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Cordel-->BRINCADEIRAS DA INFÂNCIA -- 20/11/2009 - 01:09 (JOAQUIM FURTADO DA SILVA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
BRINCADEIRAS DA INFÂNCIA
(No folheto original com 14 gravuras feitas a mouse)

1. A vida de um menino
Dos tempos de antigamente
Era bem melhor que hoje
Pois naquele tempo, a gente
Acordava sempre cedo
Inventava um brinquedo
E sempre estava contente.

2. Mas hoje é diferente
O povo virou covarde
As casas todas têm grades
Vive-se em eterno alarde.
E as crianças de hoje em dia
Não têm a mesma alegria
Pois dormem e acordam tarde.

3. É bom que o pai ainda guarde
Para o Século XXI,
Alguma coisa da infância
Quem sabe, talvez, algum.
Dos brinquedos que havia
Não se comprava - fazia
Eu mesmo tenho só um.

4. Naquele tempo nenhum
Vírus de televisão,
Vídeo-games, celulares,
Ou da globalização
Mexia com a criança.
O futuro era esperança
Hoje não se sabe, não!

5. Falta hoje a união
Dos irmãos, primos, vizinho,
Brincando em um só quintal
Ninguém brincava sozinho
Faltam as rua de areia...
Já não tem bola-de-meia 1
Os quintais são condomínios.

6. Naquele tempo carrinho
Quem fazia eram os pais
Ônibus, ou caminhão,
Rodavam pelos quintais.
Nas ruas e nas calçadas
Eram de latas cortadas
E duravam muito mais.

7. Hoje não se brinca mais
De pés-de-lata, bandeira,
Roda-de-breque, pneu,
Pega-pega, baladeira
Bafa, Pião, quatro-cantos
Rolamento e outros tantos
Feitos de lata e madeira. 2

8. Via-se também na feira
Carrinhos de empurrar
Com somente duas rodas
Para fazê-lo andar.
Em cima um pássaro bonito
Produzia, com o atrito
Um som de matraquear.

9. Para o menino jogar
Nos dias de antigamente
Fazia bolas-de-meia -
Não era tão diferente.
Mas o prazer de ter feito
Um brinquedo tão perfeito
Deixava-o sorridente.

10. Eu era um pingo-de-gente 3
Tinha seis ou sete anos,
Via as meninas brincando
Só com as bonecas de pano
Depois que o plástico chegou
Criança nada inventou
Nem pra si, nem pra seus manos

11. Atravessar pelos canos
Dos pontilhões da estrada
Era uma diversão
Para toda a meninada
E olhem que não falei
Mas saibam que eu joguei
A tão famosa pelada.

12. Um pouco mais comportada
Era a turma das meninas,
Mas jogavam bole-bole
Com pedras bem pequeninas,
Em seqüências combinadas,
Nas casas ou nas calçadas -
Não passavam das esquinas.

13. Algumas bem mais traquinas,
Jogavam bola com as mãos,
Pulavam corda, corriam,
Acompanhavam os irmãos,
Brincavam de cozinheiras,
De cola, estátua, bandeira
E bois feitos de melão. 4

14. Das brincadeiras de então
Destacam-se as cirandas.
Que hoje quase não há.
Só se for por outras bandas.
Há muito saiu da moda
A brincadeira de roda
E os jogos nas varandas.

15. Comprava-se nas quitandas
- Pra se bater um bom racha - 6
Bolas Pelé, Rivelino;
Bolas feitas de borracha;
Peteca e bambolê.
Hoje quase nem se vê -
Em pouco lugar se acha.

16. Hoje é Xuxa, xexa, xaxa, 6
Os pais vão fazer o quê?
Pai e mãe vão trabalhar
Deixam os filhos com a TV;
A porta não tem postigo,
Nem vizinho, nem amigo,
Virão brincar com você.

17. Se a solidão bater
Tem CD, tem celular
Tem Orkut, internet,
Ou pode a TV ligar
Assistir o Mais Voce ,
Ou filme no DVD
Sozinho não vai ficar.

18. Hoje pode-se ficar
Na sua web cam, 7
E conversar com os amigos
Durante toda a manhã,
Estando a qualquer distância.
Isso sim, é ter infância...
Sem quintal com sapo e rã.

