FAZER DE CONTA
Edna Berta
Vou fazer de conta que nunca te vi, nunca te encontrei, jamais te amei
Para isto tenho que ignorar o mundo, apagá-lo da minha lembrança
Não há mais noite nem dia
Nem canções nem poesias
Não há mais nada, nem caminho, nem estrada
Não existem mais tardes mornas de verão
Nem chuva, nem vento de furacão
Vou fazer de conta, que nada existe
Nem sou alegre, nem triste
Não há mais manhãs amanhecidas nem madrugadas acordadas
Nem pássaros em revoada, nem flores orvalhadas
Nem gritos, nem silêncios, nem sussurros
Apenas o vácuo, o nada, o ocaso total
Vou fazer de conta que nunca te vi, nunca te encontrei, jamais te amei
Nem nasci, não estou aqui
Tudo é fruto de uma ilusão coletiva
Uma loucura compartilhada, já que o que existe é o nada!
Nem músicas, nem sinfonias
Nem lutas, nem alegrias
Nem pecado, nem perdão
Só existe o oco buraco da extrema escuridão
Afligindo o coração
Mais nada...
Nada... |
