*Desperdício*
Nos olhos famintos da dor
Da fome que assola o mundo
Quantas mesas fartas de cor
Num banquete em segundo
Traga o lixão ao seu sabor
Na terra suja e moribunda
Quinhentos pares de sapatos
No outro a sina do pé no chão
Vestidos caros em aparatos
Jóias luzem pescoço e mão
Na miçanga os olhos fartos
No chitão veste-se o povão
Vive assim a humanidade
Uns desperdiçam excesso
Outros imploram caridade
Vivendo o mesmo processo
Uns desperdiçam felicidade
Outros nunca levam sucesso
No desperdício da mente!
Há! Quanta gente é inútil
Faz da vida um dissolvente
Da felicidade tempo fútil
É tão bom viver contente
Vele mais amar e ser útil
Sem água não viveremos
Façamos dela líquido puro
Sem amor feneceremos
Não desperdicemos, juro
Que do abraço merecemos
Sem desperdício asseguro
SoniaNogueira
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