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cronicas-->QUARTA-FEIRA -- 27/10/2003 - 09:20 (Edson Campolina) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
QUARTA-FEIRA
Autor: Edson Campolina


Acima da serra do Dedo-de-Deus, o céu começava a subir num tom laranja que clareava logo para o branco que se transformava em azul de várias tonalidades. Não tinha nuvens. Abaixo de mim o verde das jaqueiras, dos bambuzais, dos abacateiros e árvores da mata atlàntica agradeciam os dias chuvosos refletindo o verde vivaz de suas folhas. Uma brisa acelerada e refrescante vinda da baía agitava os pêlos do meu corpo nu, na janela. Parecia que me acariciava, agradecida. Os cantos dos pássaros acordavam a fauna. Na ponte, vistos ao longe, os carros parecidos formigas, já se movimentavam. Dava meu bom-dia àquela quarta-feira. Sempre acordava às quartas-feiras lembrando Paulo Mendes Campos. Decidi usar um terno verde. O deslumbre daquela aurora merecia uma homenagem.

A água fresca da ducha parecia acordar meus neurónios. Assim como a água escorria pelo corpo o sangue fluía nas veias e artérias. Na motivação dos compromissos já assumidos para aquela semana, a ordem do dia era tratada em meio a sabão e água. Os comandos à equipe, uma mensagem eletrónica e outra, os clientes a serem recepcionados, as demandas passadas ainda não atendidas, pauta para reuniões. No isolamento do banho sempre tivera boas idéias. Definitivamente a semana estava em curso e a seu todo vapor.

O chão da varanda tremia com o passar do bonde. O sino-de-vento mantinha viva na memória a brisa soprando. Na cadeira de junco prestava uma leitura dinàmica do jornal, dividindo a atenção com minha filha que tentava imitar o canto dos pássaros. Seria perfeito se estive me preparando para a labuta no campo, convivendo com um ambiente natural e selvagem por todo o dia, sem, necessariamente com isto, perder o contato com este mundo metropolitano. Como seria mais tranquilo o desenvolvimento de minha filha!? Como seria mais constante meu humor!? Quanto tempo teríamos mais para convivermos como família!? Teríamos relações interpessoais também durante a semana, em casa.

A quarta-feira transcorreu como esperada, mas não como programada. Nunca conseguira executar o planejamento de um dia como fora imaginado. Boas ou más surpresas sempre obrigavam a um desvio, às vezes até esticando o dia, como naquele. Mal pude sentir o sol. Chequei a tremer dentro do ambiente fechado com ar condicionado. E já era noite quando saí. O burburinho da rua marcava o fim do dia para uns e o início da noite para outros. Para mim era o fim do dia. O cansaço psicológico apressava meus passos em direção ao ónibus. Não me importava com o trànsito, o importante é que retornava à minha ilha neste mar de pedras, cimento, asfalto e máquinas, deixando para trás mais um dia vendido e me aproximando dos meus verdadeiros dias úteis.

Fim.


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