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Cronicas-->QUINTA-FEIRA -- 28/10/2003 - 22:20 (Edson Campolina) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
QUINTA-FEIRA
Autor: Edson Campolina




Em algum lugar eu lera, ou ouvira, que o tempo propriamente ao qual nos referimos, é estático. O tempo não passa. Os nossos que já foram, as coisas que já não são mais, nós, os nossos e as coisas que ainda virão é que se passam. A passagem das coisas e das pessoas é que são contadas. As medidas de tempo que o homem criou contabiliza sua própria morte, o desaparecimento e esquecimento das coisas. Com isto não existe, para o tempo, o passado, o presente e o futuro. Nós e aquilo que criamos, ou destruímos, somos estes instantes. O universo é infinito e não pode ser medido. Medimos suas transformações, ora espontàneas, ora provocadas. O relógio pára, nós continuamos. Este tempo é um relógio cujo ponteiro nunca desceu nem subiu.

Imaginei então um riacho. Suas águas brotam do alto da colina ou das entranhas do charco. Sentemo-nos à sua beira para medir seu volume. Passaremos nossa vida lá, pois esta água retorna de algum ponto. Talvez do mar aos céus, dos céus à terra, da terra aos seus lençóis. Assim com nos ensinaram na escola. Isto explica um ciclo em que se completa, mas não se adiciona mais água. È um recurso esgotável, caso não cuidemos para que este ciclo se complete. Mas desconsidere tudo o que já sabemos que ocorre com nosso manancial doce. Esta água e seu ciclo são como o tempo, ao qual nós achamos que medimos, e que passa. Ledo engano! Os dias são os mesmos, criamos um calendário para contar nossa passagem por eles. Os mesmos dias continuarão, como elos numa corrente sem pontas, após nosso fim neste universo conhecido. Faça sol ou chuva, frio ou calor, serão os mesmos dias.

O ritmo acelerado que aquela quinta-feira me exigiria, lembrou-me deste conceito de tempo. O sentido de urgência das coisas e compromissos indicava o final da semana próximo. Pior ainda, o final da quinzena. Sentia que passaria pelo dia ocupado com as pequenas coisas pelas quais somos remunerados. Nossas grandes realizações nesta vida, durante os cinco dias dedicados ao laboro estariam em menor importància. Eu, você, nossos filhos, nossas esposas, nossos pais, nossos amigos, a árvore que plantamos, o livro que esquecemos, o entardecer daquele dia, o sol que nos brilha, a lua que nos afaga, as estrelas que nos seduzem, aquele passeio pela estrada arborizada, a chuva da qual corremos, o beijo, o abraço, a oração e tudo que nos faz humanos e parte da natureza virgem do ser.

Meu aprisionamento nesta sociedade reduzia tais pensamentos a ligeiros lampejos de filosofia. No mesmo minuto me colocava a traçar os afazeres, as metas e objetivos do dia. A repressão se automatizara no subconsciente a ponto de dominar o consciente. A semana seria uma troca. Uma barganha. Cinco de meus valiosos dias por rações de subsistência e o meu livre arbítrio nos dois dias restantes. Era um pequeno ciclo de minha passagem que chegava ao fim. Era a semana.

Na estrada o rastro marcado se alongava. Andava de costas e sem visão periférica. Rostos, carros, bichos, casas, semáforos, árvores, rios, nuvens e tudo que guardara na memória surgiam por trás de mim e sumia à minha frente. Só sei que era rápido, muito rápido.


fim



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