PÁSSARO NOTÍVAGO
(Maria Hilda de J. Alão)
Fez do seu corpo um vivo santuário,
ditou leis, normas em rituais inebriantes
cultuou nele o amor com uivos cantantes
de solitário lobo em seu fadário.
Metamorfo era um pássaro notívago,
desejo escorrendo dos olhos brilhantes,
as mãos eram asas quentes arrepiantes,
voando à procura do cantinho vago,
no ventre que serpeando em trejeitos
converte o toque em prazer e ela suspira,
porque é amada livre, sem preconceitos.
E no sonho contínuo ela é bacante que gira
em fogosa dança dos véus, sem preceitos
para reter nos braços o amor que ainda aspira...
23/11/03. |