Acende a fogueira, o João nasceu
mandou avisar a prima de Maria
e, depois de seis meses acendeu
a sua fogueira pois, Jesus nascia.
Ele trazia o evangelho do Senhor
falando de justiça, fé, paz e amor
no mundo novo que agora surgia.
A fogueira entre os camponeses
no solstício era uma prática festiva
que em rituais agrícolas, às vezes
até defloravam uma terra castiça.
Por vezes foi sinônimo de perdição
até um dia se tornar de purificação
salvando a alma que ficou postiça.
No Brasil, logo nos primeiros dias
os índios, festeiros de novidades
adotaram a fogueira com alegria
nas festas que muito caraíba arde
pois gostavam que seus folguedos
fossem sérios e não de brinquedos
pois que eram índios de verdade.
Quando chegou a Corte portuguesa
em 1808, com o rei de Portugal,
trouxe festividades com certeza;
hábito que na Europa era normal
e que por aqui foram logo aceitos
como as festas juninas com efeito
que se festejavam até no carnaval.
Era a nobreza com seu desfrute
animando saraus de fogos colorido
que até Dom Pedro dava o chute
na estréia dos bailes concorridos.
Quando a República foi inaugurada
as festas foram sendo minguadas
até o brilho ficar desaparecido.
Depois, no início da era industrial
as cidades até que recuperaram
o hábito já antigo e muito legal
das festas juninas que festejavam.
Agora com algumas modificações
sem alterar fogueiras, com balões,
pedidos aos santos que rezavam.
Modificação foi chamar de festa caipira
as juninas que ocorriam nas cidades.
Se eram urbanas, ser roça é mentira
ou se bancar o capiau é inverdade.
O povo da cidade que veio da roça
gostava era de brincadeira e troça
dando a mitos e lendas, veracidade.
Armando gambiarras e as bandeiras
que representam o santo de devoção,
pois as luzes formam as clareiras
de S. Pedro, Santo Antonio e S. João.
O nosso arraial na cidade de Caxias
era tão bom que nos traz nostalgia
e, da fogueira, aproveitamos o clarão.
Uma cidade com tantas influências
dos nordestinos, capixabas e mineiros
tomou até do europeu esta tendência
do alemão e dos portugueses, primeiros.
Desde Dom João e outras mais etnias
como outros conterrâneos na alegria
fizeram um arraial bom e verdadeiro.
Já nos tempos do Zizinho e do João,
festeiros de Carapebus e da Bahia
que arraial de rua era “Trem Bão”;
e no “Anarriê” começava a alegria
no Centro, no Parque Felicidade,
Engenho do Porto e por toda cidade
onde gente dispostas e alegres, havia.
Nas escolas, estava na grade escolar
com direito a uma pontuação estrelada
também na escola Regional, exemplar
até na área da recreação aplicada.
E, na Catedral de Santo Antônio, havia
uma festa com tanto esmero e alegria
que o sino cantava em suas badaladas.
Eram as festas juninas ritos amorosos
na pureza das peras, uvas ou maçãs
e nos gestos de colegiais carinhosos
ainda projetos saborosos de amanhãs.
No Instituto, Aquino, Duque de Caxias,
Primavera, Cruzeiro e no Ana Maria
elas haviam como nas escolas irmãs.
Pula fogueira Ioiô, pula fogueira Iaiá
o balão do Belém já aceso vai subir
enquanto o Recreativo vai fogueirar
o Clube dos Quinhentos vai admitir
não pode faltar milho nem quentão
pra Antonio, pra Pedro e pra João
que na cidade os balões já vão cair.
Antonio ia casar com a filha de João
mas Pedro fugiu com a noiva na hora.
Depois da fogueira acesa no coração
pegou a princesa na mão e foi embora.
Quando o talho na bananeira mostrou
que Pedro seria um marido carinhoso
sinhazinha foi sem nem fazer prosa.
Noites da sorte de quem não casou
dependia da fé nos casamenteiros,
simpatias da lua, caju que murchou.
O corte da bananeira era o sinaleiro
das boas graças a uma boa união,
da conta bancária com um coração
desejoso de um amor verdadeiro.
Nas quadrilhas dos tempos antigos,
xadrez era as camisas dos cavalheiros,
as saias eram rodadas e não era castigo,
cadeia era bambu e folhas de coqueiro.
E delegado só prendia os noivos fujões,
a beleza de noiva encantava corações
e o padre, esse sim, era o mais festeiro.
A professora Marta Rossi era a tal
desde os tempos que ela organizava
as festas do nosso colégio Regional
onde ela mesmo que sempre animava
como na quadrilha da terceira idade
que tem representado a nossa cidade
que não cansa, como nunca cansava.
Na gestão do secretário de cultura
Stelio Lacerda e do Prefeito Moacir
o erário municipal financiava à altura
as manifestações culturais por aqui.
Das muitas artes plásticas, musicadas
dos livros, teatro e as embandeiradas
que eram botões prontos para florir.
No CAP, Clube Recreativo da cidade
eram os festivais mais importantes
com quadrilhas de muita majestade
que brilhavam mais que diamantes.
Nos clubes Itapemirim e Oriental
E, em Xerém, o da Fábrica Nacional
eram quadrilhas alegres e elegantes.
Até outros municípios apresentavam
quadrilhas muito bem ornamentadas
com caipiras luxuosas que encenavam
todas as fases que eram apresentadas
como no caminho da roça, o “avancê”,
no olha a cobra, é mentira! o “anarriê”,
que deixavam toda platéia encantada.
Ao sinal de cumprimentar as damas
os cavalheiros antes cumprimentados
no balanço mantendo acesa a chama
vão de par a par nos passos trocados
fazendo o caracol a caminho da roça,
na fila formando túnel sem fazer troça
que na quadrilha o pulo é organizado.
A quadra do CAP, clube recreativo
foi das quadrilhas um palco maior
seus festivais foram competitivos
como no futebol, seu interesse mor.
Havia nas escolas e associações
e até nas particulares instituições
festas juninas a soletrar de cor.
Eram festas em todos os distritos,
bairros e ruas que davam condições
para um arraial com os amigos
em volta da fogueira, em clarões
dos fogos emoldurando a alegria
as guloseimas dessa gastronomia
que se molhavam com quentões.
Hoje, já não se deve soltar balões
que além de perigosos, bonito é o luar,
é o coração iluminando de emoções
os que só querem a vida consagrar.
Salve! Santo Antônio, nosso padroeiro
Salve! São João, salve! São Pedro.
Salve as pessoas de bem deste lugar.
