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Infanto_Juvenil-->O SEQÜESTRO -- 27/07/2003 - 12:19 (Leon Frejda Szklarowsky) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O SEQÜESTRO
Leon Frejda Szklarowsky.:
(Autor de Hebreus, história de um povo, Editora Elevação, LBV, 10/2000)
(Publicado na Leia, Editora Consulex, nº 6, de 15 de março de 2000, e na revista DF LETRAS,a revista cultural de Brasília, Câmara Disrital de do DF, 75/81, maio a novembro de 2001)

- Mamãe, o que é seqüestro?
- Porque essa pergunta agora, Paulinho?
- É que...
- É que... ! O quê, menino? Que cara é essa?
- Ora, mamãe, não é nada, não.
- Alguma coisa há. Desembucha, aí!
- É que o pai do meu amiguinho, Pedro, foi seqüestrado, há uma semana, e ninguém tem notícia dele. Ninguém sabe de nada. Foi isso que a mãe dele falou, mas não me explicou o que é.
- Seqüestro, meu filho, é um comportamento muito feio e danoso.
- Então, é por isso que está todo mundo triste, na casa dele. O Pedrinho e a mãe estão chorando o tempo todo. Eu também chorei, mas não sabia por quê. Me deu vontade, como eles...
- Meu filho, há gente boa e gente má. Infelizmente, o mundo está cheio disso.
- E o que é tem essa coisa com o que eu perguntei?
- Há muita coisa, sim. Eu quero dizer que nem todas as pessoas são boas, como nós, seu amiguinho e os pais dele.
- O que você quer dizer com isso?
- Você já ouviu falar em gente que pega o outro, sem que ela espere por isso?
- Nunca, mamãe.
- Pois é, às vezes aparece uma pessoa que nem conhecemos e obriga-nos a acompanhá-la à força, contra a nossa vontade.
- E p’ra onde leva?
- Nunca se sabe, meu querido.
- Por que as pessoas fazem isso, se a outra não quer ir?
- É uma boa pergunta. As pessoas nunca deviam fazer mal a ninguém. Sempre aparece alguém para estragar a felicidade dos que vivem bem.
- E seqüestro é só isto?
- O que mais você queria?
- É por isso que eles estavam tristes e choravam muito?
- Sim, meu filho. Vou explicar um pouco mais, mas basicamente é o que lhe havia dito.
Os homens vivem em sociedade, isto é, vivem organizados, da mesma forma que alguns animais como, as formigas e as abelhas.
- Elas são como nós?
- Há diferença muito grande entre nós e elas.
- Qual?
- Nós somos dotados de inteligência e sabemos o que fazemos, e sempre queremos algo. Enfim, o ser humano diferencia-se do animais, porque são animais racionais, pensam. Você não pensa ou não faz alguma coisa, quando tem vontade?
- Faço, sim. Quando estou com sede, vou tomar água ou então pego um copo de suco na geladeira. A senhora se importa?
- Oh, não! Isto que você fez não prejudica ninguém. Pelo contrário, foi em seu benefício, para satisfazer uma necessidade, que era matar a sede. Você fez muito bem.
- Obrigado.
Seu pai trabalha e eu também. Sabe p’ra que?
- P’ra dá dinheiro p’ra mim, não é?
- Sim, senhor, seu malandrinho. Só para o senhor, não é mesmo?
- Risos!!!!!
- Pois é, todos trabalhamos para vivermos bem.
- E quem seqüestra não trabalha?
- Aí que está! Todos deveriam trabalhar ou estudar. Enfim, fazer alguma coisa de útil. Ninguém pode ficar sem fazer nada, porque isso leva ao ócio, o que é muito perigoso.
- O que é ócio, mamãe?
- Desta vez, passa, vou-lhe dizer, mas na próxima, vá diretamente para o dicionário. Isso faz bem. Aguça a mente e acaba com a preguiça, com a vagabundagem. Viu? Ócio tem muitos significados. E dei somente alguns.
- Tem mais significados, fora esses?