19. O mais velho vai pra lan, 8
E fica horas a fio,
Sem ninguém a vigiar
Seja irmão, ou pai, ou tio.
Mas nos tempos de quintal
Eu também fugia, igual:
Pra tomar banho no rio.

20. Há, assim, um desafio:
Qual infância é a melhor
Se das crianças de hoje,
Ou do tempo da vovó.
Se o tempo não volta atrás
Viva os tempos atuais -
Importa é não ficar só.

21. Se há outros ao redor
Fica o menino animado,
Rápido arranja conversa.
Mas se mantido isolado,
Dentro de casa, em clausura,
Será, na vida futura,
Esquivo e desconfiado.

22. Posso mesmo estar errado
Quando pretendo dizer
Que os brinquedos de plástico
A tão charmosa TV,
Os videos-games, a net 9
Não deixem nenhum pivete
Esforçar-se pra crescer.

23. Hoje, basta saber ler
O resto tá todo pronto.
A escola não reprova -
Estudar não vale ponto
Se a internet “tem tudo”
Eu copio e não estudo
Só vantagem, sem desconto.

24. Mas neste cordel, eu conto
Como era minha infância
Dos brinquedos, já falei.
Agora, a ignorância:
Castigo com palmatória
Para a falta de memória
Havia em abundância.

25. Já é longa a distância
No tempo, mas não esqueço
Decorava as leituras
Inteiras e pelo avesso.
Só quem sabia a lição
Passava no Admissão 10
Ou voltava ao começo.

26. Decorei e agradeço,
E hoje sei que aprendi.
Ditado para escrever
Correto, muito ouvi.
Decorar os sons do xis
Deu trabalho, mas eu fiz,
Depois de muito que li.

J- Jamais eu vi, nem ouvi
O- Os meus colegas antigos
A- Acharem ruim a infância
Q- Queixarem-se dos castigos.
U- Um ou outro professor.
I- Insensível os reprovou?
M- Mas continuam amigos!

******
NOTAS
1 Depois de adulto, fiz ainda bolas de meia, uma das quais fiz presente de aniversário a um menino de doze anos.
2 Mencionei somente alguns poucos brinquedos. Outros foram copiados, confeccionados em material plástico posteriormente São outros: pau-cagado; casinhas de varas e folhas de bananeira; flauta de talo de mamoeiro; corneta de cabaça; (casinhas de) triângulo com haste de ferro; peteca de palha de milho; cavalos de pau; times de botão; futebol com moeda; baladeira (estilingue); arapuca; bolas de gude (peteca, bila) esta com as modalidades de bila ou buraco, triângulo ou caia; cinturão queimado; gangorra; carrapeta; pipa (arraia, papagaio), etc. Havia ainda as brincadeiras que dispensavam brinquedos, caracterizadas apenas por palavras, gestos, agilidade, tais como, por exemplo: mão-no-bolso e licença; arreia e cesso; quatro cantos (citada); amarelinha ou macaca; boca-de-formo; anel; bandido e mocinho; saltos em altura e à distância e outros mais, alguns com nomes distintos nas diferentes regiões do Brasil.
3 Pingo-de-gente – Diz-se do menino bem pequeno.
4 Melão de São Caetano, fruta silvestre, com rama, no qual se enfiavam quatro palitos para simular uma rês.
5 Racha é como se chama a pelada de futebol no Ceará e em outros Estados brasileiros. Na Bahia, diz-se baba
6 Alusão aos programas de TV para crianças
7 Webcam – câmara de transmissão de imagem por via da internet, acoplada ao microcomputador
8 Lan – Lan House,loja de jogos de informática.
9 Net – Internet (rede mundial de computadores, web)
10 Na década de 1960 e até antes da L.D.B. de 1971 (Lei 5.692/71, também conhecida como "Reforma Passarinho"), havia uma espécie de vestibular denominado Admissão ao Ginásio – como se há pouco do 1.º Grau Menor para o 1.º Grau Maior (atualmente dentro do Ensino Fundamental).

CONSULTAS:
www.cefetsp.br/edu/eja/historia_legislacao_brasil.doc


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