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Cronicas-->TERÇA-FEIRA -- 27/10/2003 - 09:18 (Edson Campolina) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TERÇA-FEIRA
Autor: Edson Campolina


A promessa do dia contrastava com a manhã do dia anterior. O sol já brilhava nas primeiras horas da manhã com uma, ainda, primaveril brisa. Definitivamente reconhecia o início da semana. Tudo se movimentava de maneira frenética como em toda metrópole. Bondes, carros, os apitos do porto, das fábricas. Do alto do prédio, numa panoràmica pela cidade maravilhosa, um pouco enfumaçada no horizonte da baixada, observava o inferno de concreto que me aguardava. Antes não podia deixar de admirar a montanha do Dedo-de-Deus, a ponte Rio-Niterói, o pouco de Mata Atlàntica abaixo de mim, reconhecendo a gratuidade do espetáculo que para muitos é despercebido.

Logo os clientes já me abordavam com suas necessidades. A gentileza é sempre mais expontànea no início da jornada, até uma abertura para futilidades é concedida. O ritmo ainda é lento. A sensação é de que inúmeros e cansativos dias ainda enfrentarei até o próximo descanso. O sol incomoda lá fora, não é recomendável admirá-lo, sob pena de me frustrar com o aprisionamento do trabalho. Nesta hora volto a questionar o preço de meu ócio. Lembro ter lido sobre a importància do ócio para os grandes pensadores gregos. Mas eles se sustentavam de outra forma. Melhor então era me concentrar na maçante rotina até que tivesse a coragem suficiente para uma reviravolta.

A confusão mental me levava ao isolamento no almoço. Preferi não pensar em nada, me alimentar e passar o tempo ocupado. Sabia que os problemas comunitários, familiares e corporativos seriam indigestos e esgotariam meu pouco humor. Na verdade gosto de ficar sozinho nos esparsos momentos que me sobram. Pensar sempre foi uma atividade cultuada por min. E alguns ainda me perguntavam se não estava fazendo nada!

Em Minas sempre ouvia que os Baianos não abriam mão de uma soneca após o almoço, eram preguiçosos e os Cariocas, malandros, preferiam ao chope e a praia. Agora sei que como qualquer outro brasileiro o carioca trabalha. Mas não dá para negar que a cidade foi esculpida pela natureza com o propósito de curti-la. Talvez até esteja me tornando um carioca em pensar assim, mas me sentiria igualmente agraciado com as montanhas mineiras sendo contempladas do alto de um vale sob a sombra fresca de um jacarandá e um crepúsculo no horizonte avermelhado.

Já me fartava aquela rotina. Melhor esquecer e justificar o pró-labore do sistema capitalista "urbano".

fim
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