A Valsa do Pilão
Luís Gonçalves
Na garupa da brisa vadia, que açoita a comunheira de sapé, lá vem ela!
Ícone deflorada!
Valsa erudita!
Bela sirigaita do tipo cherole. Tremulando igual vara verde de bambu. Rebojando saliente ao vento de meado de agosto.
Putucinho de menina!
Largadinha de mulher!
Inocente cabocla tala larga, que serena de mansinho no ribombar da percussão. Faceira artesã que deixou a infeliz saudade tricotando a vil rotina da paixão.
Firula de fino trato!
Prosa sem nexo!
Tripudia a venta lisa no tempo; mais pra lá do que pra cá; igual costela de sucuri saindo do brejo.
Amante afilhada!
Primas prostituídas!
Labaredas acústicas, mudas, caladas. Ressonância lúgubre que erradia desse tosco monjolo doméstico.
Donzelas de sambiquiras empinadas!
Dançarinas das rodas de pilão!
Encerrada no cárcere do passado: ali está ela!
Barrotada de esperança, na nossa morada me espera.