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Contos-->A Sinfonia do Guará -- 12/01/2005 - 23:34 (Luis Gonçalves) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Sinfonia do Guará
Luís Gonçalves
A noite se alastra gemendo um ruído sinistro. Chora a melancolia profunda. O sereno escorre na face negra do tempo, preparando o doce cálice sedutor.
O controle se debate entremeios os canais. Num remoto devaneio de dedos nervosos e mãos minadas pela vertente desvairada. Nada interessante. No monitor colorido, apenas romances moldados e algumas entrelinhas picotadas nos telejornais. Imagens retorcidas de identidade duvidosa.
Em volta, o mundo preto e branco lamenta. Pede para morrer. O pranto do herói do espaço, umedece o farto manto escuro. Obscuro. A monotonia conspira contra o infinito que foge ao entardecer. Indiferente. Parte içando a alma do mundo. Levando o medo do mel. O vídeo insinua o crescente sentimento de perda e risco.
As estrelas daninhas colhem as feridas do céu. Em cada olhar há uma chaga que se abre luminosa, ferindo o peito. Manchando os corações dos amantes com a nódoa sedutora da cor do pecado.
Não há programa sem drama. Nem mídia sem lamentações. Motivos inócuos, oriundos da dúvida, para o compositor do universo montar um conjunto de sobras e restos num infinito desconhecido. Um dos tais, planeta do amor. Talvez um oásis sem nexo, travesso. Reticências.
A noite grita uma dor aguda do tipo solidão. Agride os delicados tímpanos de ouvidos aguçados, em busca de sussurros picantes. Seca a cantoria dos pássaros com uma orquestra sinfônica ruidosa.
A escuridão remete um bilhete intimo do sorriso que partiu. Ansiosa, a febre de suores frios assume a expressão de derrota. Tremores e inquietações, vândalos que conspiram contra o frágil trono carente moldado em carícias rotineiras.
Ancorado, na espera pelo ápice da chegada, a alma apaixonada navega em delírios a pique; que escorraça o sono para a pousada do nunca. Pratica um bale de senta e levanta a fio. Explora aflito, o mínimo palco que lhe resta.
A porta abre: saudações!
Dos lábios entreabertos escapa apenas beijos encharcados de saliva do hálito quente. Olhos crispados no espanto. Só, na réstia da dúvida canina. Juras, enxugam o vácuo de solidão.
Braços que se abraçam...
A enorme boca da noite se cala. Desliga o tempo. O peito aquecido dispara. Carregando o fardo imenso que transporta os corações.
Roupas pelo chão...
Imagens que se fundem. Sê confundem. Sombras e atritos que se agridem na penumbra. Se machucam. A tevê ignora. Assiste ao espetáculo gratuito, sem o controle.
Palavras de amor...
O silêncio a lua rouba com um suspiro doentio. Pertinente ao ouvir a poesia do jovem lobo solitário. Versos apaixonados que se perdem na pradaria distante em busca da fiel amante.
É paixão...
Noturna, a brisa prestativa, acode com o aparato de ar fresco. Sem sucesso. Desconexo. Surdina, desconhecida. Mal-entendida.
Gemidos abafados...
Intrometida, a janela escancara uma risada sarcástica. Um sorriso feliz, do cenário pervertido pela caricatura do amor. A cortina farfalha um aplauso estrepitoso.
Gritos e pilhérias docentes embebidos em suor...
Estressada, a cama reage com um indiscreto ranger de lágrimas. Choro irritado. Saltitando com pirraça pueril. Arremessando os lençóis e travesseiros...
Ah!!! ... Ahh!!!
A chuva fina traz o alívio refrescante. Afaga o calor escaldante. Enxágua as cinzas de furor e deixa o sono embalar a paz...
— Aiii!!! ... Amor! Tem um cão aqui...
— Calma, Sabrina! É um lobo poeta e se chama Guará.
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