Algumas trovas de minha autoria:
Abrindo o leque da vela
vai pelo mar a jangada,
como se fosse a mais bela
das aves da madrugada!
Mistério - felicidade,
que somente Deus concebe:
- Se parte, deixa saudade!
- Se fica, não se percebe!
A trova há de ser, na certa,
o envelope transparente
de pequena carta-aberta
dos sentimentos da gente.
Motorista da ilusão,
pelas estradas da vida
vou deixando o coração,
no adeus de cada partida.
Tambaú, uma aquarela,
mundo de cores, feérico,
como se fosse a mais bela
pintura de Pedro Américo.
Indiferente à tristeza
da seca que há no Sertão
a Lua, com mais beleza,
enche de luz a amplidão!
Causa-me tédio a verdade
de que tudo é passageiro
e a nossa felicidade
depende mais do dinheiro!
A vida é uma vela acesa
e a alma da gente um pavio.
Daí, sempre essa incerteza
de se viver por um fio ...
No Norte, de Chico Mendes,
passeia pela floresta
um batalhão de duendes
defendendo o que ainda resta!
De Hugo a latinidade,
de Camões, Dante, Cervantes,
nos alimenta a vaidade
de uma nação de gigantes.
A cigarra... Uma cidade!
O canto na pitombeira
é como o som da saudade
que nos segue a vida inteira!
Sendo o sonho uma esperança,
também chamada ilusão,
faz-nos sempre ser criança
vendo bolhas de sabão ...
O certo é que ninguém pode
prever os rumos da sorte:
- A ventania sacode
e arranca a planta mais forte!
Saudade, um mar de lembrança
na praia do pensamento,
onde a jangada balança
no sopro leve do vento.
Melhor ser ave vulgar
e viver em liberdade
que, na gaiola a cantar,
quase a morrer de saudade!
Foi o Príncipe Luiz
Otávio, com seus valor,
quem nos deu a diretriz
deste Brasil trovador.
Com pirilampo parece
luz de jangada no mar,
quando ora sobe e ora desce,
a "acender" e "apagar" ...
Conceito de despedida
que é coisa que mortifica:
- Um pedacinho da vida
de quem vai e de quem fica!
Ao ver dos jardins as flores
à meditação me entrego:
" - Como pensa ser as cores
aquele que nasceu cego?!"
Em Themis simbolizada,
a Justiça os olhos venda,
para que não seja olhada
a pessoa da contenda!
Apenas Amor e Paz
- atentem nesta verdade -
são o binômio capaz
de nos dar felicidade.
Recife, entre rio e mar,
com seus ares de Veneza,
é uma cidade sem par,
de nordestina beleza!
Lembrança boa é saudade,
que teima sempre em voltar,
mas, tem a fugacidade,
da branca espuma do mar.
A terra, tão maltratada,
sempre dá provas de amor:
- À moto-serra e queimada
responde mostrando flor!
Mãe Natureza aviltada
por essa gente insensata,
já vai ficando pelada,
sem a roupagem da mata.
Terminou em muito murro
o "Congresso pela Paz":
- Com argumento de burro,
mundo melhor não se faz!
Não é só fauna, floresta
e riqueza mineral:
- A nossa Amazônia atesta
da Pátria a força moral!
Suspiros as trovas são,
de desgosto, de alegria
e alívio do coração,
nas asas da fantasia!
Não há coisa mais bonita
que a de se ver, multicor,
pairando no ar, tão catita,
o colibri junto à flor! |