Assisto consternada a rivalidade entre o governo Federal e o de |Minas Gerais. Não quero entrar no mérito de quem tem razão. O que me deixa estupefata é justamente a forma usada por alguns segmentos da sociedade de transformarem em ridículo como se fosse alienado o ex-presidente Itamar. Concordo que ele poderá ser chamado no máximo de exótico.
Desde o começo desse novo governo a situação é inverossímil não só propriamente pelas atitudes do governador de Minas gerais. Mas pelo modo como se tornou uma contenda essa rivalidade mais parecendo uma disputa juvenil.
E o que também não acho justo é que ponham sobre os ombros do governador a única culpa dessa situação que pelo menos eu considero embaraçosa. Quando tantos problemas carecem de resolução nesse país sofrido e desesperançado, quando o povo conclama por um pouco de atenção, quando a falta de emprego, de soluções práticas e a presença do desespero se avizinha ameaçador pedimos também para isso trégua. Trégua nessa discussão indefinida e inútil que só nos faz mais ainda um país infantil.
Sobre o último episódio em que os participantes do movimento Sem Terra (a quem respeito e só discordo do modo de agirem) invadiram a Fazenda do Sr. Presidente da República temos uma pergunta a fazer: O exército estaria tomando conta das propriedades de qualquer ilustre desconhecido? É a pergunta cruciante e angustiada de parte do povo brasileiro. Será que qualquer cidadão seria protegido da mesma forma com o exército a proteger sua propriedade?
Se a resposta for sim então entenderemos essa resolução, mas se cada fazendeiro não for resguardado da mesma maneira teremos que perguntar: Por que não?
Não queremos questionar se é certo ou não essa proteção. O que desejamos é a igualdade de atitudes para todas as pessoas sejam elas "importantes" ou simples vivente como qualquer um de nós.
Existe então uma diferença entre os direitos humanos de cidadãos que também são honestos, dignos, paga seus impostos e que, portanto tem direito a um grito a favor de sua cidadania? A defesa desses direitos será diferente apenas porque não ocupam cargos públicos, não são conhecidos ou não tem um protetor eficaz?
O nosso país precisa o quanto antes dar a liberdade para que todos os seus cidadãos exerçam esse direito e as pessoas precisam aprender a gritar por sua cidadania sem a qual o Brasil nunca será um país verdadeiramente livre e democrático na acepção da palavra.
Somos legal e oficialmente um país democrático, mas na prática do dia a dia poderemos nos situar como tal?
Não queremos e não precisamos de autoridades rivalizando o próprio poder que ninguém discute, mas o que realmente estamos carentes é do direito individual de cada um de nós cerceado pela noção errónea que só pessoas especiais tem direito à verdadeira e exercida, chorada e não compreendida cidadania.
Não queremos e nem deveríamos com tantos problemas cruciais, assistir a adversários ilustres que formam cada qual de seu lado sua legião de adeptos.
Precisamos de justiça, atendimento à s necessidades básicas de cada pessoa, equilíbrio da pobreza, erradicação da fome e das misérias, enfim cidadania.
É tudo que queremos nesse momento.
Vània Moreira Diniz
