pegando" pela família, além de ter a sua área totalmente destruída pelo potente sal, formando verdadeiras crateras lunares.
Outro detalhe que não pode faltar no churrasco de Pit Zoião é o enorme espeto do Paulão. Um crioulo forte, amigo de Pit desde infància. De acordo com a lenda taquarense, a carne maturada assa melhor no espeto do Paulão, que é totalmente feita de cobre, tendo como apoio um lindo dente de onça, cujo animal havia sido morto pelo próprio Paulão.
Pit Zoião em seus churrascos não fica apenas se deliciando com a carne maturada, introduzida delicadamente no espeto do Paulão. Em seu arsenal, ele guarda vários modelos, com uma única semelhança: o tamanho avantajado feito especialmente para cada tipo de carne, mesmo assim, o seu predileto é do Paulão.
Em um certo Domingo, após acordar cantando, e lavar os seus olhos todos grudados por ramela, Pit Zoião foi preparar o seu inconfundível churrasco dominical. Ele pegou a tradicional carne maturada e o bom e velho sal da Costa Hock. Quando a carne ficou preparada, Pit Zoião foi buscar o espeto do Paulão. Para o seu espanto o espetão havia sumido. Ele procurou como nunca o espeto pela casa e não encontrou, até que acabou perguntando para a sua mãe, que respondeu: "- Aí meu filho! Eu acabei dando um pedaço de metal para um gari que estava passando pela rua. Eu não sabia que se tratava do seu espeto de estimação!"
Os olhos de Pit se encheram d´água que mais parecia um aquário, tamanho a desproporção do seu globo ocular ao seu rosto. Ele saiu de casa para tentar achar o bendito gari, mas a sua luta acabou em vão. Não achou e o pior, o Paulão havia se mudado para o estado de Tocantins. Não havia mais espeto e o churrasco de Domingo não havia mais graça. Tudo parecia terminado em sua vida. Os domingos aconteciam e para Pit Zoião não havia a mesma graça. Não teve mais churrasco, até que o dia que um outro amigo, o Arnacleuza apareceu em sua casa no Domingo, pensando que iria se deliciar com o famoso churrasco de Pit Zoião, mas estava errado e acabou perguntando o motivo para o amigo: "- O que aconteceu Pit?", que respondeu: "-Sem aquele espeto não sou nada!", disse Pit Zoião.
Na conversa, Anacleuza acabou mostrando que o tamanho do espeto pouco importa. O que vale mesmo é o prazer da carne e a festa entre amigos. Comovido com o apoio ele voltou a fazer o seu churrasco e dar as famosas "baladas" nas noites sumareenses e mostrou que mesmo com as pequenas coisas, é possível ser feliz, basta querer, acreditar e sonhar...


Mastró Figueyra de Athayde é cronista e repentista do mercado de Aracajú
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