Já estive muitas vezes no fundo do poço. É difícil ser poeta num país como o Brasil, nosso país, lindo de morrer, mas cruel em suas seleções de quem deve viver, e quem deve sobreviver e até morrer. Bem por isto já estou preparado para morrer. E muito bem preparado. Porque afinal, quando não temos mais nada para perder, a morte se torna nossa amiga e companheira. Isto explico e muito a questão da violência. Conheci jovens nas ruas de São Paulo, quando vivi muitos anos como camelô, que me disseram com lágrimas nos olhos: "estou perdido. Não tenho mais nada para perder. Daqui prá frente vale tudo". E despediu-se definitivamente de mim e de nossa amizade.
Mas, como esta página é toda sorriso, vou contar um "causo" que se deu comigo, quando vegetava no fundo do poço.
Estava eu numa festa vendendo quinquilharias. Dois dias e nada havia vendido. O dinheiro acabando. Comecei a beber. Fiquei bêbado. Ruim mesmo. Num dos intervalos de cervejas, as quais nem sabia se iria pagar, fui até o banheiro daquele boteco para tirar água da barriga d água.
Ao entrar no banheiro não agüentei o malcheiro. Havia merda prá todo o lado. Não sei como o pessoal defecava daquele jeito. Cada um escolhi um espaço mínimo possível e... acertava!
Fui para urinar, mas a coisa desandou e o malcheiro me vez vomitar. Num dos acessos de vômito a minha dentadura foi junto e eu num reflexo consegui pegá-la. Mas, a bicha escorregava de uma mão para cair na outra. Pulei feito um cabrito, mas não deixei a dentadura cair no meio daquele bosteirol. Contudo, fiquei com os sapatos terrivelmente "magoados" com tanta sujeita. É isso aí...