- Tem, sim. Também quer dizer descanso, repouso. Depende da frase. Por enquanto, aprenda que também significa inação, isto é, falta de ação e indolência.
- Tá bem, mãe!
- Então, como estava contando, as pessoas que não trabalham nem estudam, ou ficam no ócio, ficam pensando em coisas más ou ainda se dedicam a fazer o que não devem, como fumar, que prejudica a saúde, usam drogas que também prejudicam a saúde e a mente das pessoas. Enfim, praticam atos que maltratam os outros. Isto não é nada bom, para ninguém. Ou ainda furtam, isto é, tiram as coisas de outras pessoas, sem que elas tenham consentido e até com violência. As vezes, até matam.
- Puxa, mamãe. Posso fazer uma pergunta?
- Claro. Se eu não souber responder, não tenha dúvida, chamo seu pai. Eu gosto dele, porque é muito sabido. Ou pergunto a quem saiba mais. Não é vergonha. Pior é não saber e ter medo de indagar e aprender.
- É mesmo?!
- E o que você ia perguntar?
- Você disse que fumar também faz mal à saúde. A mãe e o pai de meu amigo Josef fumam bastante. Também é ruim para a saúde deles?
- Naturalmente. Eles não deviam fumar. Ainda não aprenderam que qualquer vício faz mal e ainda dão mal exemplo. Atualmente, é proibido fumar em muitos lugares. Com o tempo, com certeza, a pessoa só poderá fumar em sua casa ou em lugares próprios. E só fumarão os teimosos e irresponsáveis. Quem não fuma não é obrigado a tolerar a fumaça dos outros!
- E você ainda vai dizer mais coisas sobre o seqüestro?
- Vou, sim. Seqüestro é crime e quem comete crime deve ser punido, para aprender e servir de exemplo.
- Eu não entendi nada. E agora, mamãe?
- Bem, vou tentar explicar o que é crime, mas antes devo dizer que todos os homens vivem em sociedade.
- E as mulheres?
- Também, é claro. Quando eu disse.... todos os homens.... eu estava usando esta palavra no sentido genérico, abrangendo o homem e a mulher.... Entendeu?
- Não.
- Ih, como é que eu vou sair desta? Deus é grande! Há de me ajudar, sem dúvida.
- Você agora apela até p’ra Deus? Minha professora disse que é uma forma de fugir do problema.
- Não, não é. Continuando, os homens e as mulheres ( pronto! Uso as duas palavras ) vivem em sociedade e fazem regras para conviverem em harmonia e não precisarem brigar.
- E por que elas brigam, então?
- Um momento. Vamos por partes. Eu dizia que as pessoas se organizam, para viverem juntas e ajudarem umas às outras.
- Como a família, em casa?
- Perfeitamente. E, assim, criaram o Estado, que é uma espécie de diretoria, que toma conta e faz cumprir as regras.
- Eu posso tomar conta, também?
- Por enquanto, espere. Cresça e aprenda. Mas, prosseguindo, o Estado faz as normas ou regras, também chamadas leis, que devem ser obedecidas por todos, sem nenhuma diferença, para as pessoas viverem em harmonia, não brigarem nem fazerem mal às outras e saberem o que podem ou não fazer.
- E essas regras são obrigatórias?
- São, sim. Todos devem obedecer a elas.
- E se elas não seguirem essas leis?
- Aí é que entra a coisa! Em primeiro lugar, existe a Constituição que é a regra mais importante. Ela diz como esse Estado deve ser, como devem ser eleitos aqueles que vão dirigir a sociedade e muito mais coisas importantes.
- Você pode dar mais um exemplo?
- Ela diz também que é preciso haver regras que proíbam a prática de determinados atos, ou porque causam mal às pessoas, machucando-as, tirando-lhes a vida ou as suas coisas. Para encurtar e você entender bem o que estou falando, essas leis visam proteger as pessoas e seus bens ou coisas e quem não as respeitar, deverá ser punido.
- Qualquer um pode punir?
- Não. Somente o Estado pode fazê-lo. Vou dar um exemplo. A polícia prende e verifica o que houve. O juiz aprecia tudo e condena, se realmente houve o crime, isto é, se alguém fez o que não devia, porque praticou algo que a lei proibia.
- E o juiz sempre condena?
- É claro que não. Se ela provar que nada fez, não será condenada. Por isso, é que existe a lei, para proteger os inocentes e punir os criminosos, isto é, os que infringiram essa lei.
- Mamãe, o que é inocente?
- Inocente, meu filho, é aquele que não fez nada. Lembra-se do dicionário?
- É mesmo!
- Desta vez, passa. Já são duas, ouviu?
- Sim, ouvi. De agora em diante, vou-me acostumar à idéia do dicionário.
- Acho que agora já posso dizer mais alguma coisa sobre seqüestro.
- Que bom, pensei que você se esqueceu.
- Ué, menino, primeiro, tinha que ensinar umas coisas antes, senão você não ia entender nada. Agora, preste atenção.
- ‘Tou prestando, pode ver.
- Pois bem, os seres humanos devem-se comportar de acordo com o que está previsto na regra ou na lei. Ninguém pode desviar-se dela.
- Eu não conheço todas as leis.
- Aí, é outro departamento. Outro dia, falo disso. Por enquanto, saiba que todos devem conhecer a lei ou fazer de conta que a conhecem. Entendeu?
- Não muito.
- Então, vamos ficar no mundo do faz de conta que você conhece a lei, porque conhecer é preciso!!! Se uma regra diz que tirar alguma coisa de alguém sem que ele permita é crime, quem o fizer, sem o seu consentimento, praticará um crime. E esta lei também prevê que ele deverá ser punido. Está compreendendo?
- Desta vez, estou. Está bem claro. Você é grande, sabe explicar.
- Melhor assim. Você disse que o pai do seu amiguinho havia sido seqüestrado, não é?
- É, sim.
- Então, um criminoso, que é aquele que pratica o crime, ou várias pessoas, se for o caso, seqüestra alguém, ou seja, toma a pessoa e impede-a de ficar em liberdade, não permitindo que ela se movimente livremente, mesmo que seja na sua casa, estará tendo um comportamento que a lei não deseja. Portanto, o crime se realizou. A pessoa seqüestrada é a vítima.
- E se a pessoa seqüestrada for morta?
- Antes disso, quero dizer que este crime é mais grave, quando o criminoso seqüestra para obter dinheiro ou vantagem.
- P’ra quem fica o dinheiro, mamãe?
- Não importa, para quem vá o dinheiro ou qualquer vantagem. Pode ficar para ele mesmo ou para uma outra pessoa.
- Coitado do pai do meu amigo.
- É isso mesmo. A pena, neste caso, é muito dura. Ele fica preso muito tempo, sem qualquer regalia. E agora vou responder a sua pergunta, se o machucarem ou ele for morto pelo criminoso, então a pena é muito maior. Também se o seqüestro durar mais de um dia, ou seja, mais de vinte e quatro horas, a pena também é aumentada. Ou, ainda, se a pessoa que sofreu o seqüestro for menor de 18 anos. Ele fica preso mais tempo.
- Bem feito, o criminoso merece mesmo ser punido.
- De fato, esse comportamento é tão odioso, causa tanta dor ao coitado que sofreu esse crime e a sua família, que a Constituição o chama de hediondo.
- Epa, o que é hediondo, mamãe? Eu nunca ouvi esta palavra.
- Tem razão, é uma palavra difícil. Não precisa ir ao dicionário. Vou explicar direitinho. Só desta vez. Não é para se acostumar. A mordomia vai acabar!
- Puxa, que bom!
- Hediondo, meu filho, é depravado, horroroso, causa medo. O criminoso usa da violência. Não tem pena de ninguém, tal qual no caso de seu amiguinho. Como ele e a mãe devem estar sofrendo, além do pai, que não se sabe onde nem como está.
- Você entendeu o que é hediondo?
- Entendi, sim.
