Já venho percebendo nas últimas eleições um detalhe nos debates que ocorrem antes dos eleitores irem às urnas. O debate entre candidatos na televisão, utopicamente, é o espaço onde os candidatos têm para, obviamente, debaterem suas propostas de governo. Eu vejo de outra forma: debate é a oportunidade de ver o circo pegar fogo. É a única chance do povo assistir aquelas figuras folclóricas dos políticos descerem do pedestal, rebaixando-se a discussões agressivas, muitas vezes inúteis, xingamentos, nervosismo, perda da elegância e compostura.
O debate, assim como todo programa de TV, precisa de audiência. Quem vai querer assistir a uma continuação do horário político? Aquelas propostas que ninguém entende, explicadas de uma forma absurda. O povo não entende do déficit da Previdência Social, Dow-Jones, JP-Morgan e todo o economês que eles falam. O candidato pode explicar como vai fazer para dobrar o salário mínimo, mas nada vai adiantar, o povão mesmo, aqueles que decidem o rumo do país, não têm base nenhuma para saber se aquilo é verdade ou mentira. A explanação de todos os tópicos de governo é enfadonha e chata. Ninguém quer ver isso! Milhares de semi-analfabetos assistindo e só se fala em economia.
Cadê as propostas de emprego, saúde, educação, reforma agrária? Chega de risco Brasil, superávit primário e Malans! Chega!
Se ninguém vai entender as propostas chatas e as explicações sonolentas, vamos ver os xingamentos, as gritarias, todo o baixo nível dos candidatos. Isso dá audiência. Quem não quer ver aquele cara todo penteadinho e controlado perdendo as estribeiras? Aquele candidato sóbrio, ficando vermelho de raiva e cuspindo fogo encima de seu principal adversário. É isso que o povo quer ver. Para discutir propostas, já basta o horário político. Num debate, queremos discussão, e da boa. Só dedo na ferida! Dedo no olho! Tempestade no Yakult! Mediadores mandando calar a boca! Políticos TOMADOS!
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