Usina de Letras
Usina de Letras
139 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62219 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10362)

Erótico (13569)

Frases (50614)

Humor (20031)

Infantil (5431)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140800)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6189)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->João Sebastião Barros -- 20/10/2003 - 00:38 (Carlos Eduardo Canhameiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
João Sebastião Barros

Carlos Canhameiro

Ele nasceu e cresceu numa cidade periférica a uma grande metrópole. Estava desde criança a margem das coisas. Não poderia ser diferente, era um ser medíocre, e como tal, não vamos nos ater a infància, a adolescência, maturidade... sinceramente, vamos direto para um salto temporal, focar nosso herói com exatos trinta e dois anos. A idade nada tem de especial, porque, esse personagem não foi criado para isso. Trinta e dois não passa de um número que surgiu do nada, e, a vida própria de João Sebastião Barros se encerra no toque, dos dedos do autor, no teclado. Vejamos o que pensa esse ser, vamos dar espaço para os pensamentos desse ser pouco dotado de inteligência.
- Eu sou João Sebastião Barros. Tenho trinta e dois anos. Olho para minha vida e vejo que eles não têm grandes significados e que não realizei nada do que sonhei. Enfim, sou uma pessoa de poucos talentos... Mas como não serei assim se meu criador quis que eu fosse dessa forma.
Leitor, estou diante do impasse maior ao criar: como fazer seres autónomos? Sei que isso não é um problema para você, que espera passivamente por personagens coerentes, lógicos (claro que dentro da estrutura proposta) e que, de preferência, não tenha as idéias do autor sublinhada em cada linha. Para você é bem fácil esperar e ler enquanto quem tem de brincar de deus sou eu.
- Mamãe me dizia que Deus criou todas as coisas e minha avó tinha uma santa que carregava a Terra nas mãos. Ela sempre repetia: Barros, se o planeta cair da mão da santa, o mundo está perdido. Minha avó me ensinou muitas coisas, só se esqueceu de me ensinar o que era uma metáfora.
Pelo visto João Sebastião teve uma infància parecida com a minha. Mas as coincidências devem parar por aqui. O personagem deve seguir rumo próprio. - Trabalho hoje no Banco do Brasil, sei que não é grande coisa, mas pelo menos é garantido. Minha mãe diz que a aposentadoria é uma segurança e também que não trabalho de sábado.
Bem, contradizendo o que afirmei acima, talvez exista alguma passagem interessante na adolescência do nosso herói. Nesse momento poderia retornar as linhas acima e reescrever o parágrafo, para manter uma certa coerência, mas não. O que está feito está feito. Narrarei o episódio:
Barros tinha dezesseis anos e, devido a sua incapacidade de lidar com garotas - Dei meu primeiro beijo quando tinha vinte e um anos - resolveu, num plano estúpido (é necessário um julgamento de valor neste caso), molestar uma vizinha de 11 anos. Bem, não relatarei o plano, pense que se tratava de um adolescente tímido e sem muita perspicácia. Resumindo, tudo deu errado. A menina era mais assanhada do ele previra, e o que era para ser um estupro terminou numa brochada que lhe rendeu uma bofetada na cara.
- Amo a minha noiva, tenho imenso respeito por ela. Vou casar virgem, porque decidi assim, quando tinha dezesseis anos. Luana, a minha noiva, acha o máximo, mas sempre diz que poderíamos "agir" antes do casamento - Na verdade, a noiva não aguentou ficar tanto tempo sem sexo, e, numa atitude que não seria condenada num homem, buscou sua satisfação com "amigos" que conheceu pela internet.
O que me preocupa nesse momento é como terminar um texto que já se perdeu em sua coerência. Talvez com um desfecho edificante, ou uma frase de efeito. A reviravolta sempre me pareceu uma opção certeira. Mas, relendo identifiquei que talvez você não saiba sobre o que eu quis dizer. Vamos a um resumo:
João Sebastião Barros é um medíocre. Viveu sua vida toda em frustrações e pequenas realizações que não significaram nada para ninguém. Estudou, se formou, conseguiu um emprego no Banco do Brasil, casou-se - Larguei Luana porque percebi que minha virgindade era muito para ela. Casei-me seis meses depois com Patrícia (um pouco de auto-referência) e descobri que esperei tempo demais -, teve dois filhos, aposentou-se como gostaria a mãe e hoje espera a morte sem nenhum tipo de apego a vida. Relembra episódios da sua existência, esses cotidianos, como uma professora com seios fartos que dava aula de Educação Moral e Cívica ou o dia em que foi até a Basílica de Nossa Senhora Aparecida. Essa história que inventei descaradamente, cujo homem não significou nada para leitor algum, teve um porque...
- Sabe, hoje vejo meus filhos, já casados e me pergunto: será que não somos todos criação da cabeça de um desocupado? E se formos, podemos agir como quisermos? Eu vivi e estou satisfeito...
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui