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Contos-->BALADA PARA DIAGNOSTICAR ETERNOS AMANTES -- 01/02/2005 - 19:29 (Luis Gonçalves) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Balada para Diagnosticar Eternos Amantes

Luís Gonçalves
Quando você foi embora, não escolheu a hora e resolveu partir. Não houve tempo hábil para as malas e muito menos para a palavra adeus!
Um vento encanado, pretensioso, conquista o peito indefeso e domina, toma as rédeas, do que resta da vida. Impõe um regime de dor na muralha de ilusões.
Lentamente germina um malévolo engarrafamento nas vias cavernosas por onde normalmente circula o caudaloso néctar quente condutor da paixão.
O labirinto possessivo, intempestivo, conspira com os fungos da friagem no espinhaço seduzido a seguir rumo ao abismo colossal da inércia.
A nutrição inconseqüente de um crepúsculo infantil.
O grassar zombeteiro de um surdo, mudo, calado; desafinado numa “saideira” mutilada de segundas e terceiras intenções. Lúgubre entardecer de uma primavera sem flores... de um morrer sem perdão.
O parir de um pássaro sem ninho. O porvir cúmplice e consciencioso de uma fêmea engalanada. Não obstante para um macho sedutor. Dissertação de uma calamidade passional. Eufemismo puritano da consolação de um ser carente.
Seguindo, parafraseando o medo..., esmiuçando o torpor. Um soluço em sustenido maior em cantata solitária de um urutau insone numa noite escura de meado do ano. Duetos de felinos nauseabundos em vocal de inanição.
Sufixo do verbo no infinito de concordância desconexa. Um abstrato qualquer. Ritual de fuga premeditada para lugar ignorado.
Nem o cofre majestoso exibido como uma obra de arte, sem obséquios, consegue ilustrar o obsoleto completo.
Emerge uma vontade bestial de lambuzar do nada, ignorando o óbvio. Queixosos, os olhos morrinhentos enxáguam a máscara cotidiana. Sem maquiagem o homem se torna nú. Pelado! Entregue aos sentimentos que o afligem. Os lábios pelejam contra a morbidez para não perderem o sacramento do riso..., o dom da palavra.
Quando você foi embora...
Carregaste contigo o que restava do casulo combalido; o ósculo do ser vital. Fustigado pela perda só vigora a devassidão do ébrio na última ópera estrelada por ti: uma ribalta regada a luz de velas, onde até o odor expelido da parafina fumegante conspira a nossa despedida.
Mutante! Semente neófita de uma geração orgânica. Galgará o fraterno afago do seio da mãe terra. Abandonou o leme do nosso barco a deriva. Éramos náufragos, vítima do amor, surfamos na crista das ondas até a linha de chegada...
Quando o show acabar e o último acorde entoar, ainda seguirei esperando por ti. Em companhia da dor, a convicção nos une: nascemos um para o outro e nos descobrimos na morte. Não é o bastante para quem agoura uma vida a dois.
Nesse ínterim derradeiro rola uma frescura teatral. Uma tolice inquietante no peito arfante, medroso e covarde. Prelúdio de noites mal dormidas, momentos mal vividos..., eternas horas depositadas em dias infindáveis. O endereço da alegria foi equacionar num ritmo alucinante de um tamborim sem cordas; engajado numa melodia fúnebre: a marcha nupcial do imprevisto passeio rumo ao Campo Santo.
Pachorra que a coloca entre os querubins!
Dádiva do derrotado, por um derrame cerebral fulminante. Um amante buliçoso, petulante, arrebatador — que a seduziu sugando-a para a eternidade.
Pérfida! Hás de lembrar dos beijos que para trás deixaste. O perverso lhe transformara em pó. Mesmo que nada nos resta sigo inveterado na mesma direção: o complexo do nada. Ingênua, deixou se entregar a um assaltante de vida; farsante de mundos. (...)
Precisamos nos encontrar novamente antes que os nossos corações sejam extraviados pelas sombras do destino que nos separou. Ambos vagaremos pelos prados incertos da incógnita; açoitados por uma carrada e meia de dúvida. Vultos de capas e galochas de um passado feliz. Réplica inútil de gratidão insensata.
Perdido, nesses devaneios, marcho todos os dias rumo ao misterioso lugar onde a vi desaparecer entre pás de terras arenosas do Cerrado. Zeloso, acalento no peito o perdão. O frívolo desejo de um dia nos unir para nunca mais separar. Minúcia que a minha grata amiga a cefaléia abomina executar.
Estacado feito poste, passo horas a meditar com os olhos fitos, nadando nas letras que insistem em chamar a atenção, naquela lápide fria de mármore...
Forever!
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