O QUE MORRE
Francisco Miguel de Moura*
Casa e caminhos morrem desamados,
esquecidos, na solidão do Além.
Os segredos falecem de guardados,
e amores morrem quando morre alguém.
O porto morre, a onda se esvazia,
e o sonho esvai-se quando acorrentado,
e treva nasce do morrer do dia.
Vão-se o rico, o feliz e o desgraçado.
Nada é perene, pois quem nasce vibra
somente um instante para a queda enorme,
eis que essa lei fatal tudo equilibra.
Morrem lembranças, fruto do passado,
e o presente e o futuro quando dorme
o homem sem fé, sem luz, abandonado.
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*Poeta brasileiro, mora em Teresina.
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