- Há mais uma coisa que lhe quero contar. É muito importante.
- O que é, mãe?
- Se alguém vê e não faz nada para impedir o crime, ou se manda alguém fazer, também é considerado criminoso.
- E se ele não receber o dinheiro pedido, como fica?
- É uma boa pergunta. Não importa. Recebendo ou não, o crime é o mesmo.
- O que é que vocês estão fazendo, aí, fechados, no meu santo gabinete de estudo e leitura?
- Pai, a mãe estava explicando o que é seqüestro.
- Oi! O Paulinho realmente me perguntou o que é seqüestro.
- Assim, de repente, é?
- Você recorda-se do Pedro, o amigo do Paulinho?
- Claro, ele sempre está aqui.
- Pois é, o pai dele foi seqüestrado, faz uma semana, e ninguém sabe dele. Eu estava explicando para o Paulinho o significado disso.
- E ele aprendeu?
- Ora, doutor sabichão, pergunte a ele. Será que só o senhor, doutor Marcos, é capaz de ensinar?
- Desculpe, querida, estava só brincando. Eu estou realmente estupefato.
- Espere, vou atender o telefone, pai.
- Pai, pai, graças a Deus, a Polícia achou o esconderijo e o pai dele foi libertado, agorinha mesmo. A mãe dele está avisando. Ela está contando que ele sofreu demais e esteve acorrentado, com os olhos tapados, durante todo o tempo, e era ameaçado a todo instante com revólver e faca. Ela está dizendo que o marido chegou a pedir que o matassem, pois não agüentava mais o sofrimento. E os bandidos confessaram na Polícia que iriam matar não só o pai como o próprio avô dele, que iria entregar o dinheiro.
- Aí é que está, minha cara esposa e meu querido filho, graças a Deus, ele está salvo, mas, para esses casos, só a pena de morte resolve.
- Que sorte a Polícia ter descoberto o local, né, pai?
- A Polícia merece nota dez. Ninguém dá valor a ela. Repito: só a pena de morte para esses casos.
- Você está louco, meu querido marido! A Constituição felizmente não permite.
- Ana, minha esposa, eu sei que a Constituição proíbe a pena de morte. Ela deve ser alterada ou feita uma nova. Modifica-se, para tudo, então, por que não, para este caso?
- Meu caríssimo marido, Sérgio, você não sabe que eu não concordo com a pena de morte, para nada.
- Eu sei, Ana. Perdoe-me. Mas há criminosos que não merecem comiseração, devem ser excluídos da sociedade, para não repetirem esses crimes e causarem mais dor e sofrimento a pessoas inocentes, cujo único crime é serem boas e até estarem bem de vida.
- E as pessoas miseráveis não têm direito a nada? Você não vê isto?
- Minha mulher, vejo, sim. A sociedade não pode omitir-se. Deve evidentemente cuidar da saúde, do desemprego e de tudo o mais, entretanto não pode e não deve deixar impunes esses criminosos, sob pena de ela própria sucumbir.
- E tem que ser com a pena de morte, meu maridinho querido?
- Não vejo outra alternativa, para esses casos. É claro que não se vai aplicar a pena de morte, no caso de furto, agressão ou até estelionato.
- Pai, você complicou. O que é estelionato?
- Bem, daqui a pouco, você vai-se tornar um advogado bem sabido. Estelionato é obter alguma vantagem, enganando e prejudicando alguém.
- Só isso, pai?
- Há mais, mas por hoje basta.
- Você disse comiseração. O que é comiseração?
- É piedade, pena, dó, meu filho.
- Paulinho, e o dicionário?
- Desculpe, mamãe. Prometo que me tornarei amigo do dicionário.
- Está perdoado. Afinal, este não é um crime grave e você merece comiseração!!!
- Obrigado, mamãe.
- Papai, estou contente que o pai de meu amigo ficou livre.
- Todos nós estamos felizes, por isso.
- Mamãe, estou ficando com medo.
- Não tenha medo, nada acontecerá conosco.



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