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Cronicas-->A Saga da Rua do Fio -- 22/10/2003 - 09:55 ( Alberto Amoêdo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
No meio do nada, entre os trilhos ultrapassados, o rio do galo e uma imensidão de ressaca chegou à primeira família.
Da primeira a última casa, foram se assentando vontades.Cada um com uma história, cada qual com a sua aventura, suas dificuldades e suas fantasias.
O tempo não repousa, bem como as mãos daquelas nobres pessoas...calejadas, suadas, maltratadas, mas incansáveis na construção de seus objetivos.
Naquele inicio, o país passava por dificuldades morais, de conflitos desiguais, sob o pseudónimo de ameaças nacionais.
O povo todo acolhia calado, o que recebia e o que aceitava. Todo mundo via, mas todos, nem se consumiam com aquilo que não entendiam.
As nossas famílias, em sua maioria vieram do interior, seja do Norte ou do Sul, seja do Centro ou de outro Estado. E em sua maioria recebiam salários, ou viviam, no sub mundo dos empregados.
Nem todos completaram os seus estudos, alguns ainda rudes, mas de muito amor e vigor pra da terra bruta tirar o seu sustento e erguer contento a sua tão sagrada família.
Os anos passaram, ergueram-se estivas por todo o gapó e aos poucos as lamparinas foram ficando obsoletas; ao poucos foram unindo-se aos desiguais.
Aterrando, aterrando, esses homens, negros, mulatos, caboclos do laço e aquelas, nossas mães guerreiras construíram, com as suas mãos a rua, que o governo só fez prometer e nada mais.
Pra quem só via pelos jornais, ou quando passava nas janelas dos veículos, dizia que ali, era o fim, se não o inferno. Contudo, nós que fazemos parte dessa realidade, com orgulho podemos dizer que somos uma sociedade.
É verdade ali, nunca foi o céu, tão pouco o Éden, mas o que importa com certeza, adjacente a falta de luz, de água e de tantas e tantas outras necessidades. Enfim, as dificuldades que cada um dali tem vencido, vale ressaltar o progresso até o momento acontecido. Vale ressaltar a história que cada pai, mãe e filho tem vivido.
As nossas casas são modestas, assistem a alternància da vida e a evolução da cidade, que vem do centro, paulatinamente nos expulsar pra outra localidade, erguendo no lugar arranha-céus de saudades.
Ali, a vida era difícil, quantas famílias não enfrentaram os vícios sociais. Mas cada qual, insiste na vida, por cada religião vivida, por cada ideal a construir, ainda que o sistema diga não.
A infància urbana, muitas vezes embalada, pela ordem dos nossos pais, contracenava com a violência adulta da falta de organização governamental e de uns poucos, programas culturais, assomado à índole de uns que influenciavam na maioria.
Nos anos oitenta, a adolescência surgia junto à rebeldia do rock nacional, e mesmo sob o regime militar, conseguimos enxergar as mudanças e as diretas já. Conseguimos a liberdade pra expressar os nossos pensamentos. Talvez por isso, ao sereno de tantas luas, a voz de tantas histórias, bem no meio de tanta miséria, conseguimos construir a luz de tantas boas amizades.
Somos o que conseguimos ser...fomos os aniversariantes, fomos os natais, de tantos anos novos, campeões do mundo, presidentes, governadores, vagabundos, crianças, estudantes, preconceituosos, sonhadores, sobreviventes, doutores e senhores. Fomos o mundo, dentro dessa realidade nua e crua. Na verdade somos vencedores., somos o país, os pés e as mãos desse nosso Estado.
Não temos tudo, talvez nem todos estejam empregados, quem sabe até encontremos alguém angustiado, mas de todos os males, de todas as desigualdades dessa sociedade mista, dessas injustiças, sem praças ou bandeiras, quantas e quantas vezes conseguimos rir de mãos dadas. Ser feliz por um ou dois segundos, fazendo alguém, que estava triste ser rei, ou ser o dono da festa.
Nesse nosso imenso lar, cujo pseudónimo, diante das mazelas, é um coração materno, vale lembrar das dores que juntos dividimos, quando um amigo morre atropelado, quando um amigo morre no quartel, quando um morre afogado, quando tantos outros adoeceram ou deixaram todos nós preocupados. Ainda assim, nos restam forças pra ensinar aos nossos filhos, que aqui nesse túnel, onde moças e rapazes, amigos meus, talvez sem lugares nos planos governamentais, talvez sem espaços sociais, são como eu vencedores dessa guerra urbana, dessa constante, muitas das vezes, desumana, surrealista vida imensamente cabana.
A bem do que existe, entender que os que estão longe daí, divulgam os valores que com cada um se aprendeu. Talvez por isso, bem como eu haja em nosso recinto aquela mistura fascinante, de amor e ódio.
Essa nossa casa, é tão rica, tão cheia de valores, de tantos amores, mas às vezes falta, despertar a consciência, deixar de lado as diferenças e darmo-nos as mãos outra vez. Impulsionando aquilo que os nossos pais sempre, até hoje se propuseram a fazer pra reconstruir, esse nosso mundo, esse nosso futuro, que envolvem os nossos descendentes.
Essa nossa rua do fio, poderia ter tantos outros nomes: António Guedes, Marivaldo, Jercivaldo e tantos outros, como os nossos pais.
Pra quem pensa diferente, é normal, pois todos devem ter as suas opiniões, suas decisões. Contudo o fato certo, é que a rua do fio, no velho Telégrafo, apesar das desavenças, da atual insegurança, da contínua falta de respeito dos governantes para com o nosso povo, temos as nossas histórias, como amigos, com pioneiros, como homens de bem e como vizinhos, por isso, meu amigo, seja você quem for, trate todos dessa casa com carinho.
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