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Humor-->Crescimento Insustentável -- 18/08/2003 - 11:23 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O Espetáculo do Crescimento
(por domingos oliveira Medeiros)

O circo, há tempos, está sendo montado. Em todas as cidades deste país, o espetáculo é aguardado com interesse e ansiedade.

Barracas de lona e picadeiros já foram instalados. Palhaços, de todos os tipos, narizes vermelhos e roupas largas e coloridas, já foram convocados. Animais, domesticados e famintos, aguardam, enjaulados, o início das festividades.

A propaganda do circo já começou, faz tempo. E justo pelo principal ginasta do circo: o trapezista, que a todos assusta, com suas previsões e indecisões.

Entre um balanço e outro, lá no alto, o ginasta treina e promete alegrar a todos com o que chamou de maior espetáculo da terra: o espetáculo do crescimento sustentado. Que deveria começar pela distribuição de comida. E por cerca de dez milhões de novos empregos.

E a TV já se encarregou de fazer a sua parte. Entrevistou o seu artista principal. Que esbanjou otimismo. Sem falar nos riscos e nos prejuízos que uma queda, por mais pequena que fosse, da altura em que se balançam as promessas, poderá trazer para o circo e para os espectadores, de modo geral.

Enquanto esperam na fila para comprar o ingresso, o povo toma ciência da realidade dos fatos: o país está num beco sem saída. Precisa produzir bens e serviços, exportar muito mais do que tem feito até agora, mas os obstáculos são muitos.

A começar pelas nossas estradas. Em petição de miséria. Herança de governos passados. Que deixaram o circo na situação de penúria. Segundo dados divulgados pela mídia, mais de 78% de nossas estradas estão entre ruim e péssimo estado de conservação.

Enquanto nos EUA, à cada quilômetro de estrada, morrem cerca de sete pessoas, no Brasil, este índice chega a 213.

Países de dimensões continentais, como os EUA, China e Canadá, por exemplo, ainda segundo aqueles dados, têm registrado ótimos ganhos de produtividade, em face de os investimentos que fizeram em ferrovias - opção melhor adequada à geografia daqueles países -. Do lado do Brasil, que se iguala em termos de território, ao contrário, optou-se pelas rodovias, sem, no entanto, cuidar dos recursos adequados À sua manutenção. E enveredamos no sentido do atraso econômico. Sem falar nos portos de operação deficitária e nas hidrovias, sem recursos, também, para manutenção.

No organograma da Esplanada dos Ministérios, o da Fazenda continua sendo privilegiado, em detrimento das Pastas do Transportes e Minas e Energia. Dois órgãos, sem a eficiência e o concurso dos quais, não se pode pretender o crescimento sustentado. Sem rodovias e sem energia, nada feito.

E o governo não tem dinheiro para investimentos deste porte. O anterior, que privatizou todas as nossas empresas de infraestrutura, como as telecomunicações, energia elétrica, bancos estaduais de fomento, siderurgia e tantas outras; que aumentou impostos, não corrigiu salários dos servidores e nem a tabela do imposto de renda, durante oito anos, não deu noticias de onde aplicou o montante dos recursos arrecadados. E deixou o governo “apagado”. Sem luz no final do túnel.

E o governo atual, surpreendentemente, vem apostando na continuidade daquela política econômica suicida. Atrelada à subserviência ao capital estrangeiro. Ao dinheiro do FMI. Que é caro, e que, segundo consta, não pode ser “desviado” para os investimentos sociais ou produtivos. Dinheiro que se presta, tão-somente, à especulação financeira. Com parte da dívida amarrada às variações cambiais, a usura toma conta de aumentar a dívida. E ninguém faz nada.

O governo, ao invés de jogar duro com estes agiotas, prefere as soluções simplistas, como, por exemplo, o confisco dos aposentados. E tudo para cobrir os supostos rombos e abrir pequenos espaços para que os governadores possam dizer a que veio. Já que o dinheiro do FMI não serve para nossos propósitos de crescimento sustentado.

E, assim, aposta-se na “reforma” da Previdência; que de reforma, na acepção ampla do termo, não tem nada. E nem trará justiça social, como diz o nosso trapezista. Posto que aumentou-se o teto para os empregados da iniciativa privada, e baixou o dos servidores públicos. Sendo que, o FGTS, benefício maior que se leva quando da aposentadoria, não foi estendido aos servidores públicos. Dois pesos e duas medidas. E o “privilégio” mudou de lugar.

E os banqueiros continuam a faturar alto. Cobrando juros de 12% em suas atividades. Enquanto os escândalos pipocam. Os que roubaram a Previdência não estão presos. E nem devolveram um tostão furado. Idem, em relação aos sonegadores. Idem, em relação aos devedores, em atraso. Como é o caso, por exemplo, da Vale do Rio Doce, que obteve um lucro de R$1 bilhão e deve R$22 milhões à Previdência; e da Petrobrás, que faturou R$ 8 bilhões, e deve R$116 milhões, aproximadamente.

E tem o próprio governo, que não tem colaborado com a parte que lhe toca neste “latifúndio”. E mais os imóveis do INSS, que poderiam ser leiloados e gerar novas receitas.

A conclusão que se chega é que o espetáculo, para ser sustentado, deveria começar pela renegociação da dívida, junto ao FMI. Que não se sabe, até agora, a que veio. E que tipo de “ajuda” tem emprestado ao desenvolvimento de nosso país.

Mas, senhoras e senhores. Respeitável público. Vamos começar mais um espetáculo. Espero que a lona resista até o final. E que as feras não rompam as grades e comam o dono do circo.


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