Sou como a sombra, vou sempre sozinho,
Caminho assim bem perto, mas oposto
À luz que direciona o meu caminho
E à claridade que me traz desgosto.
Na parede, sem pétalas e espinhos,
Entre a dor e a saudade, resto posto
Como o torto contorno de algum vinho
E a silhueta informe de algum rosto.
Sou como a sombra, lúgubre retrato
Da forma que me serve de aparato
À luz que me persegue e que me cresta.
Sou como a sombra, a essência do reverso.;
Nada existe sem tê-la no universo
E, ao final, é somente o que se resta.;